31 de março de 2019 – 4º Domingo da Quaresma – Ano C

A nota comum às três leituras deste domingo, é o amor do Pai, que salva aqueles que o procuram.
Salva o povo israelita do cativeiro, porque o ama, e porque, apesar das suas fraquezas e desânimos, ao longo da travessia do deserto, esse mesmo povo se vai mantendo fiel. Salva cada um de nós, apesar das quedas e fracassos, se O procurarmos, com o desejo sincero de reconciliação.
A parábola que ouvimos é rica em imagens que nos ajudam a conhecer quem somos e a descobrir quem é o Deus que nos salva.
Através das três personagens que nela intervêm, o que quererá Jesus revelar-nos, e como nos interpela Ele…hoje?
Aquele pai que sofre, sem dúvida, com a decisão tomada pelo filho mais novo de se afastar de casa, mas não o impede de o fazer; que espera, com paciência, que o filho regresse por sua vontade; que tudo perdoa e se alegra no instante em que ele dá o primeiro passo para o reencontro; este pai é uma imagem – ainda imperfeita, porque apenas humana- do Pai que temos nos céus. Ele, o Deus omnipotente, criou-nos para que vivêssemos em comunhão com Ele, na vida, para um dia habitarmos na Sua morada. Mas deixa que cada um escolha o seu próprio caminho, que decida aderir a Ele, ou afastar-se d’Ele. Deixa-nos livres, mas responsáveis pelas escolhas que fazemos. E perdoa aos que reconhecem os seus erros, porque nos ama, com amor infinito.
Seria bem diferente a nossa vida, e o mundo à nossa volta, se procurássemos identificar-nos com este Pai – que nos criou à Sua semelhança e nos quer Seus filhos, semelhantes a Ele- na medida das nossas capacidades e dos nossos limites. Talvez seja o momento de nos interrogarmos sobre a «qualidade» do nosso amor. Será ele capaz de «sobreviver» a uma injustiça, uma ingratidão, à indiferença de quem considerávamos amigo? Continuaremos a amar quem nos magoou com as suas atitudes – um filho, um familiar, um amigo? Ou deixar-nos-emos invadir pelo ressentimento que nos impede de perdoar?
Se, por vezes, nos custa tanto perdoar, é porque ainda são sabemos amar verdadeiramente. E então não será difícil identificarmo-nos com o filho mais velho da parábola. Também ele não tinha ainda aprendido a amar. Cumpria os seus deveres por obrigação, servia o pai por dever, mas não comungava com ele na vida. Não partilhou a sua angústia, quando o irmão mais novo se afastou; como não partilhou a alegria do pai, quando o irmão regressou a casa.
É que o amor verdadeiro revela-se na comunhão de vida. Deus ama-nos assim: chamando-nos a partilhar da Sua vida, a vida da graça, e partilhando a nossa, ao assumir, em Jesus, a nossa humanidade.
Todos nós desempenhámos já o papel do filho mais novo – ressentidos, porque as «nossas» virtudes não são devidamente apreciadas- mas também … quantas vezes! O do filho mais novo. Ele toma a decisão de se afastar do pai e viver uma falsa e aparente liberdade. Falsa e aparente, porque ao pensar apenas em satisfazer o seu prazer, ele se torna escravo de si mesmo. E uma liberdade falsa traz, mais tarde ou mais cedo, a desilusão. O filho pródigo sentiu-a; mas teve a coragem de reconhecer o seu erro, e acreditar no amor do pai. Por isso regressou a casa, com a esperança de ser acolhido de novo.
A parábola repete-se, com cada um de nós no lugar deste filho. A todo o momento temos de optar entre a nossa vontade e a de Deus, entre os nossos critérios e os d’Ele. Acontece nas coisas mais simples do dia-a-dia – no trabalho, na escola, na família, no descanso e divertimento. Pecamos, quando conscientemente rejeitamos a vontade de Deus e voluntariamente nos afastamos d’Ele. O pecado é sempre um «corte de relação» – da nossa relação com Deus que é fonte de vida e nos faz felizes.
Para este afastamento só há um remédio: a reconciliação. Procura-la é um ato de liberdade, que supõe o reconhecimento do pecado e a vontade de reencontrar nessa «corrente de amor» que nos une ao Pai.

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