Jesus Ressuscitado terminou, com a Ascensão gloriosa, a Sua presença visível na terra, mas antes prometeu-nos: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.»
Ele está presente de muitos modos e continua a ensinar-nos o caminho do Céu e a administrar-nos o Sacramentos – fontes de graça – por meio dos Seus sacerdotes. Em cada um deles está presente para nos anunciar o Evangelho, perdoar os pecados e consagrar o pão e o vinho para Se nos dar na Sagrada Comunhão.
Hoje a Igreja inteira levanta as mãos e o olhar ao Céu, pedindo que muitos jovens se ofereçam ao Bom Pastor para serem Seus sacerdotes, instrumentos da Sua ação salvadora.
- Jesus, o Enviado do Pai
Jesus, o Messias prometido. «No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: “Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes”.»
No Seu projeto de salvação da humanidade escravizada pelo pecado original ocupava o centro o envio de um Libertador – o Messias – e a constituição de uma família dos filhos de Deus –a Igreja – que se encontra, até ao fim do mundo, em três estádios: na terra, em purificação e na felicidade definitiva e eterna do Céu.
Este Redentor foi prometido aos Patriarcas e anunciado pelos Profetas do Antigo Testamento. Ele viria fundar um Reino imortal, inaugurando uma era de paz e prosperidade.
Quando Deus prometeu a Abraão que o tornaria pai de um povo mais numeroso que as estrelas do Céu, anunciava a Igreja de Jesus Cristo a que temos a felicidade de pertencer. Prometeu a David que o seu reino – a sua família real – não teria limites de tempo nem de fronteiras, estava a prometer-lhe que um dos seus descendentes – Jesus Cristo – reinaria para sempre na Sua Igreja.
No tempo em que Jesus nasceu havia uma grande expectativa em todo o mundo, e o poeta latino Virgílio anunciava o nascimento de um menino que inauguraria uma idade de ouro.
Depois do nascimento de Jesus em Belém, um Anjo anunciou aos Pastores a grande notícia: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor.»
Os Magos vieram de terras distantes para O adorar e oferecer-lhes presentes. Herodes pensou que se tratava de um rei temporal que o vinha substituir e tentou matá-l’O.
A esperança do Messias no povo judeu, entretanto, tinha-se deformado. Em vez de um libertador do pecado e de um reino espiritual, instrumento de salvação universal, começaram a sonhar com a restauração do prestígio de Israel no tempo do rei David e de seu filho Salomão. Mas um “pequeno resto” acalentava a esperança verdadeira. Assim o entendiam o santo velho Simeão e a profetiza Ana, filha de Fanuel.
Quando Jesus começou a vida pública e anunciou um reino espiritual no qual se entraria pelo Baptismo e para ele se exigia a conversão pessoal, as pessoas dividiram-se. A inveja e a falta de fé levou os israelitas a darem a morte ao Filho de Deus.
Pouco antes da Ascensão de Jesus ao Céu, os Apóstolos continuavam a sonhar com a restauração do reino temporal de Israel, e perguntavam a Jesus: “É agora que vais restaurar o reino de Israel?” Mas depois de terem recebido o Espírito Santo, entenderam o projeto de Jesus e entregaram-se a ele, até à morte.
- Jesus Cristo, o Bom Pastor
Jesus Cristo explica-nos, no Evangelho, a natureza da Sua missão, pela parábola do Bom Pastor.
Enviado pelo Pai. «Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas.»
Para compreendermos a figura usada por Jesus de “entrar pela porta”, precisamos de ler e meditar o que Ele diz mais adiante: «Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem.»
Entrar pela porta – Jesus Cristo, comporta diversas exigências:
- Ser chamado por Ele. Para perpetuar a sua ação de Bom Pastor da Sua Igreja – o rebanho que o Pai Lhe confiou –, no tempo e no espaço, Jesus constituiu a todo os cristãos pastores e ovelhas do seu rebanho. Todos os fiéis participam no tríplice múnus de Cristo – Sacerdote, Profeta e Rei – embora cada um deva exercê-los de acordo com a vocação recebida. Ninguém pode arrogar-se a missão de bom pastor do rebanho de Cristo sem ser chamado pelo único Bom Pastor.
De entre todos os fiéis, Jesus Cristo chama alguns para Lhe proporcionarem uma presença visível no meio do rebanho. S. João Paulo II gostava de dizer que o sacerdote “impersona” Cristo, dá-Lhe visibilidade, porque Lhe cede a sua voz, o rosto, as mãos, os pés, a inteligência e o coração.
É Ele quem escolhe estes colaboradores e entrega-os à Igreja para que os prepare o melhor possível nos seminários.
- Viver na intimidade com Ele. O sacerdote não é um funcionário da Igreja, mas um amigo de Cristo. Jesus dizia aos Doze: «Já não vos chamo servos, mas amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de Meu Pai.»
Para caminhar na intimidade com o Mestre, o sacerdote precisa das orações de todos. Foi uma constante dos santos a compreensão da necessidade de rezar e ajudar os sacerdotes: Santa Catarina de Sena, Beata Alexandrina de Balasar e Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Imaculado Coração de Maria…
- Conformar-se com as Suas intenções e vida. O sacerdote vive numa tensão constante de imitar o Mestre em cada passo da sua vida, mas vê-se constantemente a uma distância infinita deste ideal.
Estamos sempre à espera de ver no sacerdote uma imagem fiel de Jesus Cristo e ficamos desanimados e até escandalizados quando isto não acontece. A verdade é que haverá sempre uma distância infinita entre o homem e Deus.
Não lhe peçais perfeição, mas coerência, isto é, que faça um esforço sincero para ele mesmo pôr em prática aquilo que anuncia em nome de Jesus.
O dom do celibato apostólico para uma dedicação plena, não apenas de tempo, mas ainda de coração virginal, é uma riqueza da Igreja.