29 de janeiro de 2023 – 4º Domingo do Tempo Comum – Ano A

  1. A verdadeira liberdade

Os sinais do caminho. «Procurai o Senhor, vós todos os humildes da terra, que obedeceis aos seus mandamentos. Procurai a justiça, procurai a humildade; talvez encontreis protecção no dia da ira do Senhor

Para seguirmos da vida presente até ao Céu – à eternidade feliz – temos necessidade de seguir com perseverança um caminho.

  • Os sinais trocados. Imediatamente a seguir ao fim da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética impôs o regime comunista a todas as nações que com ela faziam fronteira, formando, deste modo, um escudo protector.

Em 2 de Janeiro de 1968, Alexander Dubcek ascendeu ao poder e empreendeu uma série de reformas que ficaram conhecidas como a Primavera de Praga. Pretendia, gradualmente, restituir ao povo as liberdades que o comunismo lhe tinha roubado.

Mas a União Soviética não estava disposta a perder esta “colónia” e em 21 de Agosto invadiu a Checoslováquia com muitos milhares de soldados e tanques que escravizaram de novo a nação.

Num último esforço para retardar a chegada das tropas, o povo da infeliz nação virou as placas de sinalização para outros sentidos, de modo que as tropas, num primeiro momento, andaram às voltas, sem conseguirem chegar à cidade de Praga, a capital do país mártir.

O demónio usa frequentemente para connosco este engano, trocando os sinais que nos apontam o caminho do Céu.

Deste modo, consegue confundir-nos e enganar-nos, desviando-nos do caminho de Deus e fazendo-nos chegar a um destino errado.

  • O verdadeiro caminho. Deus gravou no coração de cada pessoa humana a Sua Lei, promulgou os Dez Mandamentos no Sinai e foi-nos lembrando o caminho verdadeiro de libertação, pelos Patriarcas, profetas e Apóstolos de todos os tempos.

Cada um dos Mandamentos é um caminho de conquista da verdadeira liberdade e do nosso equilíbrio humano e sobrenatural.

As bem-aventuranças são sinais dados por Jesus Cristo que nos guiam na procura da verdadeira liberdade.

 

Identidade do cristão. «Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde, que buscará refúgio no nome do Senhor

A sociedade em que vivemos enche-nos os bolsos de cartões: de identidade, de condução, de multibanco, de finanças, de diversas filiações politicas, desportivas e culturais. Vivemos na era dos cartões.

Podemos perguntar também: qual é o bilhete de identidade do verdadeiro cristão, do discípulo de Cristo?

A primeira vez que os seguidores de Jesus foram chamados cristãos, aconteceu na cidade de Antioquia (Atos dos Apóstolos 11,16).

Podemos identificá-los pelos ensinamentos da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja. O profeta Sofonias traça o perfil do “pequeno resto” que vai sobrevier na Igreja Católica:

  • Um povo pobre. Não põe a sua meta na riqueza, como aconteceu tantas vezes na história dos povos que se degladiavam para se apoderarem do alheio.

Contentar-se-á com o que basta para passar a vida sóbria e temperadamente, com uma vida digna e virtuosa.

  • Um povo humilde. Não deseja impor-se aos outros, obrigando-os a adoptar a sua ideologia e religião. Convive com serenidade, paz e alegria com todas as outras pessoas de boa vontade.

As suas armas são a luz da fé que ilumina os caminhos da vida e o Amor que se propõe propagar. Move-o a Esperança do reino dos Céus.

  • Refugiado no Senhor. Este povo de que nos fala o profeta Sofonias – prenúncio da Igreja que Jesus virá fundar – não lança mão das armas para impor a sua vontade.

Busca o seu refúgio e fortaleza no Senhor, no meio das adversidades e dificuldades da vida.

Não cede à tentação da violência e da guerra, da mentira e toda a espécie de engano, mas brande apenas a espada do Amor e da Alegria de filho de Deus.

 

  1. O caminho de libertação

Quando visitamos um lugar desconhecido e que exige o enfrentar de um certo risco, é indispensável um bom guia.

Jesus é Este Guia Divino, o Enviado do Pai para nos redimir e guiar à salvação eterna.

Nas bem-aventuranças do Evangelho ensina-nos como havemos de encontrar o caminho seguro para alcançarmos a felicidade do Paraíso.

Libertação dos bens materiais. «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra

 O Senhor deseja que sejamos livres, porque nos ama. Nas Bem-aventuranças ensina-nos como havemos de fazer para o conseguir.

Nas oito bem-aventuranças traça Jesus o perfil do Seu verdadeiro discípulo e convida-nos a realizá-lo.

  • A pobreza em espírito. Os bens materiais foram-nos dados para nos servir. Tudo está ao nosso uso, enquanto caminhamos na terra. Nenhum deles nos acompanhará à vida eterna, mas somente o merecimento de os termos usado bem, de acordo com a vontade de Deus.

Não se deve confundir a virtude da pobreza com a miséria e indigência. A virtude é fruto da graça de Deus, de mãos dadas com o esforço humano; a miséria – a falta do essencial para sobreviver – é fruto dos pecados dos homens.

Por causa do desequilíbrio que em nós causou o pecado original, estes bens facilmente se transformam de servos em senhores que nos escravizam.

Muitos correm atrás das riquezas materiais e sacrificam-lhes tudo, fazendo delas um deus que adoram. Deixam-se enganar pela proposta do demónio feita a Jesus no Monte da Quarentena: «Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares

Sacrificam a vida de família, a oração e os deveres mais elementares do cristianismo para adquirir riqueza. Levados por esta sede insaciável, estendem a mão para o que não lhes pretendem e escravizam os outros, espoliando-os dos seus direitos. Passam uma vida de angústia, inquietação e sofrimento que não lhes dá a felicidade prometida.

Jesus quer-nos livres de toda esta tirania que nos rouba a paz e convida-nos a usar das coisas como se não usássemos, e viver, perante os bens materiais, um desprendimento fruto do amor.

  • A mansidão e a humildade. Também a tentação da violência para fazer valer direitos ou mesmo injustiças é uma tentação.

Somos tentados a conquistar o mundo pela violência e a aparentar o que não somos.

Comecemos por aceitar a verdade fundamental de que todos somos iguais em dignidade, liberdade e responsabilidade. Vençamos a tentação de nos julgarmos superiores e de aparecer ridiculamente empolados diante dos outros, só porque vestimos melhor, temos uma casa mais confortável, usamos um carro de topo de marca ou ocupamos um cargo de um certo destaque.

Vistas as coisas com realismo, chegamos à conclusão de que vivemos para servir os outros. Na verdade, o mundo está organizado como uma grande máquina de serviço muto. Servimos e somos servidos.

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