Sabemos que Cristo é Rei e Senhor do Universo; repetimo-lo, hoje, de várias formas. Mas a experiência da nossa vida e o conhecimento que temos – através da história ou dos nossos dias – dos reis e poderosos da terra tornam mais difícil a compreensão do verdadeiro significado da festa que celebramos.
Os caminhos do Senhor são diferentes dos nossos; os Seus critérios opõem-se, muitas vezes, aos que nos habituámos a seguir no mundo em que vivemos.
Aqueles que, na terra, exercem a autoridade e decidem os destinos dos homens vivem habitualmente na abundância e rodeados de servidores. Jesus quis nascer pobre numa gruta de Belém e viver desprendido dos bens materiais. Ele que é Deus, não necessitando do homem para existir, quis fazer-se homem para servir. Serviu até ao ponto de entregar, por nós, a Sua vida, para que, apesar da nossa fraqueza, pudéssemos ser libertos do pecado e viver a vida da graça.
Os chefes e poderosos da terra nem sempre praticam a humildade e facilmente são tentados a apreciar honras e louvores. Jesus, pelo contrário, é humilde de coração; é-o por Sua própria natureza; é-o a ponto de, sendo Deus omnipotente, se coloca inteiramente ao alcance e à disposição dos homens, nos Sacramentos.
Os reis e autoridades deste mundo podem preocupar-se com o bem estar dos mais fracos e necessitados, mas raramente se identificam com eles. Jesus revela-nos até que ponto Ele e o Pai estão presentes em cada homem que sofre. «… Quando Te demos de comer ou beber, quando estiveste doente ou preso e Te demos o conforto da nossa palavra amiga?» – perguntarão alguns admirados. « Sempre que o fizeste a um destes mais pequeninos foi a Mim que o fizeste».
É assim aquele que aclamamos como nosso rei; aquele que vem até nós para amar e servir, trazendo a paz a cada homem.
Que sugestões poderemos levar connosco, da Palavra que ouvimos? É na vida de todos os dias, na repetição dos atos simples que praticamos, que somos chamados a «entrar no Reino». Somos convidados a participar da realeza de Cristo, seguindo os caminhos que Ele seguiu, vivendo como Ele, com a Sua vida, nos ensinou a viver.
Não se trata apenas de «saber», de perceber com a inteligência que Deus se esconde em cada homem e que por isso cada um é merecedor de respeito, justiça e amor. É preciso que esse conhecimento se traduza em atitudes, que a caridade seja prática da nossa vida; que nenhuma oportunidade seja perdida de fazer aos outros o que faríamos se, há dois mil anos, tivéssemos encontrado Jesus nos caminhos da Galileia, pobre, doente ou abandonado, dependente da nossa ajuda. Deixar de praticar o bem que está ao nosso alcance é deixar passar Jesus ao nosso lado, sem o reconhecermos. Estar atento aos Seus sinais, descobrir como Ele se aproxima de nós em cada irmão é condição para sermos, por Ele conduzidos ao Pai.