O Mistério Pascal de Jesus Cristo.
A conversão de São Paulo tem a sua fonte no mistério pascal de Jesus Cristo. Corpo entregue e sangue derramado, a doação de Cristo Jesus, é torrente de graça, de amor e de misericórdia.
Este mistério pascal é assumido na pessoa e vida de tantos cristãos que por causa de Jesus são perseguidos e entregues à morte.
Dessas inumeráveis mortes é relatada uma: o martírio de Estêvão, a que Paulo assiste. Certamente que esta doação feita amor, perdão e misericórdia deram volta ao coração de Paulo.
No caminho de Damasco, Paulo, é confrontado com Cristo, perseguido no seu Corpo, a sua Igreja, os cristãos.
A conversão de Paulo foi momento marcante na vida da comunidade primitiva, mas foi sobretudo profundamente marcante na vida de Paulo.
Neste encontro Paulo vê a verdade da sua vida. Muda de rumo pela graça e misericórdia de Deus. Entrega-se a Jesus Cristo com toda a sua inteligência, com paixão, com dinamismo e ação.
E também ele vive com profunda entrega o mistério pascal de Cristo em sua vida, oferecendo-a como doação sacrificada.
São Paulo: dom de Deus para a Igreja.
Chamado por graça de Deus. Este apóstolo foi forjado numa família de cultura e de amor a Deus. Foi temperado pelas convicções da palavra e por uma vida de acérrima vivência do judaísmo. Foi enriquecido com variada cultura que também usou no serviço do Evangelho. Foi confrontado com o testemunho dos cristãos. Foi tocado pela doação de Estêvão. Foi o que foi, pela graça de Deus!
Foi sobretudo confrontado com Cristo, Luz resplandecente de vida, amor, santidade, presente e vivo nos seus discípulos, os cristãos.
Vocacionado pela graça de Deus para ser Apóstolo recebeu experiências fortes de Deus que lhe deram um fogo devorador de amor total a Jesus Cristo. E em Nome de Cristo Jesus anuncia com a palavra e sobretudo com a vida o Evangelho.
Apóstolo de areópagos percorre cidades com a feliz boa-nova. Propõe Jesus Cristo em todos os espaços e a todas as culturas. Forjador de comunidades pela paixão à Igreja de Cristo.
Apóstolo da comunhão eclesial, estrutura as comunidades com conteúdo teológico e com preparados colaboradores. Purifica com valentia e rectifica o que não é do Evangelho de Cristo. Previne os perigos, os enganos, os impostores e os falsários. Preza a unidade e a comunhão, mas sempre na verdade e na diversidade.
Sempre aberto ao Espírito Santo faz sulcar a Igreja pela abertura, renovação, pela descoberta de dons e carismas, pela vitalidade intrínseca do reino de Deus e pelos desafios que lança em termos de futuro.
Ser discípulo.
O prodígio que Cristo fez em Paulo quer fazê-lo em nós se formos dóceis, verdadeiros, coerentes e atentos. Se formos capazes de pesar a largura, a altura e a profundidade do amor de Deus e vivermos como consequência dessa relação pessoal.
O caminho que Jesus quer que percorramos é o caminho da confiança, do amor e do dar a vida. Esse caminho não pode ser trilhado pelos egoístas, calculistas, preguiçosos e interesseiros. Por isso a cruz é o cadinho da purificação de todos os interesses fora do Evangelho.
O mundo e a igreja: têm necessidade de missionários e evangelizadores que percorram todos os espaços e todas as culturas, que toquem em todos os corações; têm necessidades de apóstolos que se esqueçam de si, das suas comodidades, dos seus interesses, das suas carreiras, dos seus títulos alheios ao evangelho; têm necessidade de missionários que não temam os perigos de dentro e de fora, dos pequenos e dos grandes; têm necessidade de evangelizadores que sabem propor o evangelho da vida, do amor, de Deus; têm necessidade de apóstolos que lançam desafios, que desmascaram todas as falsidades, enganos, mentiras e violências; têm necessidade de missionários que defendam os pequeninos, os pobres, os débeis e os fracos; têm necessidade de apóstolos que amam a Igreja e por ela dão a vida; tem necessidade de homens e mulheres temperados na forja da autêntica oração, calejados nas penitências do serviço e na coerência da vida, expressão da relação com Cristo.