Celebrar São João Baptista é descobrir como Deus, na sua providência, escolheu e preparou este homem para abrir o caminho a Seu Filho; é recordar a mensagem com que nos ajuda hoje a conhecer melhor Jesus; é também aprender a desenvolvermos, nós mesmos, a missão de precursores.
Celebremos o seu nascimento pedindo a coragem de também sermos capazes de testemunhar, como São João Baptista, o amor e a verdade de Cristo a todos os homens.
As escolhas de Deus
A primeira leitura do dia de hoje recorda-nos que o povo israelita, cinco séculos antes da vinda de Cristo, estava desterrado na Babilónia. Nesta situação desastrosa, Israel é escolhido “para ser a luz das nações e levar a salvação até aos confins da terra”, como acabamos de ler na primeira leitura.
O amor de Deus é gratuito, não olha a virtudes ou qualidades dos homens, mas escolhe-os tendo em vista o cumprimento de uma determinada missão.
Aplica-se tal atitude a São João, pois também ele foi escolhido desde o seio materno e repleto da força de Deus para realizar uma grande missão: preparar o caminho a Cristo, luz do mundo, como esperança de uma nova era.
A esperança de uma nova era
Quando Israel estava perseguido, desiludido, desesperado, triste, surgiu sempre alguém que, em nome de Deus, pronunciou palavras de refrigério e de confiança, profetizou uma próxima libertação, assegurou uma nova era.
O Evangelho de hoje apresenta a ocorrência que determinou a alvorada desse novo dia, a passagem das promessas do Senhor à sua execução: o nascimento de João Baptista.
O seu nascimento é visto como um acto da «compaixão» do Senhor em relação a Isabel cujo ventre estéril, interpreta a humanidade: sem actividade, sem esperança, sem futuro. Deus intervém do alto para lhe restituir a vida, movido apenas pelo seu amor. E nesta ocasião expande-se a alegria que abrange pais, familiares e vizinhos. Sucede sempre assim quando Deus entra na história dos homens.
Segundo o texto, ao oitavo dia levaram o menino a ser circuncidado. É nesta altura que ganha importância o nome que recebe, o qual indica a sua condição, as suas qualidades, o seu destino. Já não se pode chamar Zacarias como o sacerdote, seu pai, pois o anjo que lhe aparecera no templo já indicara o nome querido por Deus: «João», que significa «o Senhor operou a graça, mostrou a sua bondade».
No templo, Zacarias ficara mudo, agora abrem-se-lhe os lábios e as palavras que profere não dizem respeito ao menino, mas ao Senhor. Profere palavras de bênção e canta as maravilhas que o Senhor vinha fazer, como tinha prometido por intermédio dos profetas.
João passa a adolescência e a juventude no deserto, onde prepara a sua missão. Agora está pronto a desenvolvê-la e anuncia ao povo Aquele que o há-de guiar para a liberdade: Jesus de Nazaré.
Início do cumprimento das promessas
Por isso S. Paulo, como nos relata a segunda leitura, introduz a figura de João como o último dos profetas, encontra-se no final de uma época de espera e marca o início do cumprimento das promessas. Recorda da sua obra de precursor: a pregação de um baptismo de conversão através da mudança de mentalidade, para tomar parte na obra de salvação do Messias que está para chegar; recusa-se a ser considerado esse Messias e o seu testemunho indica que o Messias é maior do que ele.
João não quer que os olhos sejam apontados para ele, mas para um outro, Aquele ao qual «não será digno de desatar as correias das sandálias». É para Jesus que é preciso olhar.
O caminho de conversão que João nos convida a experimentar é extenso, sério, misterioso e, às vezes, intolerável para o nosso «bom senso». Também ele o percorreu.
Esta «vocação» reaparece também para cada um de nós, pois somos chamados a cumprir a missão de levar a luz de Cristo aos homens do nosso tempo. Só quem tem a audácia de se deixar envolver nesta conversão verá aquilo que o Baptista viu «quando terminou a sua missão».
Peçamos ao Senhor que nos fortaleça e ajude a cumprir essa missão.