Neste Domingo, o Senhor fala-nos da nossa oração, isto é, da nossa relação com Ele. Esta relação com Deus tem repercussão também na relação com os outros, na nossa capacidade de interceder por eles.
- Neste Domingo, a Palavra do Senhor interpela-nos sobre a nossa oração. O aspecto mais significativo aqui presente é a persistência da oração. Abraão, justo, intercede pelos injustos. Ele torna-se prefiguração de Cristo, o Justo, que intercede pelos pecadores junto de Deus Pai.
- No Evangelho, São Lucas apresenta-nos um discurso de Jesus que nos elucida sobre o conteúdo da nossa oração (vv. 2-4); a persistência na oração (vv. 5-10); a fidelidade de Deus (vv. 11-13).
- Quanto ao conteúdo da nossa oração, Jesus apresenta-nos as palavras do Pai Nosso – aqui numa versão mais sucinta – como caminho perfeito de oração. Mas também o próprio Espírito Santo vem em nosso auxílio, pois tantas vezes não sabemos o que devemos pedir (cf. Rm 8, 26). São Tiago avisa-nos: «Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para satisfazer os vossos prazeres.» (Tg 4, 3).» O Espírito Santo inspira-nos sobre o que devemos pedir e ajuda-nos a não pedirmos por egoísmo. Daí que Jesus termine referindo-Se ao Espírito Santo, pois Ele é não só o maior dom que devemos pedir e que Deus nunca recusa a ninguém (Cf. Tg 1, 5), como também Aquele que nos orienta para a verdadeira oração.
- No que respeita à persistência na oração, estas parábolas são paralelas à da viúva e do juiz iníquo (cf. Lc 18, 1-8): se pela persistência se consegue obter o que se pretende, mesmo quando os homens são injustos, com muito maior razão se alcançará de Deus, que é infinitamente bom, aquilo que pedirmos com perseverança. Mas, como questiona Jesus no final da parábola da viúva e do juiz iníquo, «quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?» (Lc 18, 8) «Não tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para satisfazer os vossos prazeres.» (Tg 4, 2c-3) De facto, muitas vezes, não alcançamos o que pedimos a Deus principalmente por três motivos:
- porque nos falta a fé;
- Porque nos falta a humildade para pedir insistentemente;
- Porque pedimos mal, pedimos apenas para satisfazer os nossos egoísmos.
- No que concerne à fidelidade de Deus, pela boca do profeta Isaías, Ele afirmou: «Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria. Eis que Eu gravei a tua imagem na palma das minhas mãos» (Is 49, 15-16). Com tal amor e carinho da parte de Deus, a nossa oração deixará de ser um exercício comercial de troca de interesses, para se tornar ocasião de encontro pessoal e amoroso com este Pai que nos ama profundamente e que jamais nos abandonará!