DOMINGO III DA QUARESMA
Em vez das leituras a seguir indicadas podem utilizar-se as do ano A, se for mais oportuno: ver adiante, pág. 127 134.
LEITURA I Ex 3, 1-8a.13-15
Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Ao levar o rebanho para além do deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb. Apareceu-lhe então o anjo do Senhor numa chama ardente, do meio de uma sarça. Moisés olhou para a sarça, que estava a arder, e viu que a sarça não se consumia.
Então disse Moisés: «Vou aproximar-me, para ver tão assombroso espetáculo: por que motivo não se consome a sarça?». O Senhor viu que ele se aproximava para ver. Então Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés, Moisés!». Ele respondeu: «Aqui estou!». Continuou o Senhor: «Não te aproximes. Tira as sandálias dos pés, porque o lugar que pisas é terra sagrada». E acrescentou: «Eu sou o Deus de teus pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob». Então Moisés cobriu o rosto, com receio de olhar para Deus. Disse-lhe o Senhor: «Eu vi a situação miserável do meu povo no Egito; escutei o seu clamor provocado pelos opressores. Conheço, pois, as suas angústias. Desci para o libertar das mãos dos egípcios e o levar deste país para uma terra boa e espaçosa, onde corre leite e mel». Moisés disse a Deus: «Vou procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’. Mas se me perguntarem qual é o seu nome, que hei de responder-lhes?». Disse Deus a Moisés: «Eu sou ‘Aquele que sou’». E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: O que Se chama ‘Eu sou’ enviou-me a vós». Deus disse ainda a Moisés: «Assim falarás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus de vossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob, enviou-me a vós. Este é o meu nome para sempre, assim Me invocareis de geração em geração’».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Sl 102 (103), 1-4.6-8.11 (R. 8a)
Refrão: O Senhor é clemente e cheio de compaixão.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia.
O Senhor faz justiça
e defende o direito de todos os oprimidos.
Revelou a Moisés os seus caminhos
e aos filhos de Israel os seus prodígios.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia para os que O temem.
LEITURA II 1Cor 10, 1-6.10-12
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo são Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Não quero que ignoreis
que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, passaram todos através do mar e, na nuvem e no mar, receberam todos o batismo de Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam a mesma bebida espiritual. Bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava: esse rochedo era Cristo. Mas a maioria deles não agradou a Deus, pois caíram mortos no deserto. Esses factos aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos o mal, como eles cobiçaram. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, tendo perecido às mãos do anjo exterminador. Tudo isto lhes sucedia para servir de exemplo e foi escrito para nos advertir, a nós que chegámos ao fim dos tempos. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.
Palavra do Senhor.
EVANGELHO Lc 13, 1-9
+ Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo segundo são Lucas
Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».
Palavra da salvação.
REFLEXÃO
Embora a motivação que leva Moisés a aproximar-se da sarça ardente não seja perfeita, Deus usou-se da sua curiosidade para lhe poder revelar que, no sinal misterioso e paradoxal da sarça ardente, se encontrava Ele mesmo. Assim, os dois entram em diálogo, ficando Moisés a conhecer melhor quem é Deus e, sendo a Palavra de Deus, viva e eficaz, também hoje Ele quer ser o fogo que ardem em nós sem nos consumir, o fogo que nos renova e nos torna cada vez mais nós mesmos, na medida em que permanecermos junto àquele que nos incendeia o coração com o Seu Amor. Deus É: eis o nome de Deus. Deus É fiel a si mesmo, ao Seu amor que nos convida à conversão pessoal pelo arrependimento da nossa vida passada para que Ele possa ser tudo em nós.
Para quando a tua conversão? Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje!
A meio deste percurso de preparação para a Páscoa é muito bom se conseguirmos rever os propósitos pessoais de conversão inicialmente formulados por cada um com Deus, não apenas por ser o meio de um percurso, mas porque o próprio Jesus nos remete em todas as leituras de hoje para a conversão de vida. Conversão a Deus implica transformação, ou seja, libertar-nos de algo que d’Ele nos afasta e redirecionarmos a nossa vida para Ele. Estamos à espera de quê? Não deixemos para amanhã a conversão que pode acontecer hoje na nossa vida porque amanhã já pode ser tarde… e hoje ainda é tempo!
Esta mudança passa em primeiro lugar por na nossa oração em silêncio identificarmos o que nos escraviza e precisa em nós de ser posto de lado para que Deus passe a ser a prioridade; em segundo lugar passa por pedir insistentemente a Deus – «pedi e ser-vos-á dado» (Mt 7, 7) -, como fez o povo de Israel que, estando como escravo no Egipto, gemia implorando a libertação a Deus que o escutou e teve compaixão (cf. Ex 2, 23-24). A graça de deixar para trás os vícios e más inclinações para viver a virtude contrária a esses males é dom de Deus, por isso peçamos; e em terceiro lugar, a conversão passa por esforçarmo-nos e colocarmos os meios humanos para podermos realmente mudar de vida apoiados e sustentados como filhos de Deus que somos no nosso Pai do Céu.
Este é o tempo favorável para a mudança de vida
No evangelho de hoje Jesus evoca dois acontecimentos passados que são interpretados como castigo divino consequente dos pecados das vitimas: a repressão das autoridades romanas dentro do templo e a tragédia de dezoito mortos ao derrubar a torre de Siloé. Quem ouve Jesus considera-se distante dessa culpabilidade das vítimas, ou seja, tem-se por justo e acredito estar a salvo de qualquer um de incidentes provocados por Deus devido à sua culpabilidade. Isto levou-os a considerar não terem nada que necessitasse de conversão, o que Jesus condena: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo» (Lc 13, 2-3). É mais triste quem tem o corpo vivo e a alma morta pelo pecado devido à falta de arrependimento do que quem morre em graça, consciente da sua pequenez diante de Deus e profundamente abandonado no Seu amor. Este é o tempo favorável para voltarmos a falar, a pensar, a agir, a mudar toda a nossa existência e a viver segundo o evangelho. Se Jesus nos convida incisivamente a esta disposição de coração é porque vê ser a nossa felicidade. Assim, no que de nós depende, procuremos responder com um esforço interior na oração pedindo que nos ilumine com a luz da fé para vermos o que necessitamos de deixar converter.
É urgente renovar a vida segundo a vontade de Deus. Queira cada um de nós o que Deus quer porque é um descanso viver a morrer todos os dias por ir contra o próprio querer, esquecendo o que se queria e querendo o que Deus quer. Na nossa vida existirão frutos de santidade, pela presença de Deus em nós, ou não haverá nada de bem. No evangelho Jesus fala dos frutos desta conversão servindo-se da parábola de uma figueira plantada numa vinha (cf. Lc 13, 6-9). Deus tem paciência e misericórdia de nós dando-nos tempo para a conversão, para a mudança interior e exterior de forma a não desperdiçar este tempo oportuno. É tempo de corresponder ao amor de Deus com o nosso amor de filhos, começando por dar algum pequenino passo na fidelidade ao tempo de oração diária, tendo-o bem planeado e antecipado no contexto de tudo o resto do nosso dia-a-dia e abrindo o nosso coração a Deus como filhos que sabemos que este Pai só quer o maior bem para nós.
A conversão não é só interior: uma mudança total
Não tenhamos ilusões porque não basta termos a caderneta dos sacramentos e da oração preenchida com checks. A vida cristã é muito mais do que um conjunto de requisitos a cumprir. Ser cristão é ser filho de Deus no seguimento de Jesus, o que significa reconhecer Deus presente na nossa vida e viver de acordo com a sua presença na fidelidade ao verdadeiro amor, que se distingue de falsos conceitos de amor presentes que, embora invocando-os com o termo amor, não o são. Assim reconhecendo que Deus é fiel, sejamos também fieis e tenhamos como critério da nossa vida do dia-a-dia a Sua vontade que a Igreja nos ensina ao propor a virtude como caminho de santidade.
ORAÇÃO UNIVERSAL OOU DOS FIÉIS
Quando se faz o primeiro escrutínio dos catecúmenos
Caríssimos fiéis:
Oremos por estes eleitos,
que a Igreja, cheia de confiança, escolheu depois de um longo caminho, para que, ao completarem a preparação,
encontrem a Cristo nos seus sacramentos, nas próximas festas pascais, e digamos (ou: e cantemos), com alegria:
R. Ouvi-nos, Senhor.
Ou: Renovai, Senhor, o vosso povo.
Ou: Salvador do mundo, salvai-nos.
1. Para que estes eleitos meditem, em seu coração,
na palavra divina que lhes foi anunciada
e a saboreiem sempre cada vez mais,
oremos.
2. Para que reconheçam em Cristo, Filho de Deus,
Aquele que veio salvar os que estavam perdidos
e humildemente se confessem pecadores,
oremos.
3. Para que, sinceramente, saibam rejeitar
o que na sua vida desagrada a Cristo e a Ele se opõe
e falem como aprenderam no Evangelho,
oremos.
4. Para que o Espírito, que penetra os corações,
os robusteça com a sua força e sabedoria
e os ensine a conhecer e a fazer o que Deus quer,
oremos.
5. Para que as famílias e os amigos destes eleitos
ponham a sua esperança em Cristo Salvador
e n’Ele encontrem a paz e a santidade,
oremos.
(Quando, após a despedida dos catecúmenos, se omite a Oração Universal, acres- centam-se estas preces pela Igreja e pelo mundo).
6. Para que os pastores e os fiéis da santa Igreja,
que se preparam para as festas pascais,
purifiquem o coração e pratiquem obras de caridade,
oremos.
7. Para que, no mundo inteiro, os fracos encontrem força,
ganhem ânimo os abatidos,
e voltem para Deus os que d’Ele se afastaram,
oremos.
Quando não se faz o primeiro escrutínio dos catecúmenos
Irmãos e irmãs em Cristo:
Oremos ao Deus vivo,
que revelou a Moisés o seu nome santo, e intercedamos pelas necessidades da Igreja e do mundo,
dizendo (ou: cantando), confiadamente:
R. Kýrie, eléison.
Ou: Renovai-nos, Senhor, com a vossa graça.
Ou: Salvador do mundo, salvai-nos.
1. Pela Igreja, atenta à voz do Senhor que lhe fala,
como falou a Moisés, na sarça ardente,
para que proclame com alegria a Boa Nova,
oremos.
2. Pelas vítimas de todas as violências,
da opressão, da fome e dos maus tratos,
para que sejam ouvidas pelo Senhor, que faz justiça,
oremos.
3. Pelos cristãos que neste tempo da Quaresma
se arrependem e convertem ao Senhor,
para que aprendam a perdoar e a ser bons,
oremos.
4. Pelos doentes e por todos os que sofrem
e pelos que não têm ninguém que os escute,
para que se unam à paixão do Salvador
oremos.
5. Por todos os que o Senhor aqui reuniu,
para que nos faça chegar um dia junto d’Ele
e nos sacie dos bens da sua casa,
oremos.
(Outras intenções: Cáritas nacional e diocesana; crianças que têm fome …).
Deus de bondade infinita,
usai de paciência para connosco e fazei que a palavra que escutámos
dê fruto abundante em nossas vidas.
Por Cristo Senhor nosso.