A celebração deste dia nos ajude a reforçar o essencial: o sentido da nossa vida, a beleza da nossa fé, o encanto da nossa esperança e a eficácia do amor de Deus em nós pela Morte e Ressurreição de Cristo.
A Celebração da Eucaristia é uma dádiva de amor. Dádiva de comunhão também com aqueles irmãos que alcançaram a eficácia da misteriosa e fecunda misericórdia de Deus, de terem sido lavados no Sangue do Cordeiro, terem sido assumidos como peregrinos da Nova Jerusalém, em processo de total configuração a Cristo.
Deus Pai e os pequeninos.
“Escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes”. Escondeu aos que se fecham no seu narcisismo de aparente sabedoria, arrogância intelectual, circuito fechado, sem abertura à limpidez da verdadeira sabedoria que brota de Deus. “Sabem” tudo, e estão sossegados nas suas certezas sem Deus. Não são verdadeiros buscadores da verdade e da luz porque tal atitude implica humildade e consciência de pequenez.
Revelastes aos pequeninos. O Pai revela tudo aos pequeninos. Deus Pai sente uma predileção pelos pequeninos. Ele os atrai a si e os leva ao Seu amado Filho para que recebam o fluxo da novidade do Evangelho, pela ação do Espírito Santo, e descubram a grandeza das suas vidas construídas em Cristo.
Os pequeninos são autênticos sábios que percorrem a sua peregrinação com uma sabedoria que consegue ver Deus, quer nos sinais agradáveis, quer nos obstáculos, no sofrimento e na morte. Vivem cara à eternidade, buscam o rosto de Deus, anseiam pela habitação divina, procuram a luz e a salvação.
Os pequeninos sentem a fraqueza da sua carne mas vivem na esperança da carne que contemplará a Deus face a face. Por isso reconhecem que necessitam de misericórdia, da compaixão e da atenção de Deus. Aguardam com belíssima esperança a sua ressurreição em Cristo.
Os pequeninos são os discípulos que acolhem a proposta de Jesus, que partilham do que são e têm, que se fazem peregrinos em reconhecer o seu Senhor Ressuscitado, que vivem a comunhão com Cristo ressuscitado, sendo transformados em mesmo mistério de plenitude de vida e de amor. Porque pequeninos vivem com os outros e para os outros. Sabem descobrir a novidade do irmão e sabem fazer comunhão.
O Pai nos quer com Ele.
Deus Pai nos quer para sempre na alegria da Sua companhia. Por isso nos atrai ao seu filho. E o Filho nos atrai para o Pai. Por isso nos diz: Vinde a mim, tomai o meu jugo, aprendei de mim.
Durante a nossa vida sobre a terra é-nos pedido tudo o que a Palavra de Deus hoje nos propõe. Sabemos da nossa fragilidade e das consequências dos nossos pecados. Enquanto vivemos é sempre tempo de retificar, de converter de dar frutos de boas obras.
É certo que muitos filhos de Deus são surpreendidos pela morte quando ainda não estavam maduros. Uns estarão ainda muito verdes, outros quase maduros e outros amadurecidos à estatura de Cristo. Na sua insondável e maravilhosa misericórdia, Deus, quis salvar o maior número de filhos e tudo faz para que isso aconteça. Na sua grande e insondável misericórdia, o seu amor infinito, ousou oferecer um modo de amadurecer: o Purgatório. Um modo de aprender a amar de verdade.
Quis que nesse estado de maturação e de perfeição, o Purgatório, todos estivéssemos envolvidos pelo amor. Por isso nos propõe a nós que vivemos sobre a terra a partilha da oração e de boas obras pelos que se encontram em tal processo. Certamente que os nossos irmãos do Céu, plenitude do amor, também comungam de tal desejo. Mas é a nós que é pedido tal partilha em razão de justiça: gratidão pelos que morreram devido aos laços de familiaridade, de amizade. E sobretudo em razão da caridade, do amor, do amor desinteressado, que se oferece até pelos que nos prejudicaram ou os que não têm quem por eles reze.
É urgente a formação sobre o Purgatório. É urgente o apostolado da partilha do amor com quem já partiu.