2 de novembro de 2021 – Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

 Jesus glorioso é promessa de vida. O destino do homem é a vida, e a procura de Deus é fonte de vida. Só um coração que procura Deus pela fidelidade e se esforça por evitar o pecado está no caminho da vida. A morte será vencida, pois «o Senhor destruirá a morte para sempre e enxugará as lágrimas de todos os rostos». O que busca Deus na vida, vive com Deus para sempre na morte.

Daí a necessidade de darmos um sentido ao momento mais dramático da existência: a morte.

 

A promessa de um banquete de alegria e felicidade

Ao lermos a Bíblia, muitas vezes encontramos passagens que nos falam de pessoas que comem e bebem. Causa estranheza que se tenha transformado a religião em algo triste, quando a Bíblia fala sempre de festas!

Na primeira leitura que ouvimos, tirada do livro de Isaías, ouvimos ler: «O Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete» […], porque «O Senhor destruirá a morte para sempre e enxugará as lágrimas de todos os rostos».

Não se trata aqui da morte física, mas de tudo aquilo que no homem é morte e derrota: uma vida sem sentido e sem ideais, o fracasso, a dor, a fome, a doença, a marginalização. Tudo o que não é «vida» será eliminado.

Todos os povos da terra, sem qualquer exclusão sentar-se-ão à mesma mesa do Reino, anuncia o profeta como promessa de Deus, e será um tempo de alegria e felicidade.

O profeta está a falar claramente dos tempos messiânicos.

Com a vinda do Messias, Jesus Cristo, todas as situações de «morte» serão transformadas. Será a festa, o banquete do Reino, onde haverá só alegria e felicidade pela assimilação do Pão Vivo descido do Céu.

 

Se comermos o Pão do Céu que não perece

Nesse banquete, diz-nos o Evangelho, Jesus convida-nos a procurar o alimento que não perece, mas que dura para a vida eterna. O Pão do Céu é, antes de mais, a palavra de Deus, a mensagem do Pai que Jesus veio trazer ao mundo. Esta Palavra é para os homens verdadeiro Pão da Vida. As outras palavras contrárias às suas podem parecer doces e agradáveis, mas de facto trazem sempre e somente a infelicidade e a morte.

Não é uma Palavra que fica apenas escrita num livro, é Palavra de Vida. Para que se transforme em vida, deve encarnar nas pessoas, deve tornar-se concreta, visível. A encarnação perfeita desta Palavra é Jesus.

O que acontece quando nós comemos o pão material? Este alimento é assimilado, torna-se parte de nós mesmos, transforma-se na nossa própria carne.

Jesus diz que o Pão é Ele mesmo. É a Sua pessoa que deve ser comida, que deve ser assimilada. É a sua existência doada em favor dos homens, que se deve tornar a nossa. Comungar o corpo de Cristo quer dizer identificar-se com Ele. Significa oferecer-Lhe a nossa pessoa, para que Ele possa continuar a viver, a sofrer, a doar-Se aos outros e a ressuscitar em nós.

Após a comunhão, quem nos vê fora da igreja, em casa, no campo, na fábrica, no trabalho, quem analisa as nossas acções, quem contempla o nosso semblante, o nosso olhar e o nosso sorriso deveria sempre reconhecer em nós Jesus, que continua a amar, a agir, a falar, a ensinar, a sorrir…

Só quando nos mantemos nesta disposição de nos deixarmos transformar na pessoa de Jesus, podemos realmente afirmar que toda a nossa vida está iluminada pela Eucaristia. O processo é muito lento, é composto de sucessos e fracassos, mas a humilde escuta da Palavra e a comunhão do Corpo de Cristo, que nos é oferecido em alimento, conseguem completar este milagre que nos ajudarão a participar no banquete celeste que nos está preparado desde toda a eternidade.  

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