Só seremos santos na caridade – é a ideia dominante da liturgia deste domingo – recordemos o que aprendemos na catequese. Depois de enumerarmos os mandamentos resumíamos assim o que Deus de nós queria: «amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos». É a lei do Amor.
Deus, por meio de Moisés, exorta solenemente os filhos do Povo eleito a serem santos porque Ele, Deus é Santo. O Senhor estava tão ligado ao Povo, com quem fizera a aliança, que desejava ver a Sua própria santidade refletida na vida destes homens. Por seu lado o Povo devia dar resposta àquela aliança até se assemelhar realmente com o Senhor. Deus, o único Santo, quer que os Seus se pareçam com Ele na santidade. Na sequência deste mandato divino, ouvimos enumerar uma série de preceitos a indicar como o amor ao próximo se há-de manifestar: «não odieis, não vos vingueis, não guardeis rancor… amai o vosso próximo como a vós mesmos».
E os homens, respondendo a este apelo, foram evoluindo, fizeram uma longa caminhada no sentido da perfeição, sempre louvando e exaltando a bondade de Deus, enumerando as várias formas em que ela se manifesta.
Jesus, pela Sua pregação, ajuda a entender o Antigo Testamento, mas vai mais além, é mais exigente com os Seus contemporâneos e connosco. «Haveis de ser perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito». Nestas palavras repete-se o apelo que Deus fizera por Moisés: «Sede santos, porque Eu sou Santo».
Mas, na antiga lei, os homens amavam os seus amigos e com os inimigos seria «olho por olho, dente por dente»; Jesus agora mostra que amar só os amigos não custa nada, também os pagãos assim procedem; próprio do cristão é não ter ódio, é rezar pelos que não são nossos amigos, por aqueles que nos ofendem ou que nos perseguem. É passar a atos de amor a quem nos deseja mal.
Porque o amor tem que demonstrar-se em atos, em coisas concretas; a fé não é só acreditar em Deus e cumprir ritos exteriores; é preciso encontrar mil formas de espalhar o amor.
A partir destes exemplos podemos olhar e pensar nas nossas situações concretas em relação aos irmãos. Na 2ª leitura o Apóstolo São Paulo lembra aos cristãos que são templo de Deus e que o templo é Santo. Assim, eles são santos. Mas se deixarem entrar as divisões na comunidade, contrariam a ação do Espírito que habita neles e destroem o templo do Senhor. O pecado da desunião equivale assim à profanação deste santo templo.
Porque é filho de Deus, o cristão tem de refletir na sua vida o amor do Pai por todos os homens sem distinção.