18 de dezembro de 2022 – 4º Domingo do Advento – Ano A

Tendo decidido fazer-Se Homem, nos desígnios insondáveis do Altíssimo, o Verbo – a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade –, assumiu a natureza humana de Maria Santíssima, não como mero instrumento através do qual tivesse descido à terra, mas como verdadeira Mãe. O Arcanjo anunciou-lhe: «Conceberás e darás à luz…»

 

1. Maria, sinal da benevolência de Deus

Alento da nossa fé. «Naqueles dias, o Senhor mandou ao rei Acaz a seguinte mensagem: «Pede um sinal ao Senhor teu Deus, quer nas profundezas do abismo, quer lá em cima nas alturas». Acaz respondeu: “Não pedirei, não porei o Senhor à prova”.»

O rei Acaz atravessa uma profunda crise de desânimo na vida. Teme que a sua casa real acabe – ele é descendente do rei David – por causa da ameaça de um poder estrangeiro.

O Povo de Deus, no reinado de Joroboão, neto do rei David, tinha-se dividido em dois: o de Israel ou Samaria, ao norte, com dez tribos; o de Judá, confiado a Acaz, apenas com duas.

O rei Acaz numa encruzilhada. Na época do seu reinado, o reino de Judá goza de alguma prosperidade económica e de relativa tranquilidade política… No entanto, as campanhas militares do rei da Assíria, rapidamente lançam os países da zona em alvoroço e anunciam tempos complicados para os pequenos reinos da terra de Canaan.

Isaías anima-o a ter confiança em Deus e desafia-o a pedir ao Senhor um sinal de que não o abandonará e o seu reino vai continuar.

Acaz perdeu a fé e encobre a sua indigência com a falsa piedade de não querer tentar a Deus, pedindo-lhe um sinal.

É então que o profeta Isaías avança com um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz.

Este texto há-de ser interpretado à luz da tradição uniforme que vai muito mais além do sentido literal das palavras. Na verdade, a Igreja tem recorrido sempre a este texto como revelador da virgindade perpétua de Maria.

As nossas crises de fé. Também nós passamos por crises de fé em que nos parece que se apagou toda a luz do nosso caminho ficamos sem saber em que direção caminhar.

Invoquemos Maria. Renovemos as nossas práticas de devoção para com Ela, e a luz, o optimismo e a coragem voltarão a acompanhar-nos.

Alguém disse muito acertadamente que nada está perdido enquanto uma pessoa invocar Nossa Senhora.

A devoção a Maria é – pelo querer de Deus – uma referência essencial no nosso caminhar para Deus. Sabemos bem que há um só Redentor necessário: Jesus Cristo. Mas o mesmo Deus mandou que a nossa vida chegasse à Sua mão pela mediação do Coração Imaculado da Mãe de Seu Filho.

 

2. Dá-nos Jesus Menino, bênção das famílias

O Céu testemunha a virgindade de Maria. «Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: “José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.”»

José tem como preocupação única da sua vida fazer a vontade de Deus e para isso investe o melhor esforço.

Quando era já noivo de Maria – o Evangelho da Anunciação ensina-nos isto mesmo – tomou conhecimento da maternidade em casa de Isabel, quando ela A proclamou “a Mãe do meu Senhor”.

Na verdade, Maria não só não desmentiu esta afirmação, mas rompeu num cântico de acção de graças ao Senhor pelas maravilhas que Ele operou.

O carpinteiro de Nazaré, escolhido pela família para ser o noivo de Maria, e tendo aceitado o compromisso de virgindade perpétua que Maria assumira com Deus, fica sem saber o que fazer. Na sua humildade, pensa que está a mais neste mistério, que é um intruso e, portanto, deve retirar-se.

Além disso, como poderá afirmar, quando a gravidez de Maria se tornar notória, e ele for chamado ao chefe da Sinagoga de Nazaré, segundo o costume da época, que é ele o pai daquela criança que vai nascer? José não pode mentir diante da comunidade que se reúne todos os sábados na Sinagoga da sua terra. Ele tem a certeza física de que não é o pai daquele Menino.

É preciso, contudo, fazê-lo com prudência, para não beliscar, mesmo ao de leve, o bom nome de Maria.

Resolve, então, deixá-l’A em segredo, desaparecer de noite sem deixar rasto, embora saiba que vão cair sobre ele as criticas e censuras impiedosas de toda a gente, porque – pensam eles – engravida a noiva e foge cobardemente. Mas o que ele deseja de todo o coração é defender o bom nome de Maria.

Quando o Anjo lhe apareceu em sonhos, é possível que José tivesse já ali ao lado a pequena trouxa dos seus pertences para abalar quando todos estivessem a dormir, evitando assim perguntas incómodas.

E como Deus nunca se esquece, nem chega tarde, o anjo vem no momento certo, inundando-o de alegria com o que lhe revela.

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