17 de novembro de 2019 – 33º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Este domingo a liturgia recorda-nos que a certeza da vitória final de Cristo não nos faz desanimar e baixar os braços, mas, pelo contrário, anima-nos a trabalhar sem descansar na construção do Reino de Deus. Cada cristão é chamado a ser anúncio do «dia do Senhor», para que todos possam conhecer Cristo, verdadeiro «Sol da justiça, que traz nos seus raios a salvação».

1. «Quem não trabalhar, também não deve comer»

O que ressalta de imediato da Liturgia da Palavra, acabada de proclamar, é o tema escatológico, ou seja, o tema do fim das coisas. É o modo disposto pela Igreja para liturgicamente nos indicar (também) que estamos a chegar ao fim de mais um ano. E, de facto, o ano litúrgico encerra com a festa de Cristo Rei, que se celebrará no próximo domingo!
Sabemos, pela experiência e pela fé, que tudo o que é humano tem um fim. No início da era cristã, os cristãos acreditavam que a Parusia estava iminente: alguns cristãos afirmavam que este mundo estava a chegar ao fim e que Jesus estava para voltar e dar início a um mundo novo e a uma humanidade nova. Alguns estavam convencidos disto que sentiam que não valia a pena continuar a trabalhar. Perdiam tempo em coscuvilhices e viviam à custa dos outros, lançando no descrédito e no ridículo todos os crentes.
A situação tomava-se cada vez mais preocupante e escandalosa. E Paulo foi obrigado a intervir.
Na última parte da sua segunda Carta, avisa decididamente os Tessalonicenses. Recorda-lhes, em primeiro lugar, o exemplo da sua vida: “eu nunca fui um preguiçoso; nunca fui um peso para ninguém; anunciei o Evangelho gratuitamente e não aceitei esmolas. «Vós sabeis… que trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós».
Depois de ter apresentado o exemplo da própria vida, Paulo cita aos Tessalonicenses um provérbio popular: «Quem não trabalhar, também não deve comer» e, mais uma vez, lembra aos cristãos “que trabalhem tranquilamente para ganharem o pão que comem”.
É, pois, na medida em que os cristãos assumem e se empenham nas realidades deste mundo, na medida em que realizam com qualidade o seu trabalho e cumprem na perfeição os seus deveres neste mundo, é que podemos edificar o “mundo novo” que Jesus veio inaugurar.
Por isso, quem não trabalha, quem não põe à disposição dos irmãos todas as suas capacidades, não colabora na construção do reino de Deus.

2. «Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas»

É claro que este empenho pelas causas dos homens e mulheres do nosso mundo e do nosso tempo é, por vezes, uma tarefa ingrata. O próprio Jesus lembra-nos no Evangelho: «deitar-vos-ão as mãos e hão de perseguir-vos, entregando-vos às prisões. Causarão a morte a alguns e todos vos odiarão por causa do meu nome…»
É, sem dúvida, uma caminhada de dificuldades, de lutas, onde o bem e o mal se confrontarão sem cessar; mas é um percurso onde o mundo novo irá surgindo e onde a semente do “Reino” irá germinando.
Aos crentes pede-se que reconheçam os “sinais” do “Reino”, que se alegrem porque o “Reino” está presente e que se esforcem, todos os dias, por tornar possível essa nova realidade. A nossa vida não pode ser um ficar de braços cruzados a olhar para o céu, mas um compromisso sério e empenhado, de forma a que floresça o mundo novo da justiça, do amor e da paz.
Mas para isso, o Evangelho recorda-nos que é muito importante a perseverança na fé: «Assim tereis ocasião de dar testemunho»; «pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».
Para Cristo o que importa não é o fim do mundo nem de como este ocorrerá. Importa, isso sim, que até ao fim possamos trabalhar e lutar pela nossa salvação e a salvação dos irmãos, testemunhando alegria da fé e perseverando na esperança de que o que importa mesmo é Deus. É que tudo acaba, tudo passa… só Deus permanece!

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