16 de junho de 2024 – 11º Domingo do Tempo Comum -Ano B

Temos a impressão de assistir a um rápido declínio dos valores cristãos: vemos o ser humano que tenta libertar-se, coloca-se a si mesmo como ponto de referência absoluto, como medida de tudo, constitui-se como árbitro do bem e do mal, considera absoluta a realidade deste mundo e a fé um aspecto ultrapassado da vida. Isto é o secularismo, um fenómeno que tem raízes históricas remotas, mas atingiu o auge no nosso tempo. Porquê?

Ao procurar as causas há quem atribua a responsabilidade aos padres que, cada vez mais impassíveis, evitam lembrar aquelas verdades que no passado, quando as igrejas transbordavam de fiéis, constituíam os temas recorrentes da catequese: o julgamento de Deus, a condenação eterna, o diabo, os castigos.

A verdade é outra: hoje estamos a pagar as consequências de uma evangelização e de uma catequese que – sem querer aqui atribuir culpas aos pregadores e catequistas do passado cheios de boa vontade – estava desligada da palavra de Deus.

O futuro está nas nossas mãos. A Igreja voltou a tomar consciência do tesouro que o Mestre lhe confiou: a Palavra, semente que aguarda ser espalhada pelo mundo com abundância, para que a fé refloresça sobre bases novas e com um fundamento seguro.

Quem nos dias de hoje, com canseira, vai espalhando pelo mundo esta semente preciosa, não irá contemplar a espiga madura; mas, pelo menos a planta, isso sim, pode pedir ao Senhor que lha permita vislumbrar.

Pode-se acelerar o crescimento do reino de Deus? Jesus responde a esta pergunta com uma breve parábola, uma pequena pérola, que apenas Marcos nos transmite, e que constitui a primeira parte do Evangelho deste domingo.

Está dividida em três partes, de dimensão diferente, que correspondem aos três momentos do trabalho agrícola: a sementeira, o crescimento da semente e a ceifa.

A primeira e a terceira, ou seja, aquelas nas quais é descrito o trabalho do agricultor, estão reduzidas ao mínimo: «Lança a semente à terra» e «mete a foice», e nada mais.

Já muito mais desenvolvida está a parte central, que ocupa dois terços da parábola. O narrador quer claramente atrair toda a atenção para o templo do crescimento; por isso, forçando até mesmo um pouco, não só evita enfatizar o trabalho do agricultor, mas ignora propositadamente as atividades que este habitualmente faz, depois de ter semeado: a proteção, a limpeza, a irrigação dos campos. Jesus quer evidenciar apenas uma coisa: a força irresistível da semente que, uma vez lançada à terra, cresce sozinha.

Da primeira parte da parábola relevamos um pormenor: o evangelista não utiliza o termo técnico semear, mas fala de um homem que lança a semente, tornando quase perceptível o gesto amplo do braço do agricultor que espalha por todo o lado, com alegria e sem restrições, os preciosos grãos. É assim que deve ser difundida a mensagem evangélica, com abundância, e deve ser lançada à terra; não num campo definido e restrito, mas por todo o lado, em todo o mundo. Trata-se de um convite a superar qualquer tipo de exclusividade; nenhum povo pode considerar reservadas para si as bênçãos de Deus.

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