A Eucaristia é a Páscoa do Senhor, a viver com intensidade neste Domingo, instituído por São João Paulo II (em 30 de Abril de 2000), como domingo consagrado à Divina Misericórdia.
Cristo Ressuscitado vem ao encontro dos Seus.
Uma comunidade assustada, tímida, temerosa e escondida é surpreendida pela presença jubilosa e alegre de Jesus que se lhe apresenta, no meio deles, presidindo ao encontro. Coloca-se no centro, no meio, naquela presidência que nunca deve ser descurada, derrubada ou substituída. E será para sempre o centro da sua igreja, por entre tardes de sol ou nuvens densas, mar calmo ou mar agitado, serenidade ou agitação, acolhimento ou rejeição. E n’Ele a igreja e cada um fixa o olhar, os ouvidos, o coração, as mãos e os pés.
Depois de tantas infidelidades e fugas não há lugar para acusações, para críticas, mas sim lugar para a exuberância de um amor sem medida, uma misericórdia incalculável que enche e preenche toda a sala e todos os corações, e se derrama sobre toda a humanidade.
A presença de Cristo Ressuscitado comunica a alegria sem fronteiras e uma paz sem fim. Todos se sentiram tão profundamente marcados que logo comunicaram ao ausente Tomé a alegria de ver Jesus: “vimos o Senhor”. Este entusiasmo é também apelo que nos leva a ir ao encontro de todos os ausentes.
Cristo Ressuscitado interpela cada um e a comunidade.
O Encontro com Cristo Ressuscitado é um encontro pessoal com cada um e um encontro com todos, com a comunidade, a Igreja. Com cada um na visibilidade do encontro com Tomé, gémeo. Talvez gémeo e parecido connosco. Queremos ver, tocar. Não damos muita importância aos outros que testemunham a fé em Jesus Cristo. Somos nós a medida de tudo e nos centramos só em nós. Mas também, na experiência de Tomé, gémeo, sentindo-nos precedidos por um amor enorme que nos descobre, que acolhe a nossa fragilidade, nos torna dóceis quando tocamos a sua vida entregue por nós, nos torna testemunhas e enviados, nos torna comprometidos com a vida e com todas as pessoas.
Mas também a experiência da comunidade, de todos, que na fidelidade da fé se unem para a oração comum, a comum decisão dos gestos que lhe dão razão de ser, a escuta da palavra, a memória viva dos dons de Deus, a decisão dos gestos que a tornem sempre viva, dinâmica e atual, capaz de sair e realizar gestos de amor para com todos.
Os Atos dos Apóstolos apresenta-nos essa comunidade cheia de vida e dinamismo pela experiência que faz de Cristo Ressuscitado. Uma comunidade bela que revela a união, a fraternidade, a fração do pão, as orações, a caridade e a partilha.
Cristo ressuscitado une-nos à Sua missão.
Cristo une-nos à Sua missão. Sopra sobre nós em sinal de vitalidade, expiração de amor total fazendo de nós seus discípulos, testemunhas do amor e misericórdia de Deus sobre toda a humanidade, sem fronteiras e sem acomodações.
Maravilha sabermos que Ele está connosco sempre! De Cristo parte a vitalidade que oferece “para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Por isso nos envia como testemunhas de misericórdia oferendo gratuitamente o perdão dos pecados, a reconciliação.
A sua presença entre nós liberta-nos do medo que paralisa, que fecha, que não deixa ver, nem partilhar. Com Ele o medo dá lugar à alegria. Tudo se transforma em primavera de vida, de amor, de misericórdia, de partilha.