15 de maio de 2016 – Solenidade de Domingo de Pentecostes

«Fez-se ouvir então subitamente, lá do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam». Assim começa a narração do Pentecostes nos Actos dos Apóstolos.

Deus surpreende-nos sempre sobre o momento e o modo com que intervém na história humana, para nos enriquecer de dons.

Celebremos com alegria a vinda do Espírito Santo no Cenáculo e peçamos que desça também abundantemente sobre cada um de nós.

Uma invasão do Amor de Deus

A primeira invasão do Amor de Deus, pelo mistério da Encarnação, se passou no silêncio de Nazaré. A inauguração da Igreja e a sua apresentação ao mundo, na manhã do Pentecostes, fez-se com a maior solenidade possível, em Jerusalém, com um ruído for a do vulgar, que atraiu para junto do cenáculo a multidão que se encontrava na Cidade Santa, para celebrar o Pentecostes.

Acontece precisamente este desencadear da ofensiva de Deus no mundo, por uma revolução e Amor, quando parecia aos olhos dos homens que tudo acabara no calvário, na tarde de Sexta-Feira Santa.

Deus escolhe como sinal da vinda da terceira Pessoa da Santíssima Trindade, do prometido do Pai, as línguas de fogo, como que a simbolizar a realidade que viria a acontecer. Na verdade, o fogo

Ilumina. E com essa luz ajuda-nos a ver as maravilhas da Criação, precavermo-nos dos perigos e a descobrir o que está contra os planos de Deus – em nós e no mundo – e que é urgente rectificar.

Ao mesmo tempo, a luz traz a alegria. Não somos capazes de imaginar uma festa às escuras, porque só pode existir em comunhão de pessoas, em partilha de sentimentos.

Aquece. O egoísmo que nos domina faz tremer de frio. A falta de confiança em Deus leva ao desânimo, à falta de esperança, e entorpece a nossa caminhada para a santidade e a acção apostólica.

Purifica, tal como o fogo liberta o ouro de todas as impurezas, tornando-o mais belo.

Funde os diversos elementos num só, sem que cada um deles abdique da sua entidade. Da união nasce a força, a eficácia da acção apostólica.

Os frutos do Amor de Deus em nós

Toda a Igreja – tal como a comunidade de Corinto – é governada pelo Espírito Santo, na medida em que O deixarmos operar em nós.

Daí que a permanência e actuação da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade em nós exige-nos determinadas condições:

  1. a) Permanecer em oração. Ninguém pode exclamar «Jesus é o Senhor», a não ser sob a Sua acção.

Assim fizeram Maria Santíssima, os Apóstolos e os discípulos no Cenáculo.

O que acontece é um sinal profético: Deus será louvado em todas as línguas da terra. Todos são chamados à Igreja, porque ela tem por vocação ser Mãe de todos os povos.

  1. b) Em unidade com a Igreja. Fomos chamados à salvação dentro de uma família, na qual crescemos até à entrada na eternidade.

No Cenáculo dá-se precisamente o contrário do que aconteceu junto da Torre de Babel: em vez da divisão, a unidade, para uma empresa comum. Todos os presentes ouvem Pedro falar na sua própria língua.

Nesta Igreja há uma grande diversidade de dons, para serviço de toda a comunidade. Ninguém vive para si, mas para os outros, sobretudo para os que estão mais afastados do Amor de Deus.

  1. c) Dando a Nossa Senhora o lugar que lhe pertence. A presença silenciosa de Maria anima todas e todos os que ali estão a perseverar, implorando a vinda do Espírito Santo, em obediência à recomendação de Jesus.

Sem uma devoção profunda a Nossa Senhora não há calor nem perseverança no caminho da santidade.

O Espírito Santo, dom do Pai

É pelo Espírito Santo que Jesus opera na Igreja até à consumação dos séculos, servindo-se de homens frágeis.

Anuncia a Boa Nova com uma eficácia que as palavras humanas não possuem. Enquanto o sacerdote fala – às vezes sem notável eloquência – o Espírito Santo segreda a cada pessoa o que Deus lhe pede.

Perdoa os pecados. Os que se interrogam quando Jesus cura o paralítico têm razão: «Quem pode perdoar pecados a não ser Deus?»

Cristo serve-Se da visibilidade do sacerdote para desligar os laços que prendiam aquela pessoa aos caminhos do pecado.

Consagra o pão e o vinho, transubstanciando-o no Seu corpo e Sangue, para que nos possamos alimentar com Ele.

Deste modo, pela força do Espírito, Jesus continua actuante na Igreja, multiplicando a Sua Presença e Acção, pelo ministério dos homens.

E como se tudo isto não bastasse, o Espírito Santo fez de nós Sua morada, desde o momento do Baptismo. Podemos falar com Ele na intimidade, em qualquer momento ou lugar, com a certeza de que nos escuta e atende.

Em união com Maria, façamos o propósito de crescer, sem limites, na intimidade com o Espírito Santo, deixando que Ele nos conduza à santidade.

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