15 de agosto de 2024 – Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria

A Igreja contempla, na solenidade da Assunção de Nossa Senhora, a singular participação de Maria na Ressurreição do seu Filho. Nela é antecipada a ressurreição dos outros cristãos.

 

O sinal grandioso

 “O templo de Deus abriu-se no Céu e a arca da aliança foi vista no seu templo. Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”. Esta visão do apóstolo João, foi sempre interpretada pela Tradição como referida, ao mesmo tempo, à Igreja e a Nossa Senhora. Maria é a verdadeira Arca da Aliança e o membro eminente da Igreja em que já se realizou o que virá a ser a Igreja celeste. Por isso na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora aos Céus, a Liturgia aclama, maravilhada, à mulher revestida de sol e coroada de estrelas, que goza da maior comunhão possível com Deus.

O Santo Padre Pio XXII, proclamou esta verdade que hoje celebramos, como dogma da Igreja no dia 1 de Novembro de 1950, festividade de todos os santos. Desde os primeiros tempos os fiéis, os pastores e os teólogos acreditaram, piedosamente, que Nossa Senhora foi levada em corpo e alma, a Gloria do Céu. Os teólogos explicaram os motivos de conveniência e a base da Revelação em que se apoia o dogma. Também os factos, como a ausência de veneração do tumulo de Nossa Senhora, foram tidos em conta.

Olhemos, nós, também, maravilhados, como os pastorinhos de Fátima, para a Senhora revestida de sol, mais brilhante do que o sol, e demos graças a Deus pela Sua Mãe e nossa Mãe. Diz um autor espiritual que “neste mistério, a piedade popular e a arte mariana têm representado com frequência a Virgem levada pelos Anjos e aureolada de nuvens. São Tomás vê nestas intervenções angélicas, em favor dos que deixaram esta terra e se dirigem para o Céu, a manifestação da reverência que os Anjos e todas as criaturas tributam aos corpos gloriosos. (…) Santa Teresa conta que, certa vez, viu a mão – apenas a mão – glorificada de Nosso Senhor, e diz que, perto dela, quinhentos mil sóis refletidos no mais límpido cristal eram como uma noite triste e escura. Como seria o rosto de Cristo, o seu olhar…? Um dia, se formos fiéis, contemplaremos Jesus e Santa Maria, a quem tantas vezes invocamos nesta vida” (Fancisco Fernandez Carvajal Falar com Deus, vol. 7, nº15). Imaginemos também, para crescer na esperança, como será o nosso corpo e a nossa alma quando forem restaurados e glorificados para a nossa verdadeira vida para sempre. Nada de este mundo, no nosso estado atual, nos deve preocupar, entristecer e tirar a paz.

 

Ressuscitados em Cristo

S. Paulo, na segunda leitura proclamada, esclarece aos cristãos de Corinto sobre o mistério central da nossa fé. É verdade que todos estamos incorporados à Adão e por ele ao pecado das origens e as suas consequências. Mas também é certo que pelo batismo somos incorporados a Cristo e com Ele morremos e ressuscitamos, para a vida da graça. Estamos incorporados a Cristo ressuscitado e, com Ele, à sua vitória sobre o pecado e a morte. De Adão, diz o Papa Bento XVI, “todos nós temos a mesma herança humana, à qual pertence: o sofrimento, a morte e o pecado (…) Mas somos “incorporados” também no novo homem, em Cristo ressuscitado, e assim a vida da Ressurreição já está presente em nós. Portanto, esta primeira “incorporação” biológica e incorporação na morte, incorporação que gera a morte. A segunda, nova, que nos é conferida mediante o Batismo, é a “incorporação” que dá a vida”.

Esta verdade essencial, a nossa vocação de ressuscitados para Cristo e para a eternidade, cumpriu-se plenamente em Maria. “ Aquilo que São Paulo afirma a respeito de todos os homens, a Igreja, no seu Magistério infalível, é dito por Maria, de um modo e num sentido específicos: a Mãe de Deus é inserida em tal medida no Mistério de Cristo, a ponto de ser partícipe da Ressurreição do seu Filho com todo o seu ser, já no final da vida terrena; vive aquilo que nós esperamos no final dos tempos, quando for aniquilado “o último inimigo”, a morte (cf.1 Cor15, 26); já vive aquilo que proclamamos no Credo: “Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir” Bento XVI, (Homilia, Castel Gandolfo, 15 de Agosto de 2010).

Não podemos esquecer a grandeza da nossa condição de filhos de Deus em Cristo, e para alem de darmos graças a Deus, vivamos a gratidão para com a Nossa Senhora. A Ela devemos todo o que somos. Mas também Ela recebeu todas as graças, de que hoje a vemos adornada, pela nossa causa. Por nós e pela nossa salvação o Filho se fez homem e Ela foi feita Mãe de Deus.

 

Assunção e presença de Nossa Senhora

A Assunção de Nossa Senhora ao Céu poderia parecer um afastamento de nós, mas, como gosta de dizer Bento XVI da Ascensão do Senhor, não se trata de uma ausência, mas, sim, de uma nova presença. Jesus vai para o Pai, mas está presente agora junto dos discípulos, na sua alma em graça, nos sacramentos, na Igreja, ate ao fim dos tempos. Também Nossa Senhora vai para regressar junto de nós, pela sua especial missão maternal e mediação na concessão das graças. Está junto de nós para acompanhar-nos e ajudar-nos no caminho para a Casa do Pai.

A visitação de Nossa Senhora, narrada por S. Lucas, é uma imagem da sua permanente dedicação materna junto de nós. Também agora a sua presença, a sua voz, inundam de graça a alma dos seus filhos. Hoje devemos rezar a Nossa Mãe com mais amor e agradecimento do que nunca. Por isso a Igreja veste-se de festa e de múltiplas manifestações de devoção. Em muitos lugares se realizam procissões, que são um modo de rezar cheio de alegria. Caminhando com a imagem de Nossa Senhora tornamo-nos mais conscientes de que assim deve ser nossa vida: caminhar e rezar, levando Nossa Senhora connosco. Na procissão oramos de múltiplas maneiras. Rezamos com os cânticos e as orações, rezamos com o esforço e o cansaço de transportar o andor, lançar flores e pétalas a Nossa Senhora é oração, e nossa oração é explosiva, alegre e luminosa quando lançamos foguetes. Tudo é oração, a oração das mãos que enfeitam o andor e dão esmolas, a oração dos pés que caminham com a Mãe, das bocas que cantam e rezam e até dos estômagos que festejam com melhores alimentos e dos corpos envolvidos nas melhores peças de vestuário.

A nossa celebração não deve acabar ao concluir o dia. Deve, sim, alimentar cada um dos dias da nossa vida com a alegria e a esperança que dela nos vem. Acabamos voltando ao princípio da liturgia hodierna e rezando a segunda antífona de entrada. “Exultemos de alegria no Senhor, ao celebrar este dia de festa em honra da Virgem Maria. Na sua Assunção alegram-se os Anjos e cantam louvores ao Filho de Deus”. Assim seja

Check Also

«Urbi et Orbi»: Papa apela a cessar-fogo no Médio Oriente e na Ucrânia, alertando para «gravíssima» situação humanitária

Mensagem de Natal evocou dezenas de países em crise, incluindo Moçambique Cidade do Vaticano, 25 …

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.