1. Deus procura-nos
Deus quer precisar de cada um de nós para que a Sua Mensagem de Amor e Salvação chegue ao coração de cada pessoa e dê frutos de boas obras.
Ele, Criador e Senhor de todas as coisas, submete-Se assim à vontade dos homens, na aceitação ou não aceitação do envio, para anunciar, e no acolhimento à mensagem que deve levar à conversão pessoal.
• Disponibilidade para a missão. Amós viva tranquilo na sua terra como pastor de gado e cultivador de sicómoros. O sicómoro é uma espécie de figueira que se cultiva na Terra Santa há milénios. Assim ganhava a vida o profeta, até que o Senhor o enviou ao reino da Samaria, para chamar aquela parcela do Povo de Deus à conversão.
Deus chama algumas pessoas a deixar de lado a vida que levavam antes, para se dedicarem em pleno à evangelização e dá-lhes as graças necessárias para se desprenderem da vida que levavam e mesmo enfrentarem a oposição ao seu trabalho de evangelizadores.
De resto, qualquer vocação exige de nós um esquecimento próprio e uma entrega generosa. Vamos para servir, e não para ser servidos.
Mas todos os batizados, afinal, são chamados a anunciar a salvação em Jesus Cristo. Um falsa visão que temos do nosso cristianismo leva-nos a pensar que cada um cuida de si mesmo, sem se preocupar com os outros. Deus foi o primeiro a dar o exemplo de vir ao nosso encontro para nos ajudar no caminho da salvação eterna.
• Os enviados do Senhor. Recebem esta chamada de Deus para ajudar os outros, os pais aos filhos, em primeiro lugar. Deus confia-lhos para que, pela palavra, pelo ambiente e pelo exemplo, os ensinem e ajudem a seguir o caminho do Céu. Quando os pais se desinteressam de batizar os filhos logo que nascem, com a desculpa de que são eles que devem escolher mais tarde, tratam os filhos com crueldade. Quando se trata de alimentação, medicamentos, etc., os pais não esperam que os filhos o escolham e peçam.
Também os educadores nas diversas idades das crianças e dos jovens devem preocupar-se com a salvação eterna dos que lhes estão confiados.
Todos os cristãos, afinal, são enviados ao encontro das outras pessoas, para as ajudarem a palmilhar o caminho do Céu. Amós recebeu o chamamento de Deus no meio das atividades comuns que levava. O mesmo acontece connosco.
• Os meios de evangelização. Amós apresentou-se diante das pessoas de Betel com o seu cajado de pastor e proclamando em voz alta aquilo que lhe parecia ser a vontade do Senhor.
Nós transmitimos a mensagem de Deus, em primeiro lugar, pela vida, pelo esforço generoso em viveremos fiéis a Deus; e logo pela palavra oportuna: pelo conselho amigo, pela corajosa correção paterna, ou filial.
• Como acolher a mensagem de Deus. O sacerdote Amasías recebeu mal a mensagem de Amós. Deus começa por ser incómodo na nossa vida, quando ouvimos a Sua voz. Começa por pedir, e nós gostamos mais de receber.
O profeta enfrenta com fortaleza a situação e mostra-se resolvido a continuar a fazer a vontade de Deus.
Como recebemos os avisos de Deus na pregação, ou num conselho de uma pessoa amiga?
Cada vez que o Senhor Se dirige a cada um de nós, por meio dos nossos irmãos, usa de misericórdia para connosco.
Em Jesus Cristo, o Pai «nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença.»
2. Somos enviados por Jesus
Temos uma visão deformada da nossa vida e da forma como vivemos o nosso cristianismo. Entendemo-lo, na prática, como um compromisso individual que só a cada um de nós diz respeito, sem nenhuma ligação com as outras pessoas.
• Uma aventura em comunhão. Desde há séculos, assistimos a uma luta subterrânea para afastar Deus do coração do homem. Agora luta-se para O proibir de entrar na vida comunitária da família e da sociedade, reduzindo a vida de fé ao foro privado, sem nenhuma implicação nas relações com as outras pessoas.
Segundo estes, cada um há-de viver o seu cristianismo individualmente, sem se preocupar com os outros, como se não fôssemos membros da mesma família solidária e, portanto, corresponsáveis uns pelos outros.
A nossa vocação eterna é a comunhão na Verdade e no Amor com a Santíssima Trindade, com Maria Santíssima e com toda a Corte Celestial. Mas esta vida é já uma experiência dessa comunhão.
Para a começarmos a viver desde já, Deus envia-nos ao encontro das outras pessoas, para as ajudar no caminho do Céu.
• Todos são enviados. Os Doze Apóstolos foram os primeiros enviados por Jesus a evangelizar, ainda durante a Sua Vida Pública.
Mas, pouco depois, enviou os setenta e dois discípulos dois a dois, a preparar a passagem de Jesus pelas cidades e aldeias.
Finalmente, antes de subir ao Céu, aos quinhentos discípulos que se encontravam no Monte das Oliveiras, mandou-os evangelizar todos os povos de todas as nações, ensinando-os a fazer tudo o que Ele tinha ensinado e batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Na verdade, se o maior dos Mandamentos é o Amor a Deus e ao próximo, como poderíamos descurar a salvação eterna, que é fundamental na vida?
• Os poderes que recebemos. Quando procuramos ajudar as pessoas, encaminhando-as ao encontro de Jesus, podemos dizer como S. Paulo: «Vivo, não já eu, vive Cristo em mim.» É Ele que fala, que sorri, que acaricia os doentes e conforta todos os que sofrem, por meio de mim. Cristo atua visivelmente com a visibilidade que Lhe “empresta” cada cristão. O Evangelho faz notar que Jesus, antes de enviar os Apóstolos, «Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros.»
• Recomendações para o caminho. Jesus prepara os Doze com algumas recomendações para esta missão.
Desprendimento. Está concretizado na recomendação que lhes faz: «ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro.»
Mas há outros apegos contra os quais nos havemos de precaver: o cuidado da própria imagem, o medo do que dirão e a ambição da glória pessoal tiram a eficácia a qualquer ação apostólica.
Dignidade. O apresentarem-se calçados com sandálias é uma alusão à dignidade com que havemos de nos apresentar. Não têm razão de ser os complexos de inferioridade. Não pedimos um favor, mas oferecemos um dom.
• Mensageiros da paz. Em todo o tempo e lugar, junto de todas as pessoas, havemos de ser mensageiros da paz e não da intriga. Levamos a paz às consciências, não a angústia; a paz às famílias, ajudando-as a organizar a sua vida de acordo com a vontade de Deus.
Como se devem ter sentido confortadas as pessoas que encontram Nossa Senhora nos caminhos da vida, em Nazaré, primeiro, em Caná, depois, em Jerusalém e em Éfeso, finalmente!
Procuremos, quando nos sentimos perturbados, uns momentos de oração na sua presença, para que sintamos a paz e a alegria que Ela soube levar aos que encontrava nos caminhos desta vida.