Com o pensamento e com o coração ainda na Virgem Imaculada elevada ao Céu, a exemplo de Cristo que veio do Céu à terra para propagar o fogo do amor de Deus, vamos animar-nos também nós a transformar este nosso mundo, ateando nele esse fogo que levamos no coração.
- O bom odor de Cristo.
Diz o Evangelho de hoje que Jesus Cristo veio trazer o fogo à terra e que o seu grande desejo é que ele se ateie cada vez mais, até incendiar o mundo inteiro. Começou pela Palestina e ao longo de três anos não se poupou a esforços, preparando os seus discípulos, enchendo-os do fogo do seu amor, para enviá-los com essa mesma missão: ir por todo o mundo a anunciar a Boa Nova da Civilização do Amor.
Multidões O seguiam e muitos procuravam tocar ao menos nas suas vestes «porque saía d’Ele uma força que curava a todos». As pessoas sentiam-se bem junto d’Ele, as crianças corriam para Ele, o Seu olhar cheio de carinho e infinita compreensão penetrava as suas almas, a sua conversa era amável e cheia de sabedoria: «Que fogo sentíamos nos nossos corações, quando nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras!...» – diziam os discípulos de Emaús na tarde do dia da Ressurreição.
Também nós, iluminados pela fé, animados pela esperança, cheios daquele amor que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado, temos de ser em toda a parte o «bom odor de Cristo»: «Somos Cristo que passa pelo caminho comum dos homens» (S. Josemaria).
- Amigos do Senhor.
Os primeiros discípulos fizeram-se amigos do Senhor (Jo 15, 15) desde o primeiro instante em que O conheceram, e não descansam enquanto O não dão a conhecer aos seus irmãos, aos seu amigos e conhecidos (Jo 1,35-51).
«Quem não vê a eficácia apostólica e sobrenatural da amizade, esquece Jesus Cristo: já não vos chamo servos mas amigos (Jo 15,15)» (S. Josemaria).
Devemos procurar ter muitos amigos e levá-los a Jesus Cristo. Devemos dar atenção constante a essas pessoas que vivem connosco, que trabalham connosco, que descansam connosco – companheiros de diversão, companheiros de convívio…ouvindo-os, iluminando as suas inteligências, robustecendo as suas vontades, dedicando a cada um o tempo necessário, ajudando-os a encontrar a luz e a verdade…
A nossa amizade tem que ser uma amizade que sabe escutar, que sabe animar, que sabe proteger, que sabe apoiar e que sabe também corrigir, quando é o caso…
Amar, ser amigo é querer o bem para os amigos, comunicar-se, compartilhar penas e alegrias, compreender, acreditar no amigo, sentar-se à mesma mesa, respeitar a sua liberdade, o seu modo de ser, as suas fraquezas, ajudando-os a superá-las…
3.Vocação apostólica.
Somos cristãos e levamos no coração a fé e o amor de Deus como o maior tesouro que nos podia ser entregue pela graça do nosso Baptismo. Este tesouro não nos foi dado só para nosso benefício. Quando a amizade é verdadeira, surge a abertura e a confidência: nada é alheio aos verdadeiros amigos e vem a partilha, a comunicação, a inter-ajuda. A amizade faz-se apostólica.
Levados pelo Espírito Santo, os cristãos dos primeiros tempos e os cristãos de todas as épocas, também os dos tempos actuais, procuram levar por toda aparte o fogo do amor de Cristo que levam no coração (Filip 4, 22; 2 Tim 4, 19 ss). Os Actos dos Apóstolos, as Epístolas de S. Paulo, de S. Pedro, de S. João trazem-nos exemplos maravilhosos da intensa actividade apostólica desse nossos irmãos dos primeiros tempos. O «fogo» do amor de Deus tem sido sempre em todas as épocas um «fogo devorador» (DT 4, 24).
Nas nossas mãos, ainda que sejamos pouca coisa, o Senhor depositou este tesouro incalculável que é a nossa fé para que a transmitamos às novas gerações; entregou-nos estes talentos que são a fé, a esperança e o amor de Deus para que os negociemos, para que os façamos frutificar.
Que Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, nos consiga de Deus uma maior vibração apostólica, para darmos testemunho de Jesus Cristo e da sua Boa Nova de Salvação.