12 de junho de 2016 – 11º Domingo do Tempo Comum- Ano C

Diante da culpa, é nossa tendência espontânea escondê-la ou, de alguma forma, justificá-la. Esse comportamento impede o perdão de Deus. Perante o reconhecimento da culpa, da necessidade de ajuda e de perdão, brota e floresce o amor.

Isso mesmo vamos compreender ao ouvirmos a liturgia da Palavra deste 11º Domingo do tempo Comum. Ao lermos o Evangelho de S. Lucas, facilmente o relacionamos com o perdão concedido por Deus ao pecado de David. Em ambos os casos reconhecemos o perdão como manifestação do amor de Deus que, com expressões e gestos humanos, vem ao encontro do pecador.

Só nos encontraremos justificados no amor de Deus se soubermos reconhecer sinceramente as nossas culpas e a nossa pobreza. Por isso, imploremos a Sua misericórdia.

A atuação do rei David e a nossa própria história

Ao ouvirmos a proclamação da primeira leitura deste Domingo somos tentados a recriminar o rei David pelos desmandos que ele cometera, depois de em toda a sua vida ter sido tão beneficiado pelo Senhor.

Facilmente, porém, nos esquecemos que todos nós estamos na situação deste rei nas muitas vezes que a história connosco se tem repetido. Durante toda a nossa vida somos cumulados das mais diversas bênçãos, que raramente ou nunca agradecemos. Quantas e quantas ocasiões são para nós motivo de desvio! Quantas traições teremos nós cometido contra Deus e contra os homens nossos irmãos, começando por aqueles que nos estão mais próximos? Quantas injustiças efectuadas, quantas ingratidões praticadas e que procuramos esconder por detrás da nossa falsa virtude ou do cumprimento de determinados preceitos e regras religiosas!

Mas, se acompanhamos David na queda, devemos saber imitá-lo na conversão, confiantes na bondade do Senhor.

O amor é gerado pelo arrependimento

No Evangelho de hoje verificamos que Jesus, depois de ter enaltecido o valor da atitude da mulher pecadora, proclama solenemente que «os seus pecados ficaram perdoados, uma vez que manifestou tanto amor». O seu pranto não fora ditado pelo remorso, mas pela alegria de se sentir compreendida e amada.

A explicação das relações entre nós e Deus é o amor, que gera o verdadeiro arrependimento. O fariseu Simão, dono da casa, é um «justo», alguém a quem não se pode apontar nenhuma transgressão à Lei, alguém que vive absorvido na contemplação externa das próprias obras que o limitam e fecham à sua capacidade de amar. Ele não percebeu nada de Deus. Teima em acreditar num Deus que julga em proporção dos méritos de cada um, sem pensar que a «justiça» não é uma conquista do homem, mas um dom gratuito de Deus. Para poder abrir o coração ao amor sem medida, é necessário libertar-se da ideia de que é preciso somente cumprir «preceitos», escondendo o próprio pecado com aparências de virtude.

Muitos de nós, cristãos, ainda estamos convencidos de que o bem que conseguimos fazer na vida é fruto dos esforços, das canseiras e empenho pessoal, mérito próprio. Enquanto não conseguirmos compreender que todo o bem que temos é um dom de Deus, seremos «impecáveis», mas amaremos pouco e dificilmente nos encontraremos connosco próprios e com Deus.

O perdão é dom gratuito de Deus

Todo o homem, sincero consigo mesmo, tem consciência de ser pecador. Caminho digno e válido do perdão é viver a atitude que Jesus louva: amar, mesmo que as manifestações desse amor fiquem limitados a pequenos gestos de caridade.

David, a pecadora e as outras mulheres de quem fala o Evangelho são pessoas que reconheceram as suas culpas, a sua fraqueza, a sua própria pobreza, a sua necessidade de ajuda e de perdão por parte de Deus. Por isso, foram capazes de amar e de sentir a alegria desse mesmo perdão, como dom gratuito, alcançado pelo amor de Cristo. Esse Cristo que, por amor, se entregou à morte para que pudéssemos viver, segundo lemos na epístola de S. Paulo.

A nossa fé em Cristo, que nos leva a esperar tudo d´Ele, deve também levar-nos a identificar-nos com Ele, de modo que a afirmação de S. Paulo – «Cristo vive em mim!» – não seja uma aspiração vaga, mas uma realidade que nos faça compreender que Deus concede o perdão ao homem de maneira totalmente gratuita, na medida em que o mesmo homem tenha sabido amar. Não somos nós, com as nossas boas obras, que conquistamos o perdão e o paraíso. É Ele que nos torna bons oferecendo-nos o seu amor e o seu perdão.

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