11 de setembro de 2016 – 24º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Uma das grandes dificuldades para conhecermos a Deus parte da nossa fonte de conhecimentos naturais. Conhecemos as pessoas com facilidade para a ira e com muita dificuldade em perdoar as ofensas.

Ao pensarmos em Deus, imaginamo-l’O à nossa imagem e semelhança quando, na verdade, o caminho da santidade não pode ser revesti-l’O com os nossos defeitos, como faziam os pagãos, mas revestirmo-nos com as Suas virtudes, tanto quanto nos for possível.

O Senhor é lento para a ira e rico em misericórdia

Logo a seguir à Aliança no Sinai, o Povo de Deus fabricou um bezerro de ouro e adorou-o como deus. Cometeu, deste modo, um grave pecado, rasgando o seu compromisso de fidelidade, realizado pouco antes com toda a solenidade.

Todo o pecado, afinal, tem esta face: o fabrico de um falso deus – a sensualidade, o dinheiro, a gula, a exaltação soberba de si próprio – deixando o Senhor de lado.

Ao fim de cada dia, se nos examinarmos com cuidado, verificaremos, com surpresa, que repetimos este gesto louco muitas vezes.

O pecado vem a ser isto mesmo: voltamos as cotas ao Senhor e dobramos o joelho diante dum ídolo.

Deus faz conhecer a Moisés, para que o transmita ao povo, a grande desordem moral em que se deixou cair.

Exprime-se em termos que nos ajudam a compreender a gravidade deste pecado e como ele afecta radicalmente a Aliança realizada pouco antes.

Se não se emendarem – esta condição está sempre implícita nas admoestações do Senhor, terá de recomeçar tudo desde o princípio, como com Abraão, pondo de lado este povo.

Moisés sente o dever de interceder pelo seu Povo, não atenuando o mal cometido, mas apelando para a glória de Deus, perante as outras nações, que se manifesta quando perdoa ao Seu povo.

O Senhor gostou da oração do grande libertador do Egipto e recomeça de novo, perdoando uma ofensa tão grave.

Deixemo-nos de lamentações contra o mal que encontramos sobre a face da terra, porque de nada adiantam. Criam apenas um ambiente de pessimismo e a convicção de que o cristianismo é um barco que se está a afundar.

Desagravemos os pecados e peçamos pela conversão dos que perderam o sentido da vida. Foi este o exemplo que nos deram as pessoas de Deus, e o apelo que Nossa Senhora entregou aos Três Pastorinhos na Cova da Iria.

A Sua maior alegria é perdoar

Jesus veio para nos salvar. O Mestre afirmou muitas vezes no Evangelho que não Se tomou um de nós no seio virginal de Maria, para nos condenar, mas para nos salvar.

«Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o Seu Filho Unigénito, não para condenar o mundo, mas para que seja salvo por Ele».

S. Paulo recorda esta mesma doutrina ao discípulo Timóteo, na primeira carta. Exulta de júbilo, porque o Senhor confiou nele, a pesar dos seus pecados de outros tempos, e entregou-lhe o ministério da evangelização.

O perdão dos pecadores no Evangelho. Perdoou à pecadora que procurou encontrar-se com Ele, em casa de Simão o leproso, onde tinha ido para tomar parte num banquete; e defendeu esta mulher contra a agressividade dos outros convidados. Explicou a razão pela qual a mulher tinha razão para se manifestar tão agradecida: Muito lhe foi perdoado, porque muito amou.

Perdoou à mulher adúltera e defendeu-a da sanha desumana dos que, mal intencionados, a tinham levado à Sua presença – Mulher, ninguém te condenou? […] Nem Eu te condeno. Vai em paz e não tornes a pecar.

Com divina pedagogia, soube conduzir a samaritana ao caminho da salvação e transformou-a em apóstola da cidade de Sicar.

As parábolas da misericórdia. Muitas páginas do Evangelho falam-nos da facilidade com que Nosso Senhor limpa uma vida cheia de crimes e pecados e dedica um amor infinito às pessoas a quem perdoou, como se nada de negativo se tivesse passado em suas vidas.

No Evangelho deste Domingo, S. Lucas – o Evangelista da misericórdia – recolhe as três parábolas do perdão incondicional.

– Da ovelha tresmalhada que o Pastor, em vez de a punir pela complicação que introduzira na sua vida, põe-na aos ombros e, de coração em vez, trá-la aos ombros para o redil.

– Da mulher que perdeu a dracma que, ao encontrá-la, em vez de a atirar, zangada, para o fundo da gaveta, é tal a alegria que a inunda que tem de partilhá-la com as vizinhas.

– Do Pai do filho pródigo que deixa profundamente desorientados, não só os criados da casa. mas até o irmão mais velho.

Transpomos para o conhecimento de Deus o nosso modo de ser e as experiências dolorosas que temos vivido. Talvez por isso, quando encontramos uma pessoa desorientada somos inclinados a censurá-la e a deixar de comunicar com ela.

Também quando cometemos pecados, apetece-nos procurar um esconderijo, desaparecer da vista de Deus, em vez de nos lançarmos nos Seus braços.

A maior alegria de Deus é perdoar, porque nos ama com amor de pai e de mãe, e com a nossa busca do perdão, tornamos mais útil o Seu preciosíssimo Sangue derramado no Calvário.

Não contente com tudo isto, continua a Sua misericórdia, dando-Se-nos no Sacramento da Eucaristia e entrega-nos a Sua e nossa Mãe que nós invocamos como Mãe de misericórdia.

Proclamemos agora, na família, no ambiente de trabalho e em todas as encruzilhadas da vida, que o nosso Deus é o Senhor da misericórdia que a todos deseja acolher.

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