10 de maio de 2015 – 6º Domingo da Páscoa Ano B

Deus é amor. Eis a verdade escrita há vinte séculos por S. João e retomada pelo papa Emérito Bento XVI para pista fundamental de reflexão da sua primeira encíclica. Este pensamento será hoje, sexto domingo de Páscoa, a fonte de inspiração a animar de modo muito concreto as atitudes da nossa vida.

Deus é amor

Assim se exprime S. João nas leituras da liturgia desta missa.

A liturgia apresenta-nos duas passagens de evangelho, à escolha, para leitura: o discurso da última ceia ou a oração sacerdotal. São textos diferentes com conceitos idênticos Para ambos pode fazer-se a mesma reflexão.

De qualquer modo, não poderíamos interpretar melhor os textos sagrados de hoje nem tirar conclusões mais acertadas e profundas sem referir as ideias do papa bento XVI, na encíclica em que deu precisamente o título Deus é amor. Há sem dúvida, plágio, mas não o fazendo cairíamos em omissões e erros opostos ao que a Igreja nos quer ensinar.

Fica, pois, claro que a maior parte das ideias expostas procedem diretamente dos textos sagrados desta eucaristia e da encíclica do Sumo Pontífice com alguma pobreza de linguagem, com a redução doutras pistas de reflexão que não cabem neste ligeiro esquema de sugestões.

Sigamos por este caminho, rezando a palavra que nos é proposta para meditação em tempo pascal, a caminho da Ascensão.

Registe-se o facto histórico de os textos litúrgicos serem, quanto ao evangelho, anteriores à Ascensão, e a própria paixão. Faz parte do discurso da última ceia, ao passo que as duas outras leituras são posteriores àquele mistério de luz e glória, quer a I epístola de João, quer a ação do Espírito Santo em casa de Cornélio.

No entanto, são passagens tão estreitamente ligadas que confirmam a verdade e a unidade do que se pretende transmitir. Deus é amor. Deus amou-nos primeiro. Nós devemos amar a Deus e amar o próximo.

Devemos, nem digo bem. Porque o papa nos recorda que no amor de Deus pela humanidade, o amor do homem para Deus deixa de ser um «mandamento» para se tornar uma relação sobrenatural.

Ele amou-nos primeiro

Com efeito, diz o papa, ninguém jamais viu a Deus tal como Ele é em Si mesmo. E, contudo, Deus não nos é totalmente invisível, não se deixou ficar pura e simplesmente inacessível a nós. Deus amou-nos primeiro. O amor de Deus apareceu no meio de nós, fez-se visível quando Ele «enviou o seu Filho unigénito ao mundo, para que, por Ele, vivamos».

Deus torna-se visível na medida em que em Jesus, podemos ver o Pai. Ele vem ao nosso encontro, procura conquistar-nos até à Última Ceia, até ao Coração trespassado na cruz, até às aparições do Ressuscitado e às grandes obras pelas quais Ele, através da ação dos Apóstolos, guiou o caminho da Igreja nascente. Na história da Igreja, se manifesta a presença permanente do Senhor. Incessantemente vem ao nosso encontro, através dos seus mensageiros, da sua Palavra… nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia.

A vida dos santos torna-se um hino ao amor de Deus personificado no Filho unigénito, torna-se em amor de Deus testemunhado em tantos campos da vida humana de fundadores, mártires, confessores, pastores e, almas cheias de caridade, seres humanos dos mais variados extratos sociais, espaços geográficos e escolas do pensamento, culturas, raças e continentes, desde o nascimento da Igreja até aos nossos dias.

O amor encarnado

Na liturgia da Igreja, na sua oração, na comunidade viva dos crentes, nós experimentamos o amor de Deus, sentimos a sua presença e aprendemos deste modo também a reconhecê-la na nossa vida quotidiana. Ele amou-nos primeiro, e continua a ser o primeiro a amar-nos; por isso, também nós podemos responder com o amor. Deus não nos ordena um sentimento que não possamos suscitar em nós próprios. Ele ama-nos, faz-nos ver e experimentar o seu amor, e desta «antecipação» de Deus pode despontar também em nós o amor.

O amor não é apenas um sentimento. Os sentimentos vão e vêm. O sentimento pode ser uma maravilhosa centelha inicial, mas não é a totalidade do amor.

É próprio da maturidade do amor abranger todas as potencialidades do homem e incluir o homem na sua totalidade. O encontro com as manifestações visíveis do amor de Deus pode suscitar em nós o sentimento da alegria, que nasce da experiência de ser amados.

Voltemos á encíclica para referir «o amor encarnado de Deus», «o amor sem limites», «a comunhão com todos os cristãos».

Quando Jesus fala, nas suas parábolas, do pastor que vai atrás da ovelha perdida, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro do filho pródigo e o abraça, não se trata apenas de palavras, mas constituem a explicação do seu próprio ser e agir. Na sua morte de cruz, Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo – o amor na sua forma mais radical.

Sem usurpar o papel do papa, e sem nos anteciparmos ao veredicto da Igreja, quantos membros da Igreja militante atual são testemunhas e dão testemunho de que Deus é amor, e de que amam a Deus e ao próximo, como Jesus pediu antes de se deixar imolar na cruz por cada um de nós, naquela quinta-feira bendita em que pronunciou o discurso deste evangelho.

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