10 de junho de 2023 – Santo Anjo da Guarda de Portugal

Celebremos com alegria e gratidão o nosso Deus que nos oferece o dom do Anjo da Guarda de Portugal. A devoção ao Anjo da Guarda é muito antiga em Portugal. A tradição identificou o Anjo da Guarda de Portugal com São Miguel.

 

Admirável Arcanjo: Anjo da Pátria.

Os Anjos são seres inteligentes e livres que traduzem a grandeza da santidade, da misericórdia e graça de Deus. Eles permaneceram fiéis a Deus. Amam a Deus de forma incondicional, total e eternamente. Assumiram ajudar-nos como companheiros e amigos da nossa caminhada. Mensageiros de Deus, em momentos decisivos da História da Salvação. Trazem Deus aos homens. Perto de Deus, em comunhão única com Deus, também perto dos homens.

Na intimidade do ser humano, estes mensageiros que perscrutam o que está a descoberto e o que está oculto, chamam constantemente à conversão, à oração, ao sacrifício, à santidade. Estão encarregados da guarda dos homens (Mt 18, 10; At 12, 13). São ainda protetores e defensores da Igreja (Ap 12, 1-9).

O seu nome vem da função e missão que exercem como mensageiros fidelíssimos de Deus, como colaboradores de Deus e dos homens.

“Não temas… não temais” é a oferta de paz que oferecem ao Povo de Deus e a todos os que acolhem a novidade que é Jesus Cristo. A vitória será uma certeza. Deus Amor vencerá.

“Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor” (v. 11). É o grande e inconfundível anúncio. Por isso querem preparar o nosso coração para o acolhimento da Boa Nova e para o compromisso com a mesma, isto é, com a Pessoa e a Missão de Jesus Cristo, Filho de Deus e de Maria.

Deus nunca nos abandona diante dos obstáculos, das desorientações, dos fracassos e dos desânimos. Assim como não abandona os povos e as nações que enfrentam calamidades, horrores e torrentes de maldades que destroem vidas, geram ódios e violências. O mal, nas suas mais variadas facetas, nunca vem de Deus.

Nesta luta que todos enfrentamos, pessoalmente e como Nação ou Pátria, Deus coloca ao nosso lado, à nossa disposição os Anjos para nos guiarem pelos caminhos que levam à Casa do Pai, ao abraço da Ternura Paterna, ao dinamismo da Paixão de Cristo, à torrente de verdade e vida do Espírito Santo, ao amor e serviço à Igreja e ao amor pela humanidade inteira.

Outrora no Céu, São Miguel Arcanjo, na sua missão “Quem é como Deus?” enfrentou uma plêiade de soberba, orgulho e arrogância intelectual. Agiu com a suavidade de profunda sabedoria, partilhada na beleza do amor e fidelidade a Deus, e ainda na caridade suprema. Em nome de Deus convidou à conversão, à mudança, à aceitação da vontade de Deus que é expressão da maior liberdade para qualquer criatura racional. Trouxe muitos Anjos para o campo da verdade e derrotou os que afincadamente ficaram, sem possibilidade de retorno, na opção do non serviam, não querer amar e servir a Deus. Não querer amar e seguir pelo caminho do amor, servindo Deus e os Homens.

Na terra, São Miguel, o Anjo da Paz, tem a mesma missão: preparar a todos para o acolhimento, a adoração e o amor a Deus. Os inimigos de Deus e da nossa salvação entram com toda a energia procurando causar devastação, morte e trevas como o fizeram na eternidade. Por isso, S. Miguel, nos convida às atitudes fundamentais da nossa vitória: amar e servir a Deus. Amar a todos, que começa pela atitude fundamental da nossa oração e dos nossos sacrifícios em favor de todo o Corpo da Igreja e de toda a humanidade.

São Miguel chama toda a nossa Pátria para a fidelidade amorosa a Deus e para a entrega amorosa à Igreja e a todas as pessoas. Lembra que Deus está connosco no Sacramento da Eucaristia e que o amor é a vocação e razão de ser de todos os que nasceram de Deus. Pede-nos que afastemos todos os desprezos, os ultrajes, a falta de fé, a indiferença, o sacrilégio e a maldade. Vêm do Céu para nos reconduzir ao Céu. Faz-nos, desde já, saborear as realidades da Jerusalém celeste.

O Arcanjo São Miguel, Anjo da Paz, Anjo da Guarda de Portugal, também nos incendeia de amor à Virgem Santa e Imaculada, associada de forma singular e única a Jesus Cristo.

 

O Anjo da Guarda de Portugal: estar atento a S. Miguel.

Segundo a tradição São Miguel é o Anjo da Guarda de Portugal. Magnifico Arcanjo. Magnifica missão. Estejamos atentos aos seus gestos e apelos:

1- Oração e penitência.

O Anjo chama-nos à partilha constante e permanente da nossa vida de oração e de sacrifício. Uma oração de adoração ao Único Deus Vivo e Verdadeiro, que se fez Homem e permanece connosco na Eucaristia. Uma oração que se prolongue intensamente e que atinja todos os pontos cardeais e todos os corações.

Chama-nos ao sacrifício e penitência como participação ativa, quotidiana e permanente no mistério da Paixão de Cristo, que deu a vida por todos, e nos convoca a associarmo-nos a Ele em favor de todos.

a)    Na 1ªaparição: “À maneira que se aproximava, íamos divisando as feições: um jovem dos seus 14 a 15 anos, mais branco que se fora de neve, que o sol tornava transparente como se fora de cristal e duma grande beleza.

Ao chegar junto de nós, disse:

– Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.

E, ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão e fez-nos repetir três vezes estas palavras:

– Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

Depois, erguendo-se, disse:

– Orai assim. Os Corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas súplicas. Oferecei constantemente, ao Altíssimo, orações e sacrifícios”.

b) Na segunda aparição deu-se num dia de verão, no quintal da casa de Lúcia, no Poço do Arneiro. As crianças estavam brincando sobre o poço, quando o anjo apareceu-lhes dizendo: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os corações santíssimos de Jesus e de Maria, tem sobre vós desígnios de misericórdia… eu sou o Anjo da sua guarda, o anjo de Portugal.

– Como nos havemos de sacrificar?

– De tudo que puderdes, oferecei a Deus sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai, com submissão, os sofrimentos que o Senhor vos enviar”

c) Na terceira aparição: “Erguemo-nos para ver o que se passava e vemos o Anjo, tendo na mão esquerda um cálix, sobre o qual está suspensa uma Hóstia, da qual caem algumas gotas de Sangue dentro do cálix. O Anjo deixa suspenso no ar o Cálix, ajoelha junto de nós, e faz-nos repetir três vezes: Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, (adoro-Vos profundamente e) ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores. Depois levanta-se, toma em suas mãos o cálix e a hóstia. Dá-me a sagrada Hóstia a mim e o Sangue do Cálix divide-o pela Jacinta e o Francisco, dizendo ao mesmo tempo: Tomai e bebei o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus. E, prostrando-se de novo em terra, repetiu connosco, outras três vezes, a mesma oração: Santíssima Trindade… etc., e desapareceu”. Luciano Cristino, As Aparições do Anjo 1915 e 1916, pp 4-5.

 

Santidade de Deus. Adoração. Contributo pessoal.

Pelo testemunho do Anjo que adora profundamente a Deus no Sacramento da Eucaristia, percebemos a santidade e a proximidade de Deus, acessível e verdadeiramente presente na Eucaristia. O Anjo ama e faz amar a Trindade Santa. Relembra e lembra o fundamental da Palavra de Deus: “Amar a Deus sobre todas as coisas” e Ele aí está presente na Eucaristia. Uma adoração profunda em gestos, atitudes e palavras que transformam a vida pessoal e a vida do mundo. O grande segredo para todos os tempos e para a Igreja é a Eucaristia. E não podemos esvaziar a Eucaristia deste profundo mistério, e nem deixá-lo desprezado para um plano secundário. Todos os planos e projetos pastorais deviam começar pelos joelhos diante de Jesus Eucaristia. Tanto sacrário abandonado!

O Anjo faz o convite a crer, adorar, esperar e amar. E faz o convite a fazer reparação e sacrifício pelos que rejeitam Deus e caminham na morte e para a morte, pelos que rejeitam profundamente a salvação, pelos que não se abrem à Luz. E sobretudo há como que uma “lamúria” silenciosa ao nosso desinteressado compromisso pela salvação das pessoas e à pouca incidência que a Eucaristia tem na vida de tantas pessoas.

Faz um convite a reparar os pecados cometidos contra Deus. Reparação da Santíssima Trindade por todos os sacrilégios, ultrajes, indiferenças para com o Precioso Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo presente e doado em cada Eucaristia e nos Sacrários do mundo inteiro.

Faz um convite ao amor e fidelidade à Igreja, Corpo de Cristo, aportando o nosso compromisso de fé, de amor, de esperança, de oração, de sacrifício, de entrega por todos. O que vence o poder do mal e faz com que ele deixe de ter poder sobre as pessoas é a oração, como o Anjo fez e ensinou a fazer: as atitudes orantes, os gestos de profunda adoração centralizada em Deus e o compromisso da vida que surge em conversão pessoal.

Faz um convite a não termos medo de Deus. Não temais foi a sua primeira frase. Depois mostra como é fácil encontrar e ter uma experiência profunda com o Deus Trino presente na Eucaristia. Ensina que as técnicas da oração são: fé profunda; o corpo ao serviço da oração; o amor autêntico; oração perseverante, constante, mesmo que custe, que se torne árida; vontade configurada com a vontade de Cristo; deixar Deus habitar-nos totalmente.

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