10 de abril de 2022 – Domingo de Ramos na Paixão do Senhor – Ano C

Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lucas 23,34)

Com a Liturgia do Domingo de Ramos entramos na celebração da Semana Santa. A Igreja convida-nos a viver interiormente o Mistério da Morte e Ressurreição do Nosso Redentor, descrita pelos quatro evangelistas. Sabemos que a narração dos sofrimentos de Jesus ocupam uma grande parte do Evangelho. Hoje escutamos a Paixão de Jesus, escrita por São Lucas. Jesus entra em Jerusalém, não como um rei revestido de poder político-militar, mas como o rei messiânico, montado num jumentinho, como anunciara o profeta (Zacarias 9,9).

A multidão dos discípulos aclama alegremente a Jesus, por causa de “todos os milagres que tinham visto.” Em contrapartida, os fariseus pedem: “Mestre, repreende os teus discípulos!” É curioso como Jesus responde: “Se eles se calarem, clamarão as pedras!” (Luc 19,40) Juntamente com os discípulos, também a criação vai dar testemunho. A terra vai estremecer, o sol vai perder a sua luz e o dia vai transformar-se em noite: “As trevas cobriram toda a terra, porque o sol se tinha eclipsado”[1]. Jesus é Senhor de todo o universo e a sua Redenção beneficiará todas as criaturas. “Ao nome de Jesus todos se ajoelhem no Céu, na terra e nos abismos”[2].

Jesus Cristo é o Senhor! Esta afirmação testemunha a sua divindade. Porque é de condição divina, tem pleno conhecimento da sua missão salvífica. Anunciara de antemão a sua morte em Jerusalém: “Devo seguir o meu caminho, porque não se admite que um profeta morra fora de Jerusalém” (Luc 13,33). A leitura da Paixão começa com Jesus sentado à mesa, afirmando: “Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de padecer.” (Luc 22, 15) Tinha chegado a sua hora. Jesus sabia que era a última refeição. Era a “Última Ceia” com os discípulos. Oferece àqueles que ama o alimento do seu Corpo, que vai ser entregue e do seu Sangue que vai ser derramado: “Jesus tomou o Pão, partiu-o e deu aos seus discípulos dizendo: Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós. De igual modo, no fim da Ceia, tomou o cálice e deu-o aos seus discípulos dizendo: tomai todos e bebei. Este é o sangue da nova Aliança que vai ser derramado por vós e por todos. Fazei isto em memória de mim.” (Conf Luc 22, 19-20)

 Jesus vive conscientemente a sua morte: “Ninguém me tira a vida, mas sou Eu que a ofereço livremente. Tenho o poder de a oferecer e poder de a retomar.”[3] Oferece a sua vida pela redenção de todos os homens. Cumpre plenamente a vontade de seu eterno Pai: “Pai se é possível afasta de mim este cálice. Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua.” (Luc 22,42) Antes de expirar, reza cheio de confiança filial: “Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito” (Luc 23,46). Que morte tão serena, tão cheia de paz, numa íntima conversa com Deus Pai! São Lucas é o evangelista da misericórdia divina. Antes de expirar, Jesus pediu: “Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” (Luc 23,34) Perdoando, desculpando os que O matam, Jesus revela o seu amor infinito pelos pecadores. No encontro com o publicano Zaqueu, já tinha afirmado: “Eu quero misericórdia, mais que o sacrifício, porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores. O filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido.” (Luc 19,10) Verdadeiramente podemos rezar cheios de gratidão: “Jesus Cristo amou-nos e purificou-nos dos nossos pecados, pelo seu sangue.” “Quando chegou a hora em que ia ser glorificado por Vós, Pai santo, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Oração Eucarística IV). Finalmente, oferecendo o Paraíso a um malfeitor, Jesus reaviva em nós a confiança no amor misericordioso do Pai celeste. É o triunfo completo do Amor divino! A morte de Jesus é o início do reino de Deus: “Estou no meio de vós como quem serve. Preparo para vós um reino. Comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino.” (Luc 22, 27-30)

Durante a Paixão, Jesus está sempre em união com Seu eterno Pai. “Pai, se é possível, afasta de mim este cálice.” E Deus Pai enviou do Céu o seu Anjo para O consolar (Luc 22,42-43). No meio dos sofrimentos da vida, temos sempre o recurso à oração donde brota a força para podermos “completar no nosso corpo o que falta à Paixão de Cristo.” (Col 1,24) A oração é a porta pela qual Deus envia os seus Anjos para nos confortar.

 A Eucaristia celebra o memorial da paixão, morte e Ressurreição de Jesus que nos pediu: “Fazei isto em memória de mim!” (Luc22,19) Mistério da fé! “Glória a Vós que morrestes na cruz e agora viveis para sempre. Salvador do mundo, salvai-nos. Vinde, Senhor Jesus.”

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