1 de março de 2017 – Quarta-Feira de Cinzas

O núcleo litúrgico desta quadra será a Páscoa; é um ciclo com preparativos e um tempo de felicidade consequente pela chegada do nosso Redentor que após a Paixão e Morte ressuscita.

A cinza é o símbolo do luto, da dor, da penitência; é a imagem da fragilidade humana.

No Antigo Testamento lê-se que os judeus, para expiar os seus pecados ou apartar de si as tribulações da doença, fome e guerra, recobriam de cinza, ou comiam o pão misturado com cinza.

A cinza dos holocaustos era tida como sagrada.

  1. O arrependimento interior não pode expressar-se apenas em palavras, sons vazios, significantes sem significado.

As catástrofes exteriores deixam-nos marcas económicas, contrariedades familiares, amigos perdidos, inimizades conquistadas; sabemos que «a natureza não perdoa, os homens perdoam algumas vezes, Deus perdoa sempre».

O choro exterior não leva à emenda, mas as lágrimas do coração sim, tocam a misericórdia do Senhor, inclinam-nos a atender-nos.

Cada profeta tem o seu cariz.

Isaías ensina: – não cruzemos os braços, não nos abandonemos à frouxidão e desânimo, não prejudiquemos o nosso vestuário exterior;

– o que interessa é a alma; quando esta abandona o corpo, que foi sua veste, possuída de contrição, de mágoa de haver ofendido a Deus, livre das peias do pecado,

– encarará, em definitivo, a riqueza da bondade d’Aquele que ela serviu, que escolheu e que a acolhe com clemência, compaixão e misericórdia.

  1. S. Paulo afirma-nos, hoje:

«Reconciliai-vos com Deus». Queremos ser amigos ou inimigos, queremos trabalhar espiritualmente ou ser vencidos pela preguiça, o sétimo pecado capital?

Confiar no Senhor, singularmente, é importante; convidar todas as idades, todas as profissões, todos os grupos sociais bondosos do Senhor.

Este é o ar da respiração espiritual, a concentração em Deus, uns momentos de pausa nos trabalhos físicos, o silêncio exterior que deixe existir diálogo da alma com o Senhor.

Trabalhar o campo das virtudes, no tempo, é preparar a vitória e o prémio do céu.

Cada um exerça o seu sacerdócio, batismal ou ministerial, como «embaixador» de Deus; estão reconciliados com Ele, aptos a não recebermos em vão a sua graça ficamos seguros.

  1. Paulo diz-nos que a nossa época é a ocasião mais oportuna para a misericórdia divina operar a nossa salvação.

Digamos uma vez mais ao Senhor que nos livre das tentações maldosas e de todo o mal.

  1. Importante é sabermos qual é a vontade do Senhor – Os Mandamentos.

Para o seu cumprimento praticam-se as boas obras; quando a transgredimos pecamos.

Pela repetição das obras boas adquirimos virtudes e pela repetição dos pecados aparecem os vícios.

As boas obras e os pecados são atos transitórios mas as virtudes e os vícios são hábitos permanentes.

O Evangelho de hoje apresenta-nos esses factos:

  1. a) A esmola, oração e jejum.

O arcanjo S. Rafael disse a Tobias: a oração com o jejum e a esmola, é melhor que amontoar porções de ouro.

São três obras, três tesouros que a ferrugem não consome nem a traça, nem os ladrões podem desenterrar e roubar (S. Mt.)

Jesus Cristo recomendou-as no Sermão da Montanha e por elas foi o centurião Cornélio levado pelo anjo.

  1. b) Por oração entende-se todo o ato de culto divino como recepção de sacramentos, assistência à missa, a ouvir a palavra de Deus.

Por jejum entende-se não só a abstinência de certos alimentos e a redução das refeições, mas todas a mortificação de sensualidade, da curiosidade, da loquacidade, dos deleites ilícitos.

Esmola é todo o serviço que fazemos ao próximo, especialmente as obras de misericórdia, espiritual e corporal.

Assim as obras boas são ações humanas conformes com a vontade de Deus, feitas livremente, com intenção de lhe agradar e que por Ele são recompensadas.

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