Tempo do Advento

Para cumprir a missão de «espalhar por toda a parte o perfume do conhecimento de Cristo», a Igreja dividiu o ano em partes – chamadas tempos litúrgicos -, tendo cada uma destas partes, como referência, uma grande festa.
Desta forma, o ano é marcado por uma sucessão de festas que têm como finalidade levar-nos a contemplar, um a um, todos os aspectos do mistério de Cristo: «da Incarnação e Nascimento à Ascensão, ao Pentecostes, à expectativa da feliz esperança e da vinda do Senhor».

O Advento e o Natal
O ano civil começa a 1 de janeiro; mas a liturgia segue um outro calendário e inicia o ano com o primeiro domingo do Advento. Com efeito, parece lógico que os acontecimentos da vida de uma personagem sejam apresentados a partir do dia do seu nascimento.
Contudo, não foi assim desde o início da vida da Igreja. No primeiro século, os cristãos não tinham outras festas para além da celebração semanal da Ressurreição do Senhor. No primeiro dia da semana – que até Constantino continuou a ser chamado dia do Sol e era dia de trabalho – era habitual que se se reunissem para escutar a palavra de Deus, para celebrar a Eucaristia e, primeiros anos, também para tomarem uma refeição em comum. Depois, todos voltavam às suas casas, despedindo-se até ao domingo seguinte.
Pouco a pouco passou até que a Igreja sentisse a necessidade de dedicar um dia do ano à comemoração dos acontecimentos culminantes da vida de Jesus, e por este motivo instituiu a Páscoa. Em meados do século II, esta festa encontrava-se já muito difundida entre todas as cumunidades cristãs. Mas um dia só para celebrar a Ressurreição de Cristo parecia pouco, e pensou-se então em prolongar a alegria desta festa durante sete semanas, os 50 dias de Pentecostes.
A festa do Natal do Senhor entrou para o calendário cristão muito mais tarde. Em 354 foi estabelecida a data de 25 de dezembro para recordar o nascimento de Jesus. Evidentemente não foi encontrado nenhum documento no registo civil de Nazaré – não conhecemos nem o dia nem o ano exato em que nasceu Jesus – e a escolha deriva do facto de, nessa data, ser celebrada em Roma a festa do solstício do Inverno e do aproximar-se da Primavera. Era uma festa caracterizada por uma alegria imensa, porque o Sol recomeçava a resplandecer.
Por volta do ano 600, os cristãos consideraram que a festa do Natal do Senhor deveria ser precedida por um período de preparação. Surgiram assim os domingos de Advento e decidiu-se que o ano litúrgico se iniciasse com o primeiro destes domingos, ou seja no final de novembro ou início de dezembro.
O que significa Advento?
Com estas palavras, os pagãos indicavam a vinda do seu deus. Num determinado dia do ano, eles expunham ao culto a respectiva estátua, certos de que ele estaria presente no meio dos seus fiéis, pronto a distribuir as suas bênçãos e a conceder os seus favores.
A palavra Advento era utilizada também por ocasião da visita de um rei a uma cidade, ou então para indicar o dia da coroação do soberano.
Os cristãos aplicaram todos estes significados à vinda ao mundo do seu Deus que se tinha manifestado em Jesus, todavia reservando o termo Advento para o período dedicado à preparação desta vinda.
A este ponto, alguém poderá justamente perguntar-se: Mas Jesus não veio já? Porquê, então, preparar-se como se tivesse vir outra vez?
O Natal não é o aniversário de Jesus, e o Advento o tempo para o preparar. Eram os pagãos que se preparavam assim para a festa do Sol invicto.

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