Igreja algarvia realizou ontem a abertura do Sínodo dos Bispos 2021-2023 sobre o tema da sinodalidade
O bispo do Algarve manifestou, na abertura do Sínodo dos Bispos na diocese, a vontade da Igreja algarvia em escutar todos no processo sinodal e aprender mesmo com aqueles que estão fora.
“Reparai que o Papa nos pede para nos escutarmos todos e uns aos outros, inclusivamente aqueles que têm a tendência de se autoexcluir, inclusivamente aqueles que raramente participam nas nossas celebrações e nas nossas eucaristias, incluindo até aqueles que não pertencem à Igreja”, disse D. Manuel Quintas no fim da eucaristia a que presidiu ontem ao final da tarde na igreja de São Luís em Faro.
“Queremos escutar todos para que, não só sejamos Igreja que escuta, mas também aprendamos com aqueles que, mesmo não fazendo o nosso caminho, mesmo não fazendo parte desta nossa família, têm certamente algo importante a dizer e que nos pode ser útil para sermos cada vez mais a Igreja de Cristo, fiel à missão que Ele nos deixou”, prosseguiu.
“Todos dependemos uns dos outros e todos temos a mesma dignidade no seio do povo santo de Deus”, lembrou, acrescentando que “o verdadeiro poder é serviço” e que “a sinodalidade exige que os pastores escutem atentamente o rebanho confiado aos seus cuidados, tal como requer que os leigos exprimam os seus pontos de vista com ousadia, liberdade e verdade”. “Todos se escutam uns aos outros, em espírito de comunhão fraterna e de empenho mútuo na realização da missão comum. Desta forma, a ação do Espírito Santo manifesta-se de múltiplas maneiras em todo o povo de Deus”, completou.
O processo sinodal 2021-2023, convocado pelo Papa Francisco, tem como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão” e teve a sua abertura oficial no dia 9 deste mês e ontem em cada diocese católica sob a presidência do respetivo bispo. A 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos vai decorrer até outubro de 2023, precedido por um processo inédito de consulta, e de forma descentralizada, pela primeira vez, com assembleias diocesanas e continentais.
O bispo do Algarve referiu-se ontem à “atitude primordial que deve caraterizar toda a partilha sinodal: a escuta mútua e a escuta conjunta do Espírito Santo”.
D. Manuel Quintas destacou o caminho sinodal como “um tempo de graça e dom para toda a Igreja” e, de modo particular, para a Igreja diocesana algarvia, com o qual todos são convidados “um percurso espiritual e a fazer uma experiência renovadora da Igreja”. “Um caminho, acima de tudo, espiritual como nos pede o Papa Francisco que nos deve conduzir a uma conversão pessoal e pastoral”, alertou, lembrando que o “percurso é constituído por três etapas: as comunidades paroquiais, as vigararias e as dioceses, às quais se seguirão as etapas, nacional, continental e, por fim, em outubro de 2023, a etapa universal, com a Assembleia sinodal, em Roma, constituída pelos delegados provenientes dos cinco continentes”.
“Os vossos párocos e os vigários de cada vigararia, apoiados, a nível diocesano, pelo vigário da Pastoral com a sua equipa, responderão a todas as vossas solicitações de modo que a oração, reflexão e partilha de toda a diocese, sobre os diferentes assuntos que nos são propostos, nos ajudem a promover uma renovação inadiável da Igreja, sonho anunciado pelo Papa Francisco na sua primeira exortação apostólica ‘A alegria do Evangelho’”, prosseguiu D. Manuel Quintas, lembrando que o processo sinodal visa uma “opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual, do que à autopreservação”.
“Predisponhamo-nos, meus caros diocesanos, a acolher o repto que nos lançou o Papa Francisco e iniciemos este caminho juntos com entusiasmo, criatividade e a ousadia própria de quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo. Não nos recusemos a dar o nosso contributo. Acolhamos o sonho do Papa Francisco na edificação da Igreja que todos somos chamados a ser, como nos recorda o Documento Preparatório do Sínodo: uma Igreja que faz florescer a esperança nos outros; estimula a confiança; liga as feridas; tece relações novas e mais profundas; constrói pontes; ilumina as mentes; aquece corações e dá uma força nova às nossas mãos, na realização da nossa missão comum”, pediu.
Depois do momento da comunhão foi feita a distribuição dos documentos sinodais a alguns representantes da diversidade da diocese, incluindo os vigários das quatro vigararias, tendo sido rezada a oração pelo sínodo.
Fonte: https://folhadodomingo.pt