Nas grandes cidades, os prédios erguem-se em altura e cada qual vive no seu apartamento, desconhecendo quem vive próximo. É o triste anonimato. Contamos um testemunho que vai contra a corrente.
Marta teve de sair com os filhos do seu apartamento para um mais barato. Ao chegar com a mobília, nenhum dos moradores quis saber se precisava de ajuda.
Ao ver tanta indiferença, a ponto de não se interessarem por saber pelo menos o seu nome e de a saudarem, decidiu mudar esta triste situação.
Foi bater à porta de cada apartamento e apresentou-se:
– Eu sou a Marta. Venho apresentar-me como a nova vizinha do segundo direito. Estes meus filhos são o João e a Ana Rita.
Era o início de uma conversa que serviu para quebrar o gelo inicial. Quando se encontravam no elevador ou na escada, já se ouviam as saudações: «Bom, dia, senhora Marta!» «Olá, senhor Serafim, como tem passado?».
O prédio passou a ser mais humano, pois havia ali pessoas em relação.
«ALGUÉM ESTÁ DOENTE?»
Um dia, veio nos jornais que tinha sido encontrada num prédio uma pessoa que vivia só e devia ter morrido há vários dias.
Foi uma boa razão para Marta falar com o responsável do condomínio e propor:
– Não acha que seria necessário fazer uma reunião com todos os que habitam o prédio? O assunto será este: «Os nossos vizinhos».
Ele concordou. A reunião fez-se, apresentaram-se problemas e também muitas sugestões. Ficou decidido o seguinte: «Daqui em diante, nenhuma família se irá deitar sem saber se o seu vizinho do mesmo andar está bem de saúde».
Passadas algumas semanas, quando se juntaram para um primeiro lanche de convívio, ninguém se sentiu desconhecido. Partilharam os alimentos e conviveram até às tantas.
Graças à iniciativa de Marta, derrubaram-se os muros da desconfiança e do medo e criou-se um ambiente de amizade e de alegria.
Fonte:
Jornal Cavaleiro da Imaculada
Ano 55| nº 977| agosto de 2015