Hoje, já pouca gente se espanta!

Todos os outonos são belos, ainda que sejam poucos os que são capazes de olhar para o mundo com um olhar verdadeiro e puro. Andamos convencidos de que já vimos tudo e não há mais nada a aprender. Como se já tivéssemos atingido a sabedoria e pouco houvesse no mundo que fosse capaz de nos surpreender.

Vivem a monotonia dos dias sem se darem conta de que não há dois dias iguais, nem sequer muito parecidos. A vida é sempre nova.

Um dos maiores erros desta gente desagradada e desagradável é que julgam que, por conhecerem uma pequena verdade da vida, isso já lhes dá a capacidade de verem o mundo como ele é. É impossível descobrir a verdade olhando apenas para um só parte.

O envelhecimento devia tornar-nos mais sábios, mas a verdade é que faz de uma grande parte de nós gente mais convencida de si mesma, ou seja… mais ignorante!

Envelhecemos como se a nossa vida fosse uma enorme viagem de comboio, onde, apesar de algumas paragens breves, nunca ficamos muito tempo no mesmo lugar nem jamais andamos para trás, repetindo qualquer estação. Um dia teremos de sair do comboio, mas, assim como ele já andava muito tempo antes de sermos seus passageiros, também não deixará de andar quando lhe faltarmos nós.

Espantar-se é o que resulta de olhar para dentro das coisas, para o seu ser. As aparências escondem, são apenas coberturas superficiais que muitas vezes dizem pouco do que da realidade importa.

Ninguém sabe quem são aqueles que, tendo ontem dormido sobre a terra, amanhã estarão já deitados debaixo dela.

Por mais velhos que sejamos, é sábio vivermos dia a dia, descobrindo e admirando as maravilhas que se escondem em cada pedaço do mundo e e em cada instante da existência.

O outono leva-nos ao inverno e não há inverno que não nos entregue à primavera. Mas nem só as primaveras são belas. Isso é apenas o que aqueles que não se espantam passam a vida a dizer a si mesmos e aos outros.

A existência é sempre grandiosa.

Em cada estação, em cada hoje.

 

Fonte: https://agencia.ecclesia.pt

Autor: José Luís Nunes Martins

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