Catequese: Vaticano defende maior atenção às pessoas com deficiência

Novo Diretório sublinha atenção a questões sociais, ecológicas, culturais e espirituais do mundo contemporâneo

Cidade do Vaticano, 25 jun 2020 (Ecclesia) – O Vaticano apresentou hoje o Diretório para a Catequese, que defende uma maior atenção às pessoas com deficiência, migrantes e reclusos, na ação das comunidades católicas.

“As pessoas com deficiência constituem uma oportunidade de crescimento para a comunidade eclesial que, com a sua presença, é incentivada a superar os preconceitos culturais”, refere o documento, divulgado esta manhã pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O texto orientador da pastoral catequética desafia cada diocese a promover o acolhimento e “presença habitual das pessoas com deficiência”, marcando posição em favor de uma cultura da inclusão “contra a lógica do descarte”.

“As pessoas com deficiências intelectuais vivem a relação com Deus no imediatismo da sua intuição e é necessário e condigno acompanhá-las na vida de fé. Isso exige que os catequistas procurem novos canais de comunicação e métodos mais adequados para favorecer o encontro com Jesus”, pode ler-se.

O documento sugere formação específica e pede que os catequistas acompanhem também as famílias de pessoas com deficiência, “acompanhando-as e favorecendo a sua plena inserção na comunidade”.

Os sacramentos são dons de Deus e a liturgia, ainda antes de ser compreendida racionalmente, pede para ser vivida: portanto, ninguém pode recusar os sacramentos às pessoas com deficiência”.

O novo Diretório, terceiro documento do género em 50 anos, apela à presença dos migrantes no setor da Catequese, promovendo até a sua língua materna, para evitar a “perda dos seus ritos e da sua identidade religiosa”.

Outra nota liga-se à pastoral nas prisões, sustentando que o encontro com a Palavra de Deus “pode consolar e curar até a vida mais devastada pelo pecado, além de abrir espaços para a reeducação e a reabilitação”.

Desde o Concílio Vaticano II (1961-1965) foram publicados o Diretório Catequístico Geral, em 1971, e o Diretório Geral de Catequese, de 1997; a 11 de outubro de 1992, São João Paulo II publicou ainda o Catecismo da Igreja Católica.

O Diretório para a Catequese lançado esta manhã sublinha atenção a questões sociais, ecológicas, culturais e espirituais do mundo contemporâneo, propondo uma Igreja “capaz de acolhimento e proximidade, ativamente atenta às pessoas que vivem em sofrimento, pobreza e solidão”.

O Vaticano propõe uma Catequese “sensível à salvaguarda da criação”, que promove uma cultura da atenção “tanto ao ambiente como às pessoas que o habitam”

“A par de uma preocupante desigualdade social que, muitas vezes, desemboca em alarmantes tensões planetárias, está a alterar-se profundamente o horizonte de significado da própria experiência humana”, adverte.

Testemunho e anúncio, palavra e sacramento, mudança interior e transformação social. Todas estas ações são complementares e enriquecem-se reciprocamente.

O texto realça que a Catequese participa no desafio eclesial de se opor a “processos centrados na injustiça, na exclusão dos pobres, no primado do dinheiro” para se constituir, pelo contrário, em “sinal profético de promoção e de vida plena para todos”.

O novo Diretório foi apresentado hoje à imprensa pelos responsáveis do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (Santa Sé), que desde 2013, por decisão de Bento XVI, hoje Papa emérito, assumiu entre as suas competências o setor da Catequese.

Falando em dinâmica de conversão missionária, o documento apela para que cada paróquia se interrogue “acerca do tipo de catequese que propõe, sobretudo nos novos contextos sociais e culturais”.

Foto: Catequese/Patriarcado de Lisboa

“Cada Igreja particular é convidada a desenvolver da melhor maneira a catequese como expressão evangelizadora dentro do seu contexto cultural e social. Toda a comunidade cristã é responsável pela catequese, ainda que somente alguns recebam do Bispo o mandato para serem catequistas. Estes agem e operam sob forma eclesial em nome de toda a Igreja”, indica o texto.

O documento destaca o papel das associações, movimentos e diferentes grupos eclesiais, bem como das escolas católicas, aludindo ainda ao ensino da religião, defendendo uma distinção “clara”.

A Santa Sé questiona ainda a “ideologia do género”, uma visão da sexualidade como “construção social que se decide autonomamente, totalmente desvinculada do sexo biológico”.

Em Portugal o novo documento orientador da Catequese vai ser editado pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã, com apresentação da obra nas Jornadas Nacionais de Catequistas.

OC

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