4 de abril de 2021 – Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor -Ano B

A Páscoa é a festa mais importante do calendário litúrgico.

Celebra-se a transformação da vida caduca deste mundo em vida perene.

A própria palavra Páscoa, que significa passagem, evidencia que se trata de uma passagem de um estado de aniquilamento e de constante deterioração para um estado dinâmico de perfeição sem fim.

 

Há que distinguir entre reanimação e ressurreição. A primeira palavra significa regressar à vida terrena. É o caso de Lázaro que, depois de morrer, foi de novo trazido à vida física por Jesus, vindo a morrer mais tarde, naturalmente, como qualquer um de nós. A segunda palavra (ressurreição) indica que, depois da passagem da vida terrena há, para qualquer ser humano, uma outra vida que não acaba.

 

Pela primeira leitura da celebração de hoje subentende-se o zelo e o fogo que Pedro imprimia ao seu apostolado. Como consequência do seu contacto com o Senhor fala das suas certezas e apela, cheio de fé, para a conversão de todos os que o rodeiam, pois tendo Jesus de Nazaré ressuscitado, trouxe a Salvação a todos os que acreditam n’Ele.

Na segunda leitura, São Paulo recomenda que não nos deixemos seduzir pelas coisas deste mundo. Sem fugirmos às realidades da vida presente e aos cuidados inerentes às tarefas de cada um, não nos podemos deixar “abafar” pelas preocupações terrenas. Se acreditamos nos valores que Cristo nos comunicou, devemo-nos esforçar por os pôr em prática. Está, portanto, implícito nas suas admoestações o desapego aos bens materiais e a prática do autodomínio para combater as tendências menos boas.

Antes de nos determos numa análise do Evangelho deste Domingo, lembremos mais uma vez as leituras cheias de simbolismo, extraídas dos livros bíblicos do Génesis, do êxodo, dos Salmos, dos profetas Isaías e Ezequiel e os textos das ladainhas, dos santos, a bênção da água batismal, a renovação das promessas do batismo, etc, que foram mensagem rica e bela da Solene Vigília Pascal e nos ajudaram a penetrar no apogeu da Celebração da Eucaristia da Ressurreição: glória máxima e culminante da nossa Fé em Cristo. As trevas da morte e do pecado foram ultrapassadas. Brilha a confiança, a certeza da salvação para toda a humanidade.

Anteriormente houvera a caminhada dura da Quaresma, tempo de purificação e oração por excelência. Houvera a morte de Jesus que, feito homem, passou pelos mesmos trâmites e situações de qualquer um de nós. Podemos dizer que há três fases na vida de cada pessoa humana, ou melhor, três espécies de vida, a vida pré-natal no seio materno, a vida terrena, mortal e a vida eterna, iniciada com a morte. Jesus que se fez um de nós e em tudo nos igualou, excepto no pecado, passou por estes três estádios e, com a Sua Ressurreição, possibilitou-nos o gozo beatífico, isto é, a posse de Deus. Com a ressurreição dá-se, pois, o início de uma vida nova, eterna, gloriosa.

O entusiasmo desta vida nova, que Jesus Cristo nos traz, prolonga-se durante cinquenta dias. No entanto, devemos partilhar dessa entusiástica alegria e encetar uma vida renovada não só durante este período da festa pascal. Para nós, cristãos, o júbilo da Ressurreição deveria ser motivo de permanente felicidade. Esta felicidade traz-nos, porém, a responsabilidade do anúncio do Reino de Deus, para que este se expanda cada vez mais e seja cada vez maior o número de participantes no mistério da vida divina.

Todo o Evangelho de São João nos ajuda a compreender claramente a missão dos apóstolos de ontem, de hoje e de sempre, pois que unidos a Cristo Ressuscitado, promovem uma autêntica e permanente renovação de vida. Como Maria de Magdala, Pedro e João, todos nós devemos levar o anúncio da ressurreição ao mundo inteiro.

Tenhamos, por isso, em mente que Jesus ressuscitado está na atualidade tão presente, ou mais ainda, do que o Jesus que percorria as estradas da Galileia. Agora podemos ser alimentados com os sacramentos pascais e, através da sua força, ou melhor, da sua graça, tornamo-nos templos da Santíssima Trindade. E com Ele o nosso esforço transformará a humanidade e o mundo.

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