26 de setembro de 2021 – 26º Domingo do Tempo Comum – Ano B

A Boa Nova de Jesus que hoje nos é trazida através do evangelista Marcos, alerta-nos para sentimentos por vezes também presentes em nós, mesmo que sub-repticiamente, embora tenhamos dificuldade em admiti-lo: “o ciúme, a inveja, a soberba, o açambarcamento”. Não nos damos conta, mas quantas e quantas vezes eles lá estão no fundo do coração do homem, do nosso próprio coração, em muitas das nossas atitudes. Aceitaremos nós que o Senhor se revele mesmo através de acontecimentos ou pessoas que não nos pareceriam as mais indicadas? Somos frequentemente tentados a considerar com ligeireza os que não pensam como nós, os que não pertencem ao nosso partido, os que não praticam a nossa religião. Julgamo-nos os únicos possuidores da verdade, em todos os domínios: social, político, e religioso. Julgamo-nos os únicos a quem Deus distribui os seus dons. E isto é soberba, açambarcamento, inveja. E, tenhamos a coragem de reconhecê-lo, estes sentimentos habitam por vezes no fundo do coração do homem. Mesmo do homem que, dia a dia, vive em contacto com grandes Homens de Deus – como o Josué, da primeira leitura, que, apesar de servir Moisés desde a sua juventude, ainda se não deixava embuir do seu espírito magnânimo: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor infundisse o Seu Espírito sobre Eles”, é a grande resposta de Moisés à sugestão do seu servo.

Sentimentos que habitam até no homem que, dia a dia, anda em contacto com Deus – lá ouvimos no Evangelho, João, o discípulo predilecto do Senhor, que chega ao ponto de querer proibir que outros também expulsem demónios em nome de Jesus. E é preciso o Senhor adverti-lo: “Não lho proibais… Quem não é contra nós, é por nós”.

O Deus da Bíblia não tem fronteiras. O Espírito de Deus é Espírito de Liberdade, de surpresa. Atua onde quer, como quer e através de quem quer. O mais importante é que a palavra de Deus seja anunciada. A verdade não é minha nem tua, não é propriedade exclusiva de ninguém. A verdade é Cristo que está em todos e cada homem pode ser Seu profeta. Até mesmo aquele que, embora não pertencendo à nossa religião, propõe e pratica uma maior justiça na Terra, defendendo uma melhor distribuição dos bens de que, lembremo-nos, somos apenas administradores e não senhores.

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