18 de fevereiro de 2015 – Celebração de Quarta-Feira de Cinzas

Ao iniciar mais um tempo Quaresmal, recordamos esta frase do Salmo da Missa de hoje (Salmo 50/51,15): «Dai-me de novo a alegria da Vossa salvação».

Como é agradável começar a Quaresma com esta prece: «Dai-me de novo a alegria da Vossa salvação».

Recorda-nos a cerimónia da imposição das cinzas: que o homem «é pó e ao pó há-de voltar; ou frisando: «arrependei-vos e acreditai no Evangelho», todos nós ao mesmo tempo aspiramos à alegria da salvação divina.

A Quaresma, que hoje começa, é um grande retiro espiritual de quarenta dias, em preparação para a Páscoa. Tirando os Domingos, em que não se jejuava, eram exatamente 40 dias de rigorosa penitência, antes da ressurreição do Senhor.

Porquê quarenta? Porque Moisés, o grande legislador e condutor do povo de Deus, jejuou durante quarenta dias, antes de se aproximar do Senhor, no Monte Sinai. Do mesmo modo procedeu Elias, o Profeta do monoteísmo e dos prodígios, a fim de se preparar para entrar em contacto com Deus no Monte Horeb. Sobretudo Nosso Senhor Jesus Cristo passou quarenta dias na mais rigorosa penitência, antes de começara sua pregação: «Então Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demónio. Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome». São Lucas, acrescenta: «Durante este tempo, Ele nada comeu».

É tempo de ouvirmos e pormos em prática as palavras de São Paulo: «Nós vos exortamos a não receber em vão a graça de Deus, pois Ele diz: “No tempo favorável escutei-te, no dia da salvação socorri-te” É agora o tempo favorável; é agora o dia da salvação».

Penitência interior, que o Concílio define «detestação do pecado por ser ofensa de Deus», isto é, arrependimento dos nossos pecados. Neste sentido, dizemos, por exemplo: «São Pedro penitente» e «Santa Maria Madalena penitente». Devemos pedir perdão dos nossos pecados, porque todos temos as nossas machas. São Paulo insiste: «Nós vos pedimos por amor de Cristo. Reconciliai-vos com Deus». A primeira leitura da missa de hoje reproduz estas palavras do Senhor: «Voltai para Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes. Voltai para o Senhor vosso Deus. Ele é clemente e compassivo, lento em irritar-se e rico de bondade, disposto a revogar o castigo».

Esta penitência interior há-de manifestar-se, dum modo particular, no Sacramento da Penitência ou da Reconciliação, do qual todos os bons cristãos se aproximam neste tempo, para cumprirem o segundo Mandamento da Santa Madre Igreja: «Confessar-se ao menos uma vez cada ano».

Oração

Tanto o Concílio como a Liturgia lembra-nos o dever da oração mais intensa durante este tempo da Quaresma. É tempo de pôr em prática a exortação de Jesus: «É necessário rezar sempre, sem jamais esmorecer».

A oração, mesmo quando feita em pública, deve ser humilde e discreta, tendo sempre em vista a glória de Deus e não a exaltação própria, como nos recorda o Evangelho.

Caridade

A Quaresma é por excelência um tempo de partilha, tanto dos bens espirituais, como materiais, a favor dos pobres e das obras apostólicas da Igreja. Mas também esta deve ser praticada às ocultas, de tal modo que «não saiba a tua mão esquerda o que faz a mão direita».

Frutos da Quaresma

A Sagrada Escritura fala-nos de duas Quaresmas em sentido opostos. Porque no tempo de Noé, o povo não quis ouvir a Palavra do Senhor, não emendou a vida, não se converteu, ficou submerso nas águas do dilúvio, que durante 40 dias inundaram a terra. Se não aproveitarmos estes 40 dias para a nossa conversão pessoal, não teremos que experimentar os efeitos da justiça divina? «Se não fizerdes penitência perecereis todos».

Pelo contrário, os habitantes de Nínive acreditaram nas palavras de Jonas, cobriram-se de cinza, e fizeram penitência. Quando ao cabo desta Quaresma a cidade deveria ser arrasada, nada lhe aconteceu, porque mudaram de vida e converteram-se os seus habitantes. Seja assim com cada um de nós!

A nossa oração, penitência e caridade, hão-de alcançar para nós o perdão de Deus, a purificação da alma, e estes quarenta dias serão para nós «o temo favorável e o dia da salvação».

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