15 de setembro – Nossa Senhora das Dores

Em geral, quando nos referimos às dores de Nossa Senhora, fazemo-lo num tom melodramático, como se fossem uma desgraça sem remédio.

Ao propor-nos hoje a memória de Nossa Senhora das Dores, a Liturgia quer ajudar-nos a aprofundar o mistério da missão corredentora de Maria, em união com o seu Filho.

Conscientes de que os nossos pecados pesaram na Paixão de Jesus e de Maria, reconheçamos humildemente as nossas culpas e peçamos perdão.

Maria, corredentora

O Autor da Carta aos Hebreus fala-nos da Missão Redentora de Jesus.

Cristo, Deus e Homem das dores. Tal como havia sido profetizado ao longo dos séculos, especialmente por Isaías no Servo de Iavé, Cristo não seria um Rei triunfalista, como sonhavam muitos judeus, mas havia de nos resgatar pela Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

E assim, na Sua vida pública, o Mestre procura gravar a fogo no coração e na inteligência dos Apóstolos esta verdade fundamental, todas as vezes que Se lhes revelava como sendo o verdadeiro Messias.

Muitas vezes pedia segredo sobre esta verdade, porque bem sabia as ideias erradas acerca do Redentor que andavam na mente das pessoas, e esta revelação poderia desencadear uma catástrofe política; mas logo falava abertamente do seu Mistério Pascal.

Maria, corredentora em união com Jesus. Num primeiro olhar, ficamos desconcertados com a facto de o Senhor pedir mais sofrimento às pessoas que mais ama: Maria e José.

De facto, a tradição costuma enumerar as muitas dores de Maria – sete é um número bíblico de plenitude – na sua caminhada terrena:

– Quando S. José resolveu afastar-se em segredo, julgando-se um intruso na vida de Maria, até que um Anjo em sonhos o tranquiliza;

– Quando Simeão, na Apresentação de Jesus no Templo lhe profetiza que este Menino está posto como sinal de contradição;

– Quando tem de fugir inesperadamente, de noite, para o Egipto;

– Quando perde Jesus, aos doze anos, no regresso do Templo;

– Quando S. José morre nos seus braços;

– Quando Jesus parte para a Vida Pública;

– Quando segue Jesus no caminho do Calvário e O contempla na Cruz esmagado pelos sofrimentos.

Maternidade e dor. Por que será que, neste mundo, a maternidade anda inseparavelmente unida ao amor?

Podemos dizer com verdade, que as mães concebem e dão à luz os filhos muitas vezes, percorrendo o caminho do sofrimento até que partem para o Céu, continuando aí a sua missão maternal

Sendo Maria a melhor das mães e Aquela que tem mais filhos – a sua maternidade, como profetizara o Senhor ao Patriarca Abraão é mais numerosa que as estrelas do céu, porque é Mãe de todos nós, foi chamada por Deus a um sofrimento único.

Mas, tal como Jesus se referia à Sua Paixão e Morte e Ressurreição como um triunfo – «E Eu, quando for elevado da terra atrairei todos a Mim» – de modo semelhante, não podemos olhar para as dores de Maria como desgraça sem remédio, mas como pedras preciosas de uma coroa de triunfo.

 

Maternidade dolorosa e fecunda

Do trono da Cruz, no Calvário, Jesus proclama solenemente a maternidade universal de Maria: Senhora, eis o teu filho! E logo a discípulo amado, representante de todos nós: Eis a tua Mãe!

Maria, Mãe de todos nós. A maternidade universal de Maria é uma consequência da sua maternidade divina. Escolhida para Mãe de Jesus – Cabeça do Corpo Místico do qual todos fazemos parte – é-o também de todos os membros.

Chamá-l’A Mãe não é, portanto, dizer uma palavra amável que não corresponderia à realidade, mas proclamar uma verdade consoladora.

Quando o Senhor chama uma pessoa a determinada missão, dá-lhe as qualidades necessárias para dela se desempenhar. Ao escolher Maria para nossa Mãe, dilatou o seu Coração Imaculado para que todos coubéssemos nele. Não acontece assim com as mães de muitos filhos, da terra? À medida que a família vai aumentando, a mãe não diminui a porção de amor que antes de um novo nascimento dedicava a cada um.

Maria acompanha-nos continuamente com o pensamento e com o olhar, cuida de nós e atende-nos com a melhor das solicitudes.

Caminho seguro. Por misteriosos desígnios de Deus, uma réstia de devoção a Maria numa pessoa afastada dos caminhos da salvação é uma garantia de que, mais dia, menos dia, regressará à família.

Nós mesmos temos experimentado muitas vezes na vida que quando o desânimo, a tibieza ou qualquer outro mal nos invade, sentimo-nos rejuvenescer com um pequeno gesto de amor filial para com Maria.

Deus quer perpetuar a fecundidade das suas dores vividas na terra com graças especiais de conversão, sobretudo nos seus Santuários, – Casas da Mãe, na expressão feliz do Santo João Paulo II.

Maternidade e Eucaristia. Maria está de modo especial presente na Celebração da Eucaristia, renovação do Sacrifício do Calvário.

Tudo quando de humano Jesus oferece ao Pai na Cruz – o Corpo e o Sangue – é oferta de Maria.

Devemos, pedir-lhe uma ajuda especial para participarmos de cada vez melhor neste acontecimento único da história da Salvação.

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