14 de setembro de 2020 -Festa da Exaltação da Santa Cruz

A celebração da Festa da Exaltação da Santa Cruz está intimamente relacionada com as festividades que remontam aos acontecimentos da descoberta da Cruz de Cristo e à edificação e dedicação da Basílica do Martyrion, em Jerusalém. Com a sucessão dos tempos, ficou fixada esta data em que a Igreja convida os seus filhos a fixarem o seu olhar e o seu coração na Cruz do Senhor, lugar onde se operou definitivamente a Redenção. 

1. CRUZ GLORIOSA.

A Cruz que celebramos não é sinal de derrota, de fanatismo, de cruzada proselitista. Mas sinal do mais belo sacrifício do Filho de Deus, que projetou sobre todos rios de liberdade, de humanidade, de misericórdia, de santidade.

Cruz gloriosa que nos conquistou para um plano elevado da filiação divina, nos redimiu do pecado e da morte, nos permitiu encontrar a comunhão com Deus, nos mergulhou na gratuidade salvífica do sangue de Cristo.

Cruz gloriosa, síntese do projeto de Jesus Cristo que permitiu a maravilhosa revelação de Deus que se faz próximo, amigo, pai. E permitiu revelar o Homem a quem Deus tanto ama. Cruz que revela como somos radicalmente filhos, irmãos. Cruz que destrói os interesses mesquinhos e situações de superioridade que escravizam, que enganam, que destroem. Cruz que afirma o verdadeiro Messianismo, o genuinamente bíblico, o genuinamente feito encarnação, feito paixão, morte e ressurreição.

 

2. Cruz nos Cristãos.

“ Se alguém quiser vir após mim tome a sua cruz e siga-me”. Os erros que há sobre a Cruz de Cristo são os erros sobre Deus. Esse erro fatal afasta  o cristão da conversão, do cumprimento esmerado da vontade de Deus, da luta constante e persistente, de um verdadeiro caminho de santidade. E forja personalidades débeis, sem coragem, sem luta, sem compromisso, sem heroísmo.

A verdadeira teologia sobre a Cruz ilumina de uma forma bela a dignidade humana, o verdadeiro sucesso dos povos, o sentido do sofrimento.

A Cruz situa o cristão na sua verdadeira vocação e missão. Que está para além das simpatias, das emoções ou dos interesses. Ela mesma assinala os verdadeiros dons e ministérios. Por ela se percebe a autenticidade do servidor. Ela leva a viver com convicção profunda o que falta à paixão de Cristo, em favor do seu corpo, que é a sua igreja (cf.Col.1,24).

A Cruz conduz à sabedoria de levar no nosso corpo os sinais da morte de Cristo; a sabedoria do dar a vida, do perder a vida; do despojamento do homem velho e do revestir-se do homem novo. Incentiva à formosa ciência e sabedoria de não querer saber mais nada a não ser Cristo e Cristo crucificado (cf. 1Cor.2,2).

A Cruz permite-nos expiar os nossos pecados e os pecados do mundo. Convida-nos a uma generosa vida de mortificação e de penitência voluntária. Permite-nos amar de forma incondicional e estar sempre disponíveis para o perdão e para a partilha.

A Cruz é companheira inseparável dos santos. Todos a amaram. Todos se gloriaram dela. Todos dela ressuscitaram.

 

3.     MURMURÁMOS CONTRA O SENHOR

As descrições narrativas do Povo de Deus no deserto fazem-nos tomar consciência da vulnerabilidade e falta de perseverança do povo escolhido. Durante a sua saída do Egipto, continuamente nos damos conta que o Povo de Israel murmura contra Deus e contra Moisés, esquecendo-se facilmente das dramáticas condições e circunstâncias em que vivia no Egipto. É, portanto, um Povo ingrato e sem capacidade de resistência às mínimas dificuldades. Também hoje, nos dias em que vivemos, é habitual encontrarmos nos nossos meios pessoas que, depois de tantas graças recebidas da parte de Deus, são incapazes de perseverarem no amor e na fidelidade ao Senhor. A falta de amor ao Senhor e a consequente ingratidão espoliam o cristão da sua resistência espiritual, sujeitando-o aos terríveis dramas que assolam a humanidade. Por isso, resta-nos a capacidade de olhar a Cruz do Senhor com a certeza que nela somos salvos.

4.     O FILHO DO HOMEM TEM QUE SER ELEVADO

No diálogo com Nicodemos o Senhor apresenta o mistério da exaltação da Santa Cruz. Assistidos pela leitura do Livro dos Números, percebemos como o olhar a serpente de bronze era o remédio para as mordidelas das serpentes. Do mesmo modo, diante das insídias do mal, também a Cruz do Senhor é o lugar de cura e de salvação. Em si mesma, a Cruz não tem qualquer poder. No entanto, a partir do momento em que nela é pregado e morre o Filho de Deus, um novo horizonte surge, pois o que antes era lugar de suplício torna-se lugar de glória e redenção. Assim sendo, o que o Senhor dizia a Nicodemos completa-se na Cruz, pois é na Cruz que o Filho de Deus é elevado da terra e é a partir desta possibilidade pascal que o Homem pode tomar parte na vida eterna. Deste modo, o dia de hoje é um dia para olharmos o Senhor elevado na Cruz, fixarmos o nosso olhar neste acontecimento de Amor e gozarmos desde já esta possibilidade da vida em Deus.

 

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