Baixar os braços, reginar-se diante do enorme poder do pecado que impera no mundo e em nós: é uma tentação perigosa.
Profetas da desgraça são aqueles que repetem: «Não vale a pena empenhar-se, nada mudará», as guerras, as injustiças, os ódios existirão sempre».
Não os escutemos. Quem, como Paulo, «conheceu o pensamento do Senhor», vê a realidade com outros olhos, vislumbra o mundo novo que está a nascer e com optimismo anuncia a toda a gente: «Vou realizar algo novo, que já está a aparecer: não o notais?»
Na nossa vida pessoal damo-nos conta de desaires, misérias, fraquezas, infidelidades. Não nos conseguimos desapegar de defeitos e mau hábitos. As paixões desregradas dominam-nos, somos obrigados a adaptarmo-nos a uma vida de equilíbrios penosos e hipocrisias humilhantes. Medos, desilusões, remorsos, experiências infelizes tornam-nos incapazes de sorrir. Será ainda possível recuperar a confiança em nós próprios e nos outros? Haverá ainda alguém que nos possa dar de novo a serenidade, a confiança e a paz? Não existe condição de escravidão da qual o Senhor não nos possa libertar, não existe abismo de culpa do qual não nos queira erguer. Ele aguarda apenas que tomemos consciência da nossa condição e lhe dirijamos as palavras do salmista: «Dos confins da terra grito por ti, Senhor».
O Evangelho de hoje convida toda a gente a «levantar a cabeça». Não existe caos do qual Deus não possa fazer um mundo novo e maravilhoso.
Este mundo nasce no próprio instante em que se permite a Deus que realize o seu Advento na nossa vida.