Durante a Quaresma fomos convidados a uma reflexão mais profunda sobre a nossa reconciliação com Deus e com os irmãos.
Hoje, recorda-se o dia em que Jesus celebrou com os Seus discípulos a Ceia Pascal. Toda a Ceia foi uma manifestação de amor aos seus discípulos e à humanidade inteira.
São Paulo narra-nos na segunda leitura a instituição da Eucaristia.
“Ele que amava os Seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim”.
Amar até ao fim para Jesus significa passar além do possível e do compreensível para nós. Ele que conhecia bem os seres humanos, com toda a sua insatisfação e desejo de felicidade, sabia que só uma instituição divina podia aplacar a imensa fome de Deus que eles sentiam.
“O Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e deu graças; depois partiu-o e disse: “Isto é o Meu Corpo que será entregue por vós”.
O pão e o vinho, convertidos no Corpo e Sangue de Jesus Cristo, foram, naquela noite, o anúncio e a antecipação da morte do Senhor e são hoje o Seu Memorial. “Fazei isto em memória de Mim”.
Quando Jesus ordenou que se fizesse o mesmo em Sua memória estava a dar aos discípulos o poder de transformarem o pão e o vinho no Seu Corpo e no Seu Sangue. Foi assim que a instituição da Eucaristia trouxe consigo a instituição do sacerdócio. Nascidos na Eucaristia o sacerdócio continua, para sempre, a obra redentora de Jesus.
Na terceira leitura João relata-nos um gesto de Jesus que deixou os discípulos bastante surpreendidos: “Deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos”. Era um serviço próprio de escravos e, no entanto, o Mestre fê-lo para dar o exemplo e mostrar o Mandamento Novo do Amor.
Pedro, na sua humildade, ficou tão chocado que começou por resistir, pois não entendia ainda que o amor toma os homens iguais, pois não há Mestre e discípulos, são todos irmãos.
“Eu dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, façais vós também”.
O Mandamento Novo que o Senhor nos deu: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amai” é impossível à natureza humana. Para nos tornarmos capazes de amar como Ele, “até ao fim”, é necessário deixarmo-nos transformar n’Ele e por Ele. É meditando nos gestos de Jesus relatados nesta celebração e recordando que o Senhor nos deixou a Eucaristia para ajudar a essa transformação, que cada um de nós crescerá no amor (comunhão) e na missão (responsabilidade). Com humildade e oração, amando e servindo os nossos irmãos, a transformação vai-se fazendo e aperfeiçoando ao longo de todos os dias da nossa vida.