Uma Missão sem fim

A Igreja Católica dedica em outubro uma atenção particular à ação missionária, reforçando os apelos ao compromisso evangelizador de todos os batizados. Talvez por uma questão histórica ou cultural, à figura do missionário está (justamente) associada uma imagem de heroísmo, de superação, numa justa homenagem ao esforço tantas vezes sobre-humano de tantos homens e mulheres que levaram a mensagem do Evangelho aos cinco continentes, ao longo dos séculos.

A questão é que essa imagem acaba por ser muitas vezes uma “barreira” à ação concreta dos católicos no seu quotidiano. Claro, nem todos são chamados a sair da sua terra, mas há uma ideia de “normalidade” associada à missão, em todos os ambientes onde os crentes se encontram, que convém descobrir. Num mundo globalizado, a ausência de afirmação de valores e convicções cria um espaço em branco que rapidamente é ocupado por outras propostas e protagonistas.

Tudo isto sem menosprezo para a missão “ad gentes”, essencial para que a fé se espalhasse para lá das fronteiras anteriormente estabelecidas e chegasse efetivamente a todo o mundo, segundo o mandato explícito de Jesus Cristo registado pelos Evangelhos.

A missionação trouxe, historicamente, mais consequências religiosas e sociais do que um aumento do número de Batismo e de participantes na Missa, indo para além de meras estratégias de conquista ou reconquista. A originalidade do Cristianismo é mais do que as formas ou os sistemas a que deu origem, durante séculos, mas a sua capacidade permanente de integrar e suscitar novidades, aceitando o confronto com o desconhecido. É por isso, uma Missão que não tem fim.

Octávio Carmo,

Agência ECCLESIA

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