Turismo, rotundas e esplanadas

José Mourinho disse nos anos cimeiros da fama, quando se sucediam bons resultados e vitórias por cá e pela Europa, que o mais difícil não é chegar ao topo, mas saber como se aguentar por lá! De facto, até pelo próprio exemplo do treinador “especial”, conseguir manter o primeiro lugar ano após ano, competição após competição é realmente o mais custoso, quase impossível, pelo decorrer dos acontecimentos, da vida dos seus protagonistas e dos condicionalismos da história.

Nestes meses de verão e em quase todos os outros do ano, Portugal é ponto de chegada para muitos turistas, transformando a configuração humana de muitas cidades. Também neste setor, o desafio consiste em manter a opção por Portugal no topo, diria o atual quinto melhor treinador do mundo.

A indústria do turismo tem mobilizado cidadãos, empresas e instituições, públicas e privadas, na tentativa de conseguir responder à enchente que se vive diariamente em cidades como Lisboa ou Porto. Entre as respostas estão, sobretudo, a necessidade de criar as estruturas urbanas que facilitem a circulação de quem nos visita e espaços de alojamento e alimentação que respondam à crescente procura. As primeiras fazem nascer rotundas nos sítios mais improváveis e as segundas plantam esplanadas em todos os recantos. E todas são precisas!

Portugal tem, no entanto, que oferecer mais do que rotundas e esplanadas. Quem nos visita e se encanta pelo sol e pela alimentação deve levar na bagagem motivos para regressar, não só pelo acolhimento que acontece e as saudades dos petiscos, mas também, e sobretudo, pela capacidade de oferta cultural, de entretenimento e de humanismo que cidadãos e instituições forem capazes de fazer. Assim, depois de criar todos os circuitos por cidades e aldeias, de construir os vários abrigos e montar todas as esplanadas, é necessário criar ofertas qualificadas para cada turista no âmbito no âmbito da cultura, do lazer, do mar, dos rios, das barragens, dos parques naturais, das matas qualificadas, dos monumentos património mundial e de tantos outros recantos que permanecem escondidos de quem visita Portugal e podem ser um fator decisivo para que voltem pela segunda, terceira ou quarta vez…

A Igreja Católica tem especial responsabilidade neste setor! Tanto pelo património cultural que tem a comunicar, como pelos ambientes que dinamiza e estão na origem da escolha por Portugal para destino de dias de descanso, nomeadamente o Santuário de Fátima e outros locais de culto e de cultura que referenciam um modo de vida de acordo com o Evangelho.

Felizmente, há ótimos exemplos de boas práticas já em curso! A Igreja e Torre dos Clérigos talvez seja o que melhor o comprova pela capacidade que existiu de qualificar a oferta aos turistas que visitam o Porto, pelas iniciativas culturais que caraterizam a vida nos Clérigos e pela comunicação de tudo isso a quem chega e a quem está longe e quer fazer escolhas! Um exemplo a seguir e a desafiar a criatividade e o investimento necessário de quem tem muito para mostrar! Como no caso dos Clérigos, o retorno é garantido!

 

Paulo Rocha, Agência ECCLESIA

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