Solidariedade: É «impossível» falar em família humana com «filhos de primeira e de segunda» alerta presidente da Cáritas

Semana dedicada à organização católica celebra-se entre 1 e 8 de março

Fátima, Santarém, 28 fev 2015 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa explicou no contexto da Semana Cáritas os objetivos desta iniciativa e partilhou preocupações como a questão da habitação, da fome numa sociedade onde há “filhos de primeira e de segunda”.

“No nosso país alguns continuam sentados à mesa confortavelmente, pessoas que pouco têm sido molestadas pela crise económica e financeira. Enquanto outros, que são também filhos desta nação, têm sido altamente flagelados pelas medidas de combate à mesma crise”, disse Eugénio Fonseca.

À Agência ECCLESIA, o responsável comentou que havendo filhos de primeira e de segunda ou “filhos e enteados não há família” e manifesta diversas preocupações desde a saúde às carências alimentares sem esquecer a questão da habitação, “o que é primário”.

O entrevistado adianta que a Cáritas vai ser recebida pelo secretário de Estado da Habitação no dia 09 de março.

“Os bancos enganaram as pessoas porque muitas vezes concederam créditos mediante rendimentos declarados que se via perfeitamente que as pessoas podiam não ter a possibilidade de respeitar os compromissos”, alertou preocupado com a situação que precisa de uma medida de corresponsabilidade entre “bancos, Estado e sociedade civil”.

Com o lema “Num só coração, uma só família humana” a Semana Cáritas pretende “consciencializar a humanidade de que é possível a erradicação da fome no mundo” no contexto da campanha da Caritas Internationalis com o mesmo mote, “Uma só família humana”.

Segundo Eugénio Fonseca “só a solidariedade” pode atingir o objetivo de matar-se a fome em família mas é preciso assumir-se atitudes de maior justiça social uma vez que há fome no mundo “não porque haja menos recursos”.

“A quantidade de desperdício alimentar é muito superior àquela quantidade de alimentos que seria necessária para garantir a subsistência das pessoas que hoje passam fome”, alertou o responsável que apelou à consciência de família mundial que tem de lutar contra a “civilização muito materialista” que “gerou ou está a gerar um individualismo atroz”.

Neste contexto destaca que na perspetiva de fé, para os cristãos, as fronteiras humanas ou territoriais, “devem ser apenas entendidas como formas de organização social ou territorial” e não têm que ser forçosamente “muros a dividir os seres humanos”.

Na Semana nacional Cáritas em cada diocese, de acordo com as suas possibilidades, vai haver um momento de reflexão à volta deste tema, um programa específico com conferências, exposições e dádivas de sangue, entre o dia 1 e 8 de março.

Uma das iniciativas desta semana especial é o peditório público, desta quinta-feira a domingo, e em “todas as cidades” quem solicita esse apoio vai estar “qualificado com o símbolo da Cáritas”.

“Cumprimentem e deem um abraço aos voluntários. Isso também dá ânimo a quem anda na rua porque não é fácil mas sobretudo que não digam palavras de desencorajamento”, pediu o responsável.

No Dia Nacional da Cáritas, 8 de março, terceiro domingo da Quaresma, o peditório em todas as igrejas vai ser entregue à Cáritas dessa diocese, “acudir às necessidades dos nossos irmãos que nos estão mais próximos”, esclarece.

A entrevista ao presidente da Cáritas Portuguesa foi publicada na íntegra no último Semanário digital ECCLESIA, dedicado à semana que organização católica vive entre este domingo e o dia 8 de março.

JCP/CB

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