Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos – 18 a 25 de janeiro de 2017

Tema: Reconciliação – É o amor de Cristo que nos impele (cf. 2 Coríntios5,14-20)
 

Alemanha: A terra da Reforma Luterana

Em 1517 Martinho Lutero expressou preocupações sobre o que ele via como abusos na Igreja de seu tempo, tornando públicas suas 95 teses. Em 2017 temos o 500º aniversário desse evento chave dos movimentos de reforma que marcaram a vida da Igreja ocidental por vários séculos. Esse evento tem sido tema de controvérsia na história das relações inter- eclesiais na Alemanha, e não menos nestes últimos anos. A Igreja Evangélica na Alemanha (EKD) tem estado se preparando para esse aniversário desde 2008, focalizando a cada ano um aspecto particular da Reforma, como, por exemplo: a Reforma e a Política ou a Reforma e a Educação. A EKD também convidou seus parceiros ecumênicos em vários níveis para ajudar a comemorar os eventos de 1517.

Depois de extensas, e às vezes difíceis, discussões, as Igrejas na Alemanha concordaram que o caminho para comemorar ecumenicamente essa Reforma deveria ser uma Christusfest – uma Celebração de Cristo. Se a ênfase fosse colocada em Jesus Cristo e seu trabalho de reconciliação como centro da fé cristã, então todos os parceiros ecumênicos da EKD (católicos romanos, ortodoxos, batistas, metodistas, menonitas e outros) poderiam participar das festividades desse aniversário.

Considerando-se o fato de que a história da Reforma foi marcada por dolorosa divisão, esse foi um importante avanço. A Comissão Luterana-Católica Romana sobre a Unidade tem trabalhado com afinco para produzir uma compreensão partilhada dessa comemoração. Seu importante documento, Do Conflito à Comunhão, reconhece que ambas as tradições abordam esse aniversário numa era ecumênica, após as conquistas de cinqüenta anos de diálogo e com novas compreensões de sua própria história e teologia. Deixando à parte o que é polêmico, nas visões teológicas da Reforma, católicos agora são capazes de ouvir o desafio de Lutero para a Igreja de hoje, reconhecendo-o como uma “testemunha do evangelho” (Do Conflito à Comunhão 29). E assim, depois de séculos de condenações e depreciações mútuas, em 2017 cristãos luteranos e católicos irão pela primeira vez comemorar juntos o começo da Reforma.

A partir desse acordo e do ampliado contexto ecumênico emerge o forte tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano: “Reconciliação: é o amor de Cristo que nos impele (cf. 2 Coríntios 5,14).

O Conselho de Igrejas na Alemanha (ACK) e o aniversário da Reforma em 2017

O Conselho de Igrejas na Alemanha lançou vários projetos para comemorar 1517. Um deles tinha como título “Descobrir de modo novo os tesouros da Bíblia”. Assim, como uma reminiscência da importância que Martin Lutero colocou no significado da Bíblia, todas as Igrejas membros do ACK produziram textos descrevendo sua abordagem da Bíblia. Foram depois publicados num folheto. Além disso, o ACK orientou uma peregrinação simbólica de várias Igrejas membros em Wittenberg. Cada comunidade reviu, expressou e celebrou sua própria relação original com a Bíblia. Em abril de 2015, o ACK também promoveu uma conferência com o título: “Irreparavelmente? Divididos? Abençoada Renovação? 500 anos de Reforma em Variadas Perspectivas Ecumênicas” – que também teve seus procedimentos devidamente publicados.

Foi no contexto do aniversário que o Conselho de Igrejas na Alemanha (ACK), a convite do Conselho Mundial de Igrejas, assumiu o trabalho de criar o material para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos este ano. Uma comissão formada por dez membros, representando diferentes Igrejas, se reuniu três vezes em 2014/ 2015 para elaborar os textos necessários. Uma ênfase particular foi colocada na preparação do culto ecumênico para a Semana (páginas 10 a 19). O material deve atender ao objetivo geral da Semana de Oração e ao mesmo tempo servir para a comemoração da Reforma Luterana.

O tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017

Quando a comissão nacional alemã de planejamento se reuniu no outono de 2014, rapidamente ficou claro que os materiais desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos precisariam ter dois destaques. Por um lado, deveria haver uma celebração do amor e da graça de Deus, a “justificação da humanidade somente pela graça”, refletindo a idéia principal das Igrejas marcadas pela Reforma de Martinho Lutero. Por outro lado, deveria também ser reconhecida a dor das subseqüentes profundas divisões que afligiram a Igreja, com menção aberta de culpa e oferta de uma oportunidade para dar passos na direção da reconciliação.

Recentemente, foi a Exortação Apostólica do papa Francisco em 2013 Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho) que deu o tema para este ano, quando usou a citação “O amor de Cristo nos impele” (nº9) Com essa frase da Escritura (2Coríntios 5,14), tomada no contexto do capítulo 5 inteiro da segunda carta aos Coríntios, a comissão alemã formulou o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017.

O texto bíblico: 2 Coríntios 5, 14-20

Esse texto bíblico enfatiza a reconciliação como um dom de Deus, destinado à criação inteira. “Era Deus que em Cristo reconciliava o mundo (kosmos) consigo, não imputando aos homens suas faltas e pondo em nós a palavra de reconciliação” (v 19). Como resultado da ação de Deus, a pessoa que foi reconciliada em Cristo é chamada por sua vez a proclamar essa reconciliação em palavras e atos: “O amor de Jesus nos impele” (v 14). “É em nome de Cristo que exercemos a função de embaixadores e, por nós, é o próprio Deus que, na realidade, vos dirige um apelo. Em nome do Cristo, nós vos suplicamos, deixai-vos reconciliar com Deus” (v 20). O texto enfatiza que essa reconciliação não é feita sem sacrifício. Jesus dá sua vida; ele morreu por todos. Os embaixadores da reconciliação são chamados, em seu nome, a dar suas vidas de modo semelhante. Não vivem mais para si mesmos; vivem por aquele que morreu por eles.

Chamados a testemunhar

O amor de Cristo nos impele a orar, mas também a ir além de nossas preces pela unidade entre os cristãos. Congregações e Igrejas necessitam do dom da reconciliação de Deus como uma fonte de vida. Mas acima de tudo, elas precisam disso para seu testemunho comum no mundo: “que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17,21).

O mundo precisa de embaixadores da reconciliação, que destruirão barreiras, construirão pontes, promoverão a paz e abrirão portas para novos caminhos de vida em nome daquele que nos reconciliou com Deus, Jesus Cristo. Seu Espírito Santo indica o caminho na estrada para a reconciliação em seu nome.

Enquanto este texto estava sendo escrito em 2015, muitas pessoas e Igrejas na Alemanha estavam praticando a reconciliação ao oferecer hospitalidade aos numerosos refugiados que chegavam da Síria, do Afeganistão, da Eritréia, bem como de países dos Balcans ocidentais, em busca de proteção e nova vida. A prática da ajuda e de poderosas ações contra o ódio aos estrangeiros foram um claro testemunho de reconciliação para a população alemã. Como embaixadoras de reconciliação, as Igrejas ativamente prestaram assistência aos refugiados na busca de novos lares, enquanto ao mesmo tempo tentavam melhorar as condições de vida nos países que eles haviam deixado para trás. Ações concretas de ajuda são tão necessárias quanto oração em conjunto pela reconciliação e pela paz, se aqueles que estão fugindo de suas terríveis situações devem encontrar alguma esperança e consolação.

Que a fonte da gratuita reconciliação de Deus se derrame na Semana de Oração deste ano, para que muitas pessoas possam encontrar a paz e para que pontes possam ser construídas. Que pessoas e Igrejas possam ser impelidas pelo amor de Cristo a viver vidas reconciliadas e a derrubar as paredes da divisão!

 

Fonte: www.vatican.va

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