“Ofereçais vossos corpos como hóstias vivas, santas e agradável a Deus” (Rm 12,1)

“Hóstia, palavra latina, é sinónimo de “vítima”. Ao animal sacrificado em honra dos deuses, os romanos (que falavam latim) chamavam de “hóstia”. Não só os romanos, mas também os judeus sacrificavam animais no altar do templo como vítima em substituição dos seus pecados. O cordeiro é o animal mais referenciado na Bíblia. É a vítima pascal.

 JESUS CRISTO HÓSTIA VIVA E AGRADÁVEL A DEUS

O cristianismo, ao entrar em contacto com a cultura latina, adotou a palavra “hóstia”, exatamente para referir-se à maior “vítima” pelos pecados da humanidade: Jesus Cristo morto e ressuscitado, o Cordeiro imolado. A palavra “hóstia” passa, pois, a significar a realidade que Cristo manifestou na última Ceia: “isto é o Meu corpo … o Meu sangue derramado”. O pão consagrado é a “hóstia” verdadeira, isto é, o Corpo do Ressuscitado. “hóstia” não é só a partícula que é consagrada na Missa. “hóstia” é o Mistério Pascal de Jesus, Sua morte e ressurreição, Sua total entrega por nós. É o Cordeiro Pascal. “Por esse motivo, ao entrar no mundo, Cristo disse: “Tu não quiseste sacrifício nem oferta. Em vez disso, deste-Me um corpo. Holocaustos e sacrifícios não são do teu agrado. Por isso Eu disse. Eis-me aqui, ó Deus – como no rolo do livro está a meu respeito – para fazer a tua vontade” (Heb 10,5-7). Jesus Cristo, na sua doação ao Pai e a nós, não é uma substituição, mas traz realmente em si o ser humano, as nossas culpas: assume-nos. O tempo dos animais, sacrifício de substituição, terminou. Com Jesus chegou o tempo do culto verdadeiro e agradável a Deus.

 O CRISTÃO HÓSTIA VIVA, SANTA E AGRADÁVEL A DEUS

Paulo, neste texto, fala do sacrifício em relação à vida do cristão. Na verdade, Jesus ensina-nos “não existe maior amor do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Para Paulo viver é ser um dom para os irmãos, é dar-se sem reservas, é amar com todas as forças.

O cristão é aquele que vive em total comunhão de vida com Cristo. “Para mim viver é Cristo” (Fl 1,21). “Já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). Na comunhão com Cristo tornamo-nos sacrifício vivo, hóstia viva. O cristão é convidado a oferecer a sua vida para glória de Deus. Realiza-se o culto verdadeiro, espiritual e agradável a Deus. “Para que eles vejam as boas obras que fazeis e glorifiquem o Pai que está nos Céus” (Mt 5,16).

A Santa Missa tem de ser esta comunhão com Cristo, esta oferta a Deus, por Cristo e em Cristo. Nesta união com Cristo tornamo-nos n’Ele e com Ele “sacrifício vivo”, “hóstia viva”, o culto espiritual e verdadeiro.

É por isso que a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente, por meio duma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do Coro do Senhor; dêem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, que não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que dia após dia, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos (S.C.N48).

A epiclese (invocação sobre) é a intercessão mediante a qual o sacerdote suplica ao Pai que envie o Espírito santificador para que as oferendas se tornem o corpo e o sangue de Cristo e para que, recebendo-as, os fiéis se tornem eles próprios uma oferenda viva para Deus” (C.I.C.Nº 1105).

Que toda a nossa vida seja uma hóstia viva, santa e agradável a Deus.

Fonte: Viver da Eucaristia – viver para a Igreja

Boletim da Beata Alexandrina

nº 32 | julho/ agosto/ setembro de 2014

Autor: Padre Manuel Neiva

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