O Sínodo regressa às dioceses

João Aguiar Campos, Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Quando, no passado domingo, acabei de televisionar a beatificação de Paulo VI e o encerramento do sínodo, desejei que, algures no écrã, aparecesse a menção:CONTINUA.

Julgá-la-ia perfeitamente adequada e informativa – porque a verdade é mesmo esta: o Sínodo sobre a Família está longe de acabar.

É, aliás, fundamental que, após estes quinze dias de debates apaixonados e mediatizados, não se entre num poisio reflexivo; ou,  em linguagem desportiva, não se vá até ao bar ou à roulotte das bifanas cumprir um intervalo, à espera da segunda parte.

O sínodo regressa, de facto,  às dioceses. O que significa que as igrejas locais têm a oportunidade de assimilar umas proposições e aprofundar outras – de modo que, em Outubro do próximo ano – a sessão ordinária esteja preenchida e enriquecida de novos (e rezados) contributos.

Tenho para mim que os próximos meses podem ser extremamente fecundos; não apenas pelo caminho já feito e, nalgumas curvas, desbravado – mas também porque tudo se pode fazer sem holofotes que, frequentemente, apaixonam uns e retraem outros.

Uma das prioridades que defendo de imediato, encontrei-a expressa pela jornalista Constance Miriano, que espera se trabalhe, na Igreja, na “realfabetização” do  amor. Algo que realmente urge fazer sem medo de contrastar e contestar modelos televisivos e cinematográficos ou revoluções antropológicas.; mas também sem medo de procurar à luz do Evangelho e da fé as respostas para as perguntas novas e difíceis que se fazem ouvir e merecem resposta.

Como hoje mesmo dizia o padre Frederico Lombardi,  “o peregrino que caminha à procura da  vontade  de Deus, num certo sentido, não sabe onde chegará – como Abrãao, que caminha sob a orientação do Senhor – mas sabe que o Senhor o acompanha e está, por isso, confiante”.
Se perdermos de vista esta perspectiva, tudo o mais se altera drasticamente. E, então sim, facilmente a misericórdia vira laxismo  e a doutrina uma abstração, ou a fidelidade se torna azeda e arrogante para uns e jugo imposto para outros.

Uma última palavra escrita nas tremuras do Alfa Pendular: perante o ruído de alguns dias ouvi gente a pôr em causa a “ideia” do Papa Francisco. Sei que há sempre o risco de, ao mexer num tanque, subir algum lodo; mas a sua preferência é, claramente, por uma Igreja acidentada e capaz de chorar, em detrimento de uma coutada protegida e bacteriologicamente imune.
Mas isso, como diz um amigo meu, é estar morto e não tomar conhecimento!

 

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