Homenagem ao Padre António Rocha

Sr. Padre Rocha,

Há textos que não deveriam ser escritos, porque as razões que nos levam a ter que os escrever, nos causam inquietação, melancolia, desconforto, desaconchego….
Há muitos anos, quarenta e oito, chegou à capela S. Luís, em Faro, o “nosso pároco”, aquele que nos ensinou a acreditar que era possível Ser Igreja.
Ser Igreja se a entendêssemos;
Ser Igreja se nos envolvêssemos nos Seus princípios;
Ser Igreja se nos tornássemos parte Dela;
Ser Igreja se, como paroquianos, sentíssemos que poderíamos dar e receber;
Era essa Igreja que o “nosso pároco” nos queria mostrar!
Muitos foram os que ouviram, muitos foram os que não ouviram, muitos foram os que não quiseram ouvir e até houve aqueles que decidiram ouvir uma única vez…e não regressar.
A Igreja foi crescendo e fez-se de todos, os que entenderam que poderiam fazer parte daquele rebanho, os que continuaram a encontrar sentido, cada vez que se dirigiam àquela pequena capelinha de S. Luís onde, pouco a pouco, as portas já tinham que ficar abertas porque já não cabíamos todos. Mas cabíamos!!!! Com boa vontade, partilha e busca de um projeto para a comunidade, todos tínhamos lugar.
Os anos foram passando, passo a passo fomos construindo o nosso rebanho que, sem dúvida, seguia aquele que é o nosso pastor.
Poderíamos enumerar páginas e páginas de momentos em que crescemos como cristãos, enumerar situações em que todos juntos conseguimos, com a graça de Deus, avançar e construir, não só em cimento, aquela que é hoje a “nossa paróquia”, a tal que há 48 anos teve um “pároco novo”.
Nós, que fazemos parte desse rebanho, estamos neste momento a escrever este texto que não deveria ser escrito mas, o nosso pastor, está de partida…
Se nos disserem para sermos racionais claro que o faremos, se nos quiserem dizer que estas coisas fazem parte da vida de todos nós, racionalmente fazem mas… seria com todo o nosso carinho, dedicação e cuidado que gostaríamos de estar a seu lado nesta altura da sua vida, de continuar consigo a obra que todos fizemos.
Não, não estamos a ser egoístas nem estamos a sentir resistência à mudança, estamos com o coração inquieto e apertado, porque Sr. Padre, somos o seu rebanho.
Visto que neste momento terá que seguir outro caminho, queremos que saiba que, porque estamos unidos, continuaremos a ser aquela Igreja que nos ensinou a ser e sentimos a necessidade de lhe dizer que reconhecemos e agradecemos a sua notável obra.
É com todo o nosso carinho e dedicação, que lhe queremos transmitir que estaremos sempre disponíveis, ainda que não se encontre perto de nós.
Vamos ficar na nossa Paróquia de S. Luís, por nós construída sobre a rocha e apetece-nos dizer, bem alto, que construiríamos consigo tudo de novo, pedra sobre pedra.

Abraço Afetuoso
S.Luis, 03.09.2017

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