8 de janeiro de 2017 – Solenidade da Epifania do Senhor

Celebramos a festa da Epifania, quer dizer, da manifestação de Jesus a todos os povos da terra, representados nos Reis magos.

Como eles também nós viemos ao encontro de Cristo, presente e escondido na Eucaristia.

Vimos a Sua luz

A festa de hoje é cheia de lições para nós. Como os reis magos também viemos à procura de Jesus, guiados por uma estrela, por uma luz. A fé trouxe-nos até Ele. Ele é a luz verdadeira, que vindo a este mundo, ilumina todo o homem – diz S. João (Jo 1, 9). A fé é encher-nos dessa luz, é fiar-nos Nele, na Sua Palavra. Como S. Pedro, depois do sermão da Eucaristia, quando tantos O abandonaram, dizemos a Jesus: Senhor, a quem iremos. Tu tens palavras de vida eterna e nós acreditamos ( Jo 6, 68-69).

Avivemos a nossa fé nas palavras de Cristo. Não vemos, não sentimos, mas sabemos que está ali. Pedimos que nos dê, como gostava de dizer S. Josemaría, fé de meninos, sabedoria de teólogos e piedade de velhinhas.

Fé de meninos, que não discutem. A pequena Jacinta, antes das aparições, numa procissão do Corpo de Deus, foi escolhida para deitar flores a Jesus, vestida de anjinho. Mas ao passar o sacerdote com a sagrada custódia, não deitou flores, apesar dos sinais insistentes que lhe faziam. – Então Jacinta, porque não deitaste as flores a Jesus?

– Porque não O vi – respondeu.

Explicaram-lhe então que não podia ver a Jesus, porque ia escondido. Daí para diante gostava muito de falar de Jesus escondido e de ir visitá-Lo.

É muito bonito o caso daquela menina de Madrid, que durante a guerra civil espanhola, tinha Jesus em sua casa, devido às profanações das igrejas. A família estava a passar dificuldades grandes, apesar de ser abastada. A mãe disse à miúda: –Vai dizer ao Jesus que nos mande pão.

A pequenita começa a correr para ir dar o recado. Escada acima, vira-se para trás e pergunta: –mamã, peço papo-secos ou cacetes?

Não duvidava que Jesus ia mandar o pão. Até dava para escolher. Jesus ouviu-a. Nessa tarde o feitor daquela família conseguiu entrar na cidade e trazer-lhes pão e comida necessária.

Temos de pedir esta fé de meninos, acompanhada da piedade de velhinhas, que encontram na oração a sua alegria, que gostam de ir à igreja e ficar ali muito tempo com Nosso Senhor.

Peçamos também sabedoria de teólogos. A fé não é sentimentalismo, hoje tão espalhado e que faz das pessoas cataventos que vão atrás de seitas que as exploram, atrás de pretensas visões ou dos gostos pessoais. A fé há-de levar-nos a conhecer bem o que Jesus ensinou e continua a proclamar através do papa e dos bispos a ele unidos. Há-de levar-nos a estudar e a aprofundar essas verdades pela leitura e pela oração.

Esta fé há-de traduzir-se na vida de cada dia, pondo-a de acordo com os ensinamentos de Jesus, sem nunca nos darmos por satisfeitos e apoiados na graça de Deus que não faltará.

É essa a lição sempre atual daqueles reis, que vieram de muito longe, que não fugiram aos sacrifícios, que não voltaram para trás ao deixar de ver a estrela, que perguntaram até chegarem a Jesus.

Viemos adorá-Lo

Ao chegarem até Ele prostraram-se em adoração e ofereceram-Lhe os seus presentes :ouro, incenso e mirra.

Ao aproximar-nos de Jesus temos de adorá-lo. Porque é verdadeiro Deus, porque é o Senhor do Céu e da terra. Apesar de parecer um menino, igual a tantos outros. Ou de parecer simplesmente um pouco de pão na Eucaristia.

É costume antigo e continua recomendado pela Igreja que façamos a genuflexão ao passar diante do sacrário e que nos ajoelhemos um pouco, ao entrar na igreja, em adoração diante do Senhor.

Fez-Se pequenino para estarmos à vontade diante d’Ele, numa atitude de amor e confiança. Mas isso não pode tirar o respeito e a adoração. Ao genufletir, ao ajoelhar, estamos a dizer a Jesus que Ele é muito grande e nós muito pequeninos. Ele é o Tudo e nós somos o nada. Todas as coisas subsistem por Ele (Col 1,17).

O Anjo, em Fátima, numa das aparições, trouxe o Cálice e a Hóstia. Dela caíam gotas de sangue dentro do cálice. Deixando-os suspensos no ar, ajoelhou-se com os pequenitos, com a cabeça vergada até ao chão, adorando a Jesus e rezando a oração: Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

Um sacerdote perguntava a uma pequenita que fazia muito bem a genuflexão: –Que dizes a Jesus quando genufletes? E ela respondeu: –Digo-Lhe baixinho: Ó Jesus eu gosto muito de Ti.

Que façamos bem a genuflexão. Que não sejamos cristãos reumáticos, como alguém dizia.

Como os reis magos temos de aprender a adorar a Jesus e a entregar-Lhe as nossas ofertas. Vivendo muito bem a Santa Missa. A Santa Sé publicou há pouco um documento para toda a Igreja, a Instrução O Sacramento da Redenção, chamando a atenção para abusos que se têm vindo a meter em muitos lugares, no que se refere à Eucaristia. O amor manifesta-se nas atitudes e no cumprimento cuidadoso do que Jesus nos ensinou e a Igreja manda.

A missa é oferecer a Cristo o que temos: o nossos trabalho, as nossa alegrias, os nossos sofrimentos, o nossos descanso e divertimentos, o nosso convívio social, toda a nossa vida. Para que Ele a ofereça ao Pai, unida à oferta de Si mesmo, que se torna presente sobre o altar em cada missa. Só assim a nossa vida tem sentido e tem valor. A missa tem de continuar cá fora durante a semana toda. Porque a oferecemos no altar com Cristo. Porque ali fomos buscar a energia para vivermos com Ele e como Ele.

Que este Ano da Eucaristia nos ajude a descobrir o sentido profundo da Santa Missa e a vivê-la como João Paulo II nos recordou na Encíclica. A Igreja vive da Eucaristia. Vale a pena relê-la e meditá-la muitas vezes neste ano. «É este ‘enlevo’ eucarístico – diz o Santo Padre – que desejo despertar com esta carta encíclica …A Igreja vive de Jesus eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, mistério de luz» (n.º 6).

A adoração a Jesus havemos de vivê-la também fora da missa, na visita frequente ao Santíssimo Sacramento e na adoração solene nas paróquias. O papa dá-nos exemplo. Confidenciava há dias: «Para viver da Eucaristia é preciso consumir tempo em adoração diante do Santíssimo Sacramento, experiência que eu mesmo faço todos os dias, tirando daí força, consolação e sustento» (Mensagem para o Dia missionário Mundial de 2004).

Sentiram grande alegria

Os reis magos sentiram enorme alegria ao reencontrar a estrela que os levava a Jesus. A fé enche-nos de alegria. Porque nos leva a Jesus, que é a fonte da alegria. É o Amigo que nos conhece, que nos ama, que deu a vida por nós, que se nos dá em alimento todos os dias. Que tem todo o poder e que sabe tudo. Que está a nossa espera no sacrário sem precisarmos de marcar entrevista.

Ali podemos deixar as nossas mágoas, abrir o nosso coração, expandir as nossas alegrias. Continua a repetir-nos :Vinde a Mim todos vós que andais cansados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei (Mt 11, 28)

Há anos estava um homem a pedir boleia à beira duma estrada, em Espanha. Parou um camionista. Ao subir com a mala, perguntou: –Vai sozinho?

O motorista titubeou na resposta. Já em andamento disse: –Perguntou-me se ia só. A verdade é que nunca vou só, porque Deus está sempre comigo. E ao descobrir alguma igreja vou saudando o Senhor que ali se encontra. Por isso nunca vou só. –Pare depressa – disse o passageiro –Sou o pároco desta freguesia e ia-me embora desanimado. Porque não ligavam ao que lhes dizia. Acaba de me dar uma lição: esqueço-me muitas vezes que não estou sozinho, que tenho o Senhor no sacrário.

Como os reis magos podemos ir a Jesus. Podemos encontrá-Lo muitas vezes Apesar de escondido é o Senhor do Céu e da terra. Tem todo o poder, pode resolver todos os nossos problemas. É um amigo sempre ao nosso dispor.

A Eucaristia é a luz que ilumina a Santa Igreja, que a enche de alegria. Que enche de alegria a alma de cada cristão. Se temos fé, se sabemos descobrir o Senhor. Se procuramos ser amigos d’Ele de verdade, se procuramos dar-lhe em nossa vida o lugar que Lhe pertence.

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