7 de outubro de 2015 – Nossa Senhora do Rosário

Celebramos hoje a festa de Nossa Senhora do Rosário. O mês de Outubro é dedicado a esta devoção mariana: a reza do Santo Rosário. Aproveitemos esta festa para reavivar em nós o amor a esta oração tão querida da Mãe de Deus e tão recomendada pelos Romanos Pontífices.

  1. Necessidade da oração:

A inteira vida de Nosso Senhor é modelo e caminho para o cristão, e quando abrimos as páginas do Evangelho ali encontramos Jesus em continuo diálogo com o Pai. Por vezes passa a noite inteira em oração, em outros momentos se retira para orar antes de amanhecer ou no fim do dia; e qualquer acontecimento, pequeno ou grande, é ocasião para dirigir-Se ao Seu Pai com agradecimento, louvor ou petição. Jesus, embora sempre unido ao Pai e ao Espírito Santo pela União hipostática, precisa de orar em quanto homem; e nos ensina que a oração é o único caminho para ser homens e para ser santos. Más Nosso Senhor não se limita a dar exemplo, também adverte «orai para que não entreis em tentação», ensina a orar: «dizei, Pai nosso…», e garante que «tudo o que pedirdes com fé na oração o recebereis».

Por isso não nos surpreende encontrar os Discípulos depois da Ascensão, reunidos em oração com Maria a Mãe de Jesus (Primeira leitura). E desde então os cristãos de todos os tempos procuraram percorrer o mesmo caminho, desenvolvendo diferentes manifestações de piedade mariana. Boa parte de essas praticas de oração nascidas na Idade Média confluíram para dar origem ao Rosário, que entre os séculos XV e XVI ficou estruturado de modo muito semelhante a sua forma actual. «A festa do Santíssimo Rosário e comemoração de Santa Maria da Vitória foi instituída por S. Pio V por causa da vitória alcançada pelos cristãos contra os turcos na batalha de Lepanto em 1571, a 7 de Outubro, no dia em que se faziam as procissões das confrarias do Rosário» ( José Leite, Santos de cada dia , v.III, pg. 141)

  1. A oração do Rosário e a sua eficácia

«O Rosário da Virgem Maria, que ao sopro do Espírito de Deus se foi formando gradualmente no segundo Milénio, é oração amada por numerosos Santos e estimulada pelo Magistério». Com estas palavras começava o S. Padre João Paulo II a sua Carta Apostólica sobre o Rosário, no início do Ano do Rosário (Out de 2002 a Out de 2003), que desejava que fosse estímulo e ajuda para a redescoberta de tão fecunda oração e a maior difusão da sua reza individual, familiar e comunitária. Sete anos passaram desde então e a proposta continua a ser um objetivo cada vez mais atual e necessário.

O Santo Padre, na citada Carta Apostólica, quis indicar à Igreja do novo milénio uma ajuda de comprovada eficácia para enfrentar os múltiplos desafios presentes e futuros. Propôs de modo muito concreto duas intenções sempre actuais a ter presentes na reza do terço: a paz e a família. Ambas intenções são alcançadas não só pelo grandíssimo valor impetratorio da principal devoção mariana, mas pela própria recitação, que inunda de paz a quem a vive e consolida os laços familiares, especialmente quando feita em família.

Muitos dos erros e males do nosso tempo são remediados pela oração contemplativa do Rosário. A continua procura de acontecimentos extraordinários e espectaculares com o desprezo da vida quotidiana é combatida pela meditação dos Mistérios Gozosos que nos permitem ver Deus próximo de nos, no dia a dia. O materialismo como disposição mental quase inconsciente, encontra nos Mistérios de Luz a luminosidade da Fé que, como dizia S. Josemaría, acrescenta verticalidade, peso e volume a nossa vida. A descoberta do valor salvífico do sofrimento na reza dos Mistérios Dolorosos, afastará o medo da «cruz», que é preciso abraçar para seguir Jesus Cristo. Os Mistérios Gloriosos dirigem o nosso olhar para a verdadeira Pátria, enchem de esperança o coração e combatem o esquecimento do sentido da vida e da eternidade em que vive imerso o homem ocidental.

O Rosário é uma releitura quotidiana do Evangelho, pela mão de Maria, que cada dia, como boa Mãe nos explica novas verdades ou nos ajuda a com prender melhor as já sabidas.

  1. A contemplação dos mistérios.

«Se os fiéis devotamente meditarem e contemplarem, na ordem devida, estes augustos mistérios, deles hão-de haurir uma ajuda admirável, quer no alimentar a própria fé, que no elevar e fortificar o vigor do seu espírito» (Leão XIII).

No terço dizemos sempre a mesma coisa!…Sim, e não dizem sempre o mesmo os que se amam?… Se o terço é monótono, se nos aborrece, não será que o nosso pensamento se encontra, enquanto rezamos, muito longe de Deus e de Nossa Senhora?… Ante de cada dezena, enunciamos os mistérios a contemplar, a vida e a infância de Jesus e os seus 30 anos de vida oculta em Nazaré (mistérios gozosos), os seus três anos de Vida pública, com o anúncio do Reino de Deus, os seus milagres e a instituição da Eucaristia (Mistérios luminosos), o mistério de Sua Paixão e Morte de Cruz para nos salvar (Mistérios dolorosos), a sua Ressurreição e glorificação, sempre com Maria Corredentora participando nesses mistérios (Mistérios Gloriosos).

«Ao recitarmos o Santo Rosário, de facto, nós contemplamos Cristo a partir duma perspectiva privilegiada, isto é, daquela mesma de Maria, sua Mãe; ou seja, meditamos os mistérios da vida, da paixão e da ressurreição do Senhor, com os olhos e com o coração d’Aquela que esteve mais perto de seu Filho» (João Paulo II).

  1. Terço em família.

Família que reza unida permanece unida. A vida cristã tem um carácter familiar riquíssimo – somos filhos de Deus em Cristo e estamos unidos a toda essa imensa família sobrenatural na qual entrámos pela porta do Batismo. A devoção aos Santos faz parte desse ar de família, dessa piedade tão própria dos cristãos. Os Santos que já estão no Céu precederam-nos com o sinal da fé e fazem parte dessa bendita Comunhão de Santos. «Os Santos são os verdadeiros portadores da luz dentro da história, porque são homens e mulheres de fé, esperança e caridade. Entre os Santos sobressai Maria, Mãe do Senhor e espelho de toda a santidade» (Bento XVI).

«À sua bondade maternal, e bem assim à sua pureza e beleza virginal, recorrem as pessoas de todos os tempos e lugares do mundo, nas suas necessidades e esperanças, nas suas alegrias e sofrimentos, nos seus momentos de solidão e também na partilha comunitária; e sempre experimentam o benefício da sua bondade, o amor inesgotável que Ela exala do fundo do Seu coração» (Bento XVI).

Quantos benefícios viriam para as famílias se nelas se rezasse o terço todos os dias; quantas graças viriam para o mundo, se os pais e avós, filhos e netos pegassem no terço e, todos unidos, em companhia da Mãe do Céu, Lhe suplicassem esse frutos de paz e alegria tão necessários nestes tempos atribulados, e com Ela prestassem o devido louvor a Deus Pai que nos ama, ao Seu Filho entregue por nós e ao Espírito Santo, Espírito de Amor que quer renovar a face da terra.

«Sejamos assíduos à recitação do terço, quer na comunidade eclesial, quer na intimidade das nossas famílias: na sequência das invocações repetidas, o terço unirá os corações, inflamará o lar doméstico, fortificará a nossa esperança e para todos obterá a paz e a alegria de Cristo nascido, morto e ressuscitado por nós» (João Paulo II).

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