28 de junho de 2015 – 13º Domingo do Tempo Comum –Ano B

Nós somos chamados por Deus a uma plenitude de vida que se estende muito para além das dimensões da nossa existência terrena, porque consiste na participação da própria vida de Deus. A sublimidade desta nossa vocação sobrenatural revela-nos a grandeza e o valor precioso da vida humana já na sua fase temporal.

Vamos hoje ouvir a mensagem que a Igreja nos vai transmitir em nome de Jesus Cristo sobre a dignidade da pessoa humana e sobre o valor, o respeito, a defesa, o amor e o serviço que é devido a cada vida humana.

  1. A cultura da vida

«Deus criou o homem para ser incorruptível» (1ª leitura). A aspiração a uma vida incorruptível está presente no mais íntimo do nosso ser e encontra a sua plena realização na obra salvífica de Jesus Cristo; n’Ele, a benevolência de Deus para com os homens tornou-se visível; Ele revelou-nos por obras e por palavras que coisa é a vida e a força do amor. No Evangelho de S. João vem essa consoladora afirmação saída dos seus lábios divinos e humanos: «Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância» (Jo 10, 10). A todos nos é dirigida a sua promessa que também S. João recolhe no seu Evangelho: «Eu vivo e vós vivereis» (Jo 14, 19). Ele é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6).

Esta palavra do Senhor aponta para a vida na sua expressão mais alta: «indica a participação da vida divina que, enquanto verdade criadora é amor, é a única vida em pleno sentido» (João Paulo II).

Na dramática vicissitude de vida e morte reconhecemos o Senhor que, na Sua pessoa, realiza as palavras do livro da Sabedoria que ouvimos na primeira leitura: «Não foi Deus quem fez a morte nem Ele se alegra de os vivos perecerem…Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem do que Ele é em Si mesmo» (Sab 1, 13; 2, 23).

Para demonstrar esta verdade, Jesus restituiu a vida à filha de Jairo. Com a sua morte e a sua Ressurreição, Ele dá início à cultura da vida e insere na história do homem sujeito à morte a resposta da vida, da sua vida divina. A sua Ressurreição está presente e age na história do mundo para uma vida renovada e eterna. Deixando-nos tocar pela força do Seu amor pela vida e acolhendo a graça do Seu amor, despertar-se-ão em nós aquelas energias que ainda não conhecemos e que serão postas ao serviço da vida.

  1. O valor da vida

É necessário despertar a todos aqueles que possam ter caído nesse mau sonho de pensar que a vida é uma brincadeira e um jogo mais ou menos divertido…é necessário gritar-lhes que a vida é um tesouro divino que todos temos de fazer frutificar. Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Cristo venceu a morte e só Ele tem palavras de vida eterna (Cfr. Jo 6, 67): «Quem vive e crê em Mim não morrerá para sempre» (Jo 11, 26). Ele é a Ressurreição e a Vida (Cfr. Jo 11, 25).

«Frente às inumeráveis e graves ameaças contra a vida, presentes no mundo contemporâneo, poder-se-ia ficar como que dominado por um sentido de impotência insuperável: jamais o bem poderá ter força para vencer o mal!

Este é o momento em que o Povo de Deus, e nele cada um dos crentes, é chamado a professar, com humildade e coragem, a própria fé em Jesus Cristo, ‘o Verbo da Vida’ (Jo 1, 1). …O Evangelho da Vida é uma realidade concreta e pessoal, porque consiste no anúncio da própria pessoa de Jesus…Ele é o Filho que, desde toda a eternidade, recebe a vida do Pai (cfr. Jo 5, 26) e veio estar com os homens para os tornar participantes deste dom: ‘Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância’ (Jo 10, 10)» (João Paulo II, O Evangelho da Vida, n.º 29).

  1. A vida eterna

Jesus, ao dizer que veio para que todos nós tenhamos vida e em abundância, aponta para a aquela vida «nova» e «eterna» que consiste na comunhão com o Pai, à qual todo o homem é gratuitamente chamado no Filho, por obra do Espírito Santificador. Mas é precisamente em tal vida que todos os aspectos e momentos da vida do homem adquirem pleno sentido.

«A vida que o Filho de Deus veio dar aos homens não se reduz meramente à existência no tempo. A vida, que desde sempre está ‘n’Ele’ e constitui ‘a luz dos homens’ (Jo 1, 4) consiste em ser gerados por Deus e participar na plenitude do seu amor: ‘A todos os que O receberam, aos que crêem n’Ele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; eles que não nasceram do sangue, nem da vontade carnal, nem da vontade do homem, mas sim de Deus’ (Jo 1, 12-13)» (João Paulo II, loc. cit., n.º 37).

«Eterna» é a vida que Jesus promete e dá, porque é plenitude de participação na vida do «Eterno». «Todo aquele que crê em Jesus e vive em comunhão com Ele tem a vida eterna» (Cfr. Jo 3, 15; 6, 40), porque d’Ele escuta as únicas palavras que revelam e comunicam plenitude de vida à existência (Jo 6, 68-69).

«A vida eterna consiste nisto: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a Quem enviaste» (Jo 17, 3 – Oração sacerdotal de Jesus).

A vida eterna é a própria vida de Deus e simultaneamente a vida dos filhos de Deus.

«Glória de Deus é, sim, o homem vivo, mas a vida do homem consiste na visão de Deus» (S. Ireneu).

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