25 de junho de 2017 – 12º Domingo do Tempo Comum – Ano A

É possível ser Igreja de Cristo sem passar pela perseguição e martírio? O testemunho dos profetas, a Palavra de Jesus, a práxis dos primeiros cristãos dizem que não é possível.

O que dizem de Jesus
Ainda hoje se ouvem muitas opiniões em relação a Jesus. Muitos reconhecem n´Ele um grande homem que pregou o amor, a fraternidade, a paz, a justiça. Admiram-n´O pela preferência que teve em favor dos pobres, dos desfavorecidos, dos marginalizados, dos desprezados. Vêem-n´O como um herói e apreciam a coragem que teve em enfrentar o poder instituído, a sua honestidade e nobreza de alma, a sua dignidade e determinação perante a morte. Mas não O reconhecem como o Messias prometido pois esse, para muitos, ainda está prefigurado na acção dos políticos, nas descobertas dos cientistas ou nos progressos dos economistas que podem condicionar a vida do mundo e proporcionar um ansiado, mas nunca alcançado, paraíso.
Era esta mesma visão que os discípulos apresentaram de Jesus no momento em que foram interpelados pelo Mestre sobre o que diziam d´Ele as multidões que O seguiam. Não era o grande rei vencedor e glorioso, o Messias esperado. Apenas precedia esse personagem ansiosamente aguardado.
E Jesus surpreende-os com a segunda pergunta: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». A resposta pronta vem de Pedro, que entende que Ele na altura própria agirá como vitorioso. Daí a ordenação de silêncio que Jesus lhes impõe. Ainda não tinham compreendido que a Sua missão era o oposto daquilo que eles pensavam. Passava pela humilhação e não pela glória meramente terrena; não pelo triunfo humano, mas pela derrota, como mais adiante Jesus esclarece ao anunciar a Sua paixão e ressurreição.
Na verdade, em Jesus, Deus mostrou como é capaz de transformar o maior crime cometido pelos homens num acto de supremo amor que, como nos diz a primeira leitura, «lavou o pecado e a impureza» derrotando a morte.

O que é Ele para mim
A segunda pergunta que Jesus fez aos discípulos fá-la hoje a cada um de nós: «Quem dizes tu que Eu sou?». Será que O identifico apenas como aquele que faz milagres? Alguém a quem eu recorro para obter graças e favores em momentos difíceis? Em quem acredito eu, afinal?
Acreditar em Jesus não significa professar a minha fé num conjunto de verdades apreendidas quando frequentava a catequese. Acreditar em Jesus é segui-l´O partilhando o Seu próprio destino, fazendo-me um com Ele: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me».
O Senhor exige que deixe de centrar a minha vida em mim próprio e nas minhas preocupações, isto é, que tenha a coragem de perder a minha vida; que me empenhe diariamente em vencer as dificuldades, as provas e as seduções mundanas que me rodeiam a cada instante.
Para isso tenho de fazer da minha vida um dom permanente aos outros: em casa, ao marido, à esposa, aos filhos, aos pais, aos avós; no prédio onde habito: aos vizinhos; no trabalho: compreendendo e auxiliando os companheiros; na escola: amparando aqueles que sentem dificuldades; na sociedade assistindo voluntariamente os mais desfavorecidos; enfim, em tudo aquilo que possa fazer por amor dos outros, no esquecimento do meu egoísmo, vivendo para os outros.

O cristão está revestido de Cristo
Esse amor é o sinal de que estamos revestidos de Cristo, como nos diz S. Paulo na segunda leitura. Todos devem poder reconhecer no cristão a presença da pessoa de Jesus pelo modo como procura compreender os outros, desculpar, ajudar e ir ao encontro daqueles que erram, perdoando e amando os que lhe querem mal.
Esta identificação que nos é facultada pelo baptismo, e que temos de cultivar todos os dias, confere-nos igual valor e idêntica dignidade de tal modo que não existam classes, nacionalidades ou sexos.
Já superamos todas estas distinções de modo que quem nos rodeia reconheça Cristo em cada um de nós e nas nossas comunidades?

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