2 de julho de 2017 – 13º Domingo do Tempo Comum – Ano A

A Palavra que Deus nos dirige, hoje, contém, entre outras, três mensagens: o elogio da hospitalidade, o mistério da vida batismal e as exigências da missão.
A mensagem da hospitalidade não é unicamente o elogio do gesto de quem abre as portas da sua casa ao peregrino, mas quer ilustrar o caminho escolhido por Deus para chegar até nós: Ele vem pelo ministério dos Seus enviados (I leitura e Evangelho) e vem para nos comunicar os Seus dons. Se na primeira leitura o dom divino consiste na possibilidade de gerar uma nova vida na ordem natural, o acolhimento dos Apóstolos da Palavra confere a vida em Cristo cujos efeitos são a libertação do pecado e a capacidade de vida nova (II leitura).
Quem vos recebe
A primeira leitura conta-nos como o Senhor recompensou aquela família de Sunam que acolhia com generosidade o profeta Eliseu. Olhavam para ele com fé vendo nele um homem de Deus, como realmente era. E o Senhor prometeu-lhes aquilo que mais ansiavam todas as famílias em Israel: ter filhos, considerados a riqueza maior dum casal.
No Evangelho Jesus fala-nos do mesmo tema. «Quem vos recebe a Mim recebe e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou». Temos de ver Jesus nos Seus enviados. No papa, sucessor de Pedro e vigário de Jesus na terra. Não amamos o Santo Padre por ser santo ou por ter muitas qualidades humanas. Amamo-lo porque é Jesus para nós. Estamos atentos à sua palavra, aos seus ensinamentos, porque Jesus nos fala por meio dele e com garantias de verdade. «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não levarão a melhor contra ela» (Mt 16, 16) «Confirma na fé os teus irmãos» (Lc 22, 32 ).A Igreja, apoiada sobre Pedro e os seus sucessores até ao fim dos séculos, tem a garantia de se manter sempre na verdade, que Jesus nos transmitiu.
Temos de ver Jesus nos bispos, sucessores dos Apóstolos. Estaremos atentos às suas indicações e aos seus ensinamentos . Se ensinam de acordo com o sucessor de Pedro, sabemos que é a doutrina de Jesus.
Temos de ver Jesus nos sacerdotes, sobretudo naquele que recebeu o encargo de nos guiar e alimentar espiritualmente, o nosso pároco. Não lhe fazemos favor nenhum se lhe obedecermos. É Jesus que nos guia por meio dele.
Por meio dos sacerdotes se torna presente na Eucaristia, nos dá os sacramentos e nos alimenta com a Sua palavra. Não os seguimos por serem da nossa opinião, mas por serem os altifalantes de Jesus. Se alguma vez temos dúvidas sobre o que ensinam ou o que mandam vejamos se está de acordo com o que ensina ou manda o papa.
Temos ainda de saber colaborar com eles sacrificadamente. Até porque sentimos a falta de padres. Procuremos que a paróquia lhes facilite os meios materiais para trabalharem dedicadamente ao serviço das almas. Saberemos, se é preciso, fazer-lhes a nossa correcção filial, chamando a atenção, em particular, para alguma coisa que não esteja bem.
E Jesus não deixará de nos pagar já neste mundo e, depois, um dia na eternidade. «Quem recebe um profeta por ele ser profeta receberá a recompensa de profeta» – dizia-nos há pouco. Quantos cristãos, em quem ninguém repara, fazem um trabalho maravilhoso a favor de toda a Igreja, colaborando com os sacerdotes com a sua oração, com os seus trabalhos e sacrifícios, com a sua palavrita ao ouvido do vizinho e do amigo, completando o que o pároco disse na homilia ou nos avisos da igreja !
Quem ama o pai mais que a Mim…
O senhor pede generosidade para O seguir. Ele há-de ser o nosso primeiro amor. Para os sacerdotes e para todos os cristãos. Não podemos compartilhar o nosso coração como se tivéssemos vários deuses para adorar. Todos os amores humanos, por mais nobres que sejam, têm de passar pelo coração de Deus. É na medida em que amamos os pais, os filhos, a mulher, o marido, ou os amigos por amor de Deus que esses amores têm garantias de serem verdadeiros e duráveis. O resto são ilusões e construir sobre areia movediça.
Saibamos purificar o nosso amor humano, sabendo sacrificar tudo com alegria para amar e servir a Deus. E teremos um coração grande para amar os que estão mais perto de nós e a todos os homens.
O mundo ficou comovido com a morte de João Paulo II. E tantos quiseram vir até ele, a dar-lhe um último adeus. Não apenas porque era o vigário de Cristo, o que fazia as vezes de Jesus na terra, mas porque era um homem de Deus, porque se identificou com Cristo. Soube dar-se de todo ao Senhor, procurá-Lo na Eucaristia, na oração, no serviço a todos os homens. Por isso as pessoas sentiam-se atraídas por este homem, até mesmo os que não tinham fé.
Quem perder a vida…
A santidade exige jogar a vida, gastá-la generosamente ao serviço de Deus e dos outros. E santidade significa alegria.
Muitos têm medo da cruz, do sacrifício. E só por esse caminho se pode seguir a Jesus e encontrar a alegria. «O que perder a vida por Minha causa há-de encontrá-la» – dizia-nos no Evangelho. Os próprios psiquiatras vieram dar razão a Jesus. Os doentes de nervos estão normalmente centrados em si mesmos: não são capazes de jogar a vida. «Aquele que quiser conservar a vida há-de perdê-la».
A cruz tornou-se sinal mais e sinal de multiplicar. Nós cristãos temos de pedir esta valentia que vem da fé, que vê as coisas com os olhos de Deus. Que sabe ver o dedo de Deus mesmo por trás das coisas difíceis da vida, das doenças e daquilo que muitas vezes se chamam desgraças.
A cruz é também companhia do cristão que quer cumprir o seu dever de cada dia, dar tempo à oração, ajudar os outros. No baptismo morremos com Cristo para o pecado e com Ele ressuscitámos para uma vida nova. E temos de morrer todos os dias, vencendo as nossas más inclinações, sabendo renunciar voluntariamente mesmo em coisas legítimas. O amor de Deus e dos outros manifesta-se nas pequenas renúncias de cada dia.

 

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