18 de setembro de 2016 – 25º Domingo do Tempo Comum – Ano C

A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam: convosco.

É com esta saudação, que encontramos nas cartas de S. Paulo, que o presidente da assembleia litúrgica se dirige aos presentes. Viver na graça de Deus, no amor de Deus, na alegria de Deus, deve ser a nossa preocupação máxima. A nossa salvação, a nossa felicidade está em Deus (antífona de entrada). A Ele devemos recorrer. Ele satisfará os anseios do nosso coração.

Parábola «escandalosa»

Jesus ensinou por meio de parábolas. Elas assinalam um traço característico das suas catequeses. Como bom pedagogo, toma conta de nós no ponto em que nos encontramos e progressivamente nos leva a aprofundar as verdades da fé e os preceitos da lei.

Acontece porém, que nem sempre as Suas parábolas são correctamente entendidas. Já na parábola dos operários enviados a trabalhar para a vinha (Mt 16,1) houve murmuração contra o proprietário, por parecer que esta não era justa quanto ao salário que pagavam.

Agora chegávamos a elogiar o feitor infiel. Parábola «escandalosa». Será verdade?

S. Agostinho interroga-se a si mesmo porque é que o Senhor apresenta esta parábola, e responde: Não foi porque aquele servo fosse um modelo a imitar, mas porque foi cauteloso, previdente para o futuro. Deve envergonhar-se o cristão que carece deste empenho.

O Senhor quer que ponhamos, nos assuntos da nossa vida espiritual, o empenho, o entusiasmo e a habilidade de que muitos colocam naquilo que lhes interessa, que lhes é mais intimo e querido.

Cristãos convictos e conscientes precisam-se com unidade de vida: não podem ter um tempo para Deus e outro para os negócios deste mundo. Não se pode servir a dois senhores: «a Deus e ao dinheiro» mas servir com a casa de Israel a Deus nos afazeres de cada dia «…amarás o Senhor nosso Deus com todo o teu coração» (Dt 6, 4).

O cristão não há-de apegar-se às riquezas nem por nelas o seu coração. «As riquezas são-nos estranhas porque estão fora da nossa natureza; não nascem connosco, não nos sobrevivem. Cristo, ao contrário, é nosso porque é a vida (S. Ambrósio).

Não servir ao dinheiro

«Que afã põem os homens nos seus assuntos terrenos! Ilusões de honras, ambição de riquezas, preocupações de sensualidade. Quando tu e eu pusermos o nosso afã nos assuntos da nossa alma teremos uma fé viva e operante, não haverá obstáculo que nos vença nos nossos empreendimentos de apostolado» (Caminho, 317).

«Não servir ao dinheiro porque o dinheiro corrompe. Basta ouvir ou ler as notícias que todos os dias nos chegam. Políticos, magistrados, comerciantes, administradores, industriais, empresários são os alvos preferenciais dos tentáculos venenosos do dinheiro.

Cuidado. Precisamos de rezar a ‘Ladainha do dinheiro’ – livrai-nos, Senhor, do dinheiro que escraviza, que corrompe, que leva a juramentos falsos, que encandeia, mata. Do dinheiro proveniente do roubo, do tráfico de droga, da prostituição, da indústria e do comércio da pornografia. Do dinheiro proveniente do dispensável trabalho ao domingo. Do dinheiro proveniente do comércio do sexo…» (Silva Araújo).

Para evitar tudo isto é necessário subordinar a posse, o domínio e o uso das coisas criadas ao seu uso legítimo e vantajoso.

Administradores dos bens do Senhor

Compreende-se que este mundo, dominado pelo império de Mamona será e que é obcecante, tenha dificuldade em amar, a advertência de Jesus: «não podeis servir a Deus e as riquezas». E mais: aceitar a sua palavra de ordem, procurar primeiro, o Reino de Deus e a Sua justiça… justiça, e tudo mais vos será acrescentado.

Deus, o seu reino, a sua justiça não serão coisas de outro mundo, inúteis para o progresso deste? Se muitos não se atrevem a responder afirmativamente a esta interrogação, nem por isso a sociedade amorfa, que as multidões constituem, deixar de ser Santo, construída sobre fundamentos só de matéria, sem ideias de longa trajectória que tão depressa se apagam.

Havemos de servir a Deus com o dinheiro, o prestígio profissional, com a iniciativa e a responsabilidades pessoais que o Senhor elogia com clareza ao referir-se aos filhos deste mundo.

Tudo quanto diz respeito ao bem comum, ao ensino, à defesa da vida, à família, à liberdade, à igualdade de direitos perante a lei, deve ser objectivo das nossas pregações. As leituras desta Missa, sobretudo o Evangelho, lido nas linhas e reflectido nas entrelinhas e posto em vida, levam-nos a combater as injustiças, o abuso dos mais fracos, a marginalização dos pobres e a defender os que são tratados injustamente. Os primeiros cristãos punham tudo em comum em favor dos mais pobres. E nós, o que é que vamos fazer hoje? Deus convida-nos também a partilhar.

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